06 - Charles

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Despertei. Não ousei abrir os olhos, estava com medo do que eu iria encontrar, rochas como aquela que foi lançada devia ser forte o suficiente para destruir nossas células.

Tentei imaginar ele lutando. Toda a sua provável habilidade em artes marciais e sua força enfrentando todos sozinho.

Eu não fazia o tipo "menina forte". Ouvia sons de impacto muito alto, parecia uma guerra.

Devem ter se passado cinco minutos — ou mais —, caída no chão de olhos fechados.

— Mestre Charlotte, mestra Charlotte — falava uma voz um pouco engasgada, muito grave para ser Lao, disso eu tinha certeza.

Espiei com o olho direito.

Era Angus. Fiquei impressionada ao saber que ele podia falar. Ele me olhava e continuava me chamando.

Suas asas formavam um escudo à minha volta.

Levantei-me quando vi que estava bem protegida. Angus resistia a impactos espetaculares, rochas maiores que carros eram lançadas em nossa direção. Eu tremia. Faltava coragem. Talvez eu não morresse com o impacto, mas ia doer. E não gosto de sentir dor. Eu nunca chorei por sentir uma dor física, mas já chorei por sentir uma dor interna, e dói, realmente dói.

O som de rochas se chocando, gritos, espadas. Eu estava de pé, mas totalmente desligada.

Usei minha habilidade, me imaginei conseguindo subir no ar, e consegui. Angus subiu e continuou me protegendo. De cima eu pude ver todo o campo de batalha.

O número havia diminuído, mas ainda tinha muitas pessoas para enfrentarmos.

Lao era esplêndido. Ele não lutava como eu imaginava que fizesse, ele dançava, o ar parecia se mover ao redor, contornando seu corpo. Os golpes que tocavam aqueles seres eram poderosos, pude ver porque eram lançados longe. Nem ao menos parecia que os inimigos eram tocados.

As rochas que voavam em sua direção eram partidas ao meio por seu tigre — que lutava gloriosamente ao seu lado.

Uma combinação perfeita de ataque e defesa. Ele não precisava de mim, talvez tivesse percebido que eu me senti um pouco solitária e quis me fazer companhia.

Refresquei a mente, analisei melhor o que estava acontecendo. Muitos dos soldados inimigos se jogavam sem pensar para cima de Lao, enquanto outro grupo esperava calmo no meio da multidão.

Eram os comandantes, pensei. Continha menos de vinte pessoas e todas estavam muito calmas. Moviam as mãos como se ordenando aos soldados que atacassem.

Eu ainda não ousava entrar no combate. Lao com certeza eliminaria aquele exército com o tempo.

O tempo passou e foi isso que aconteceu, só faltavam cerca de cem. Eu acho que estava esperando o dois contra dois.

Lao se posicionou diante deles e os encarou.

Eles começaram a rir, um grupo com cerca de dez pessoas foram em direção a ele, esses eram especiais, enquanto corriam moviam os braços e rochas levitavam e voavam em sua direção.

Os dez rodearam Lao por todos os lados, formando um círculo ao seu redor. Lao não ousava atacar nenhum deles, ele sabia que eram especiais.

— Vai ficar parada só assistindo? — perguntou Angus.

— Não tenho coragem o suficiente para ir ajudar. Sou fraca.

— Preste atenção. — falou ele — Se ajoelhe.

Eu desci ao solo e me ajoelhei com os dois joelhos no chão.

— Não assim, como um cavaleiro ao ser consagrado. — falou ele.

A Ordem Secreta - Histórias de Uma DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora