O confronto

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Os alarmes ecoavam pelas ruas desertas e escuras da cidade, iluminadas apenas pelo farol dos carros de polícia que piscavam azul e vermelho. Todos já estavam em casa, provavelmente tremendo só de pensar no motivo dos alarmes estarem sendo acionados. O sol tinha se posto pouco tempo antes, pintando o céu em tons de rosa e laranja, e agora ele nos iluminava com milhares de estrelas. Estava uma noite linda demais pra querer morrer.

Eu e os outros heróis da agência íamos apressados pro lugar onde tinham acionado o alarme primeiro. Na correria metade de nós foi a pé e metade nos carros, os que não tinham individualidades que pudessem levar eles voando ou alguma coisa parecida estavam de carro e o resto, a pé.

O carro que nos levava era um Jeep, todo aberto, isso era bom já que obviamente não estávamos respeitando o limite de passageiros. Mina e kirishima sentavam nos bancos da frente enquanto eu e mais 4 heróis, duas garotas e dois caras sentávamos atrás. Isso além de Sero que tinha amarrado suas fitas no suporte acima dos bancos atrás de nós e se segurava ali.

Eles discutiam sobre qual era o melhor caminho pra entrar no lugar indicado pelo painel. O alarme tocou primeiro no lado leste da cidade, em uma fábrica de roupas abandonada. O que diabos esses vilões podiam estar fazendo lá eu não sei, mas sabia que não eram poucos deles. Pelo rádio já tínhamos ouvido a polícia e outras agências pedirem reforços e auxílio médico, a coisa não estava bonita por lá.

Minhas mãos tremiam de nervoso, era minha primeira vez indo a um chamado de emergência, estava tentando me manter calma mas nada funcionava. Eu encarava a janela aberta, deixando o vento esfriar meu rosto quando senti uma mão no meu ombro.

Sero— Vai dar tudo certo, S/n!- ele quase gritou pra que eu pudesse ouvir com tanto barulho envolta- relaxa, eu cuido de você.

Ele sorria pra mim, tentando amenizar a tensão. Por mais que tentasse disfarçar, eu conseguia ver que estava com tanto medo quanto eu. Tudo bem que ele já tinha atendido vários chamados de emergência, mas duvido que algum deles envolvesse o Deku.

S/n— Obrigada, gatinho, mas eu sei me cuidar sozinha- brinquei com ele.

Chegamos no lugar e estava só o caos. A entrada da fábrica estava toda quebrada, e o chão estava cheio de alguma coisa que parecia gelo, que foi atirado formando pontas afiadas. A parte esquerda do prédio estava queimada, com marcas de explosão que eu sabia muito bem de quem tinham vindo.

Tomara que ele esteja bem...

Bakugo e eu não tínhamos nada, mas ao mesmo tempo só de pensar em ver ele se machucar, meu coração doía. Ver o quanto Deku mexia com ele, ver ele sofrendo e prometendo que ia me proteger com a vida meio que mexeu comigo também. Talvez por ele ter esse jeito grosso só para esconder que se importava com as pessoas, eu sei lá.

Na frente da fábrica haviam ambulâncias e carros de polícia estacionados de forma desordenada. Macas no chão carregavam os heróis mais machucados, cada um com um ferimento diferente, desde queimaduras até braços amputados e cortes superficiais.

Descemos do carro e nos juntamos a outros heróis que discutiam em cima do capô de um carro de polícia, com um mapa da estrutura do prédio nas mãos.

Kirishima— Tamaki, qual a situação?- ele perguntou se dirigindo a um cara de cabelo escuro, quase roxo, ele era alto, mas não tanto quanto o Kiri, e nas suas costas duas asas marrons se retraiam, se desfazendo aos poucos.

Tamaki— Nada boa, temos pelo menos 20 vilões lá dentro, 10 de classe inferior, 5 de classe média e mais 5 dos mais perigosos. Já mandamos uns 10 dos nossos pra lá e a metade voltou com ferimentos graves - ele falava rápido e objetivo- mas agora que tem mais agências aqui vamos mandar mais 10 entrar.

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora