15 - Alma

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Quando retorne a consciência eu estava em uma sala enorme, com as paredes e teto de um branco reluzente. Não vi portas ali, se houvesse era branca como todo o resto e estava muito bem camuflada.

E lá estava ele.

Eden, sentado sem preocupação alguma.

Não havia mais ninguém me segurando, eu podia sentir minha energia, meu poder. Tentei criar algo ali dentro, sem sucesso. Não funcionava. Nero nem se manifestava.

— Não se esforce Charlotte. Não pretendemos te machucar, não agora. Não enquanto eu tiver a alma de Aline comigo.

Eu o olhei com um pingo de raiva em meu olhar.

— Como assim, a alma de Aline?

— Sabe — ele se levantou e começou a andar em minha direção — eu costumo devorar a almas que pego, você sabe, para aumentar meu tempo de vida. Mas a alma de Aline, a mulher que eu tanto amei. Não pude fazer isso, eu pretendo, mas não agora. Ela ainda pode ter alguma utilidade para mim.

Minha mãe não havia ido para o paraíso. De algum modo ela estava nas mãos daquele verme insolente.

Eu automaticamente me levantei e fechei os olhos, tentei com toda a minha força criar coisas para atacar ele, tentei chamar Angus, mas nada, nem um resquício.

— Não adianta. Eu já disse. Nessa sala magia não pode ser usada. Estas paredes retém toda a magia que sai de dentro para fora.

— O que querem comigo?

— Queremos que se junte a nós.

— Sem chance.

— Você deve ficar junto de seu pai.

— Meu pai?

Lembrei-me de ter ouvido algo sobre isso aquele dia quando minha mãe morreu. Ele havia mencionado algo sobre eu ser filha dele.

Eu nunca precisei de um pai, sempre tive Resh ao meu lado. Ele me dava carinho, era meu refúgio, me repreendia ás vezes. Ele era como um pai para mim e isso nunca seria substituído por sangue algum.

— Aline nunca te falou sobre seu pai? Você sabe alguma coisa sobre seu pai? — Ele parou diante de mim e sentou.

— Ela nunca me disse nada. E eu nem me importo em saber sobre isso. Para mim Resh é meu pai, o resto é resto.

— Mas não gostaria de conhecer ele?

— Eu quero ir embora.

Levantei-me e fui até as paredes, comecei a tatear em busca de uma porta.

— Não perca seu tempo, é impossível sair daqui. A menos que seja um de nós.

Eu olhei duvidosa.

— Acredite. É verdade.

Eles podem voar, deve haver algo no teto, pensei.

Comecei a olhar para o alto. Foi então que eu percebi. Havia duas coisas, como se fossem serpentes feitas de luz, voando sob o teto. Seria quase impossível de se ver sem que olhasse com certo foco.

— O que são aquelas coisas? — Perguntei.

— Interessante, não?

Já que eu ficaria ali até que alguém me tirasse, teria que ocupar o tempo com alguma coisa. Chamei por Lao em meus pensamentos, ele me procuraria assim que descobrisse que eu sumi.

A Ordem Secreta - Histórias de Uma DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora