Onze.

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        I know they'll be coming to find me soon
        But I fear,
        I'm getting used to being held by you

        Stockholme Syndrome - One Direction

  Começa a chover quando o todo-o-terreno avança pela estrada asfaltada que bordeia a costa. Harry sente que Cara treme entre os seus braços.

        Uma mulher que se envolveu com um chefe da máfia e que disse ao governo que não queria a sua ajuda tem logicamente de estar muito assustada. Ele está a fazer tudo o que está ao seu alcance para cuidar dela, portanto, se Cara tem medo dele, é um problema dela.

        No entanto... o seu coração está demasiado acelerado. A contragosto, tenta pôr-se no seu lugar e contempla os acontecimentos da noite anterior com os seus olhos: a entrada no seu apartamento, a maneira de se apresentar e como a tirou do duche. Mas foi necessário fazê-lo assim, pois se estivesse parado para se explicar, talvez estivessem ambos mortos neste momento.

        Uma das coisas que se aprende em situações onde a sobrevivência é o principal é que há alturas em que tem de se fazer o que for necessário e preocupar-se com as consequências depois. Apoiando-se nisso, fez muitas coisas na vida de que se esqueceu imadiatamente depois.

        O todo-o-terreno passa por cima de um buraco e automaticamente abraça Cara com força.

        Ela está a chorar. Muito baixinho, mas ouve-a. Põe a mão debaixo da sua t-shirt. Ela fica tensa, mas ele começa a acariciar-lhe as costas e a murmurar-lhe palavras doces até que repara que ela relaxa um pouco sobre ele.

        Diz para si que está contente apenas porque se ele ceder tudo será mais fácil, que não tem nada a ver com o que sente ao acariciá-la.

        Quando chegam à casa, Zayn para o veículo. Ele vai saír, mas Harry diz que não se incomode.

        - Ficaremos bem. - diz ele.

        - Disse-te que não há electricidade?

        Harry desata a rir-se.

        - Mais alguma coisa? Suponho que o gerador que pedi ainda não chegou.

        - Não. Deixei velas nos quartos e umas sandes na cozinha.

        - Obrigado. Vai-te embora. Volta para casa antes que o tempo piore.

        Harry sai do carro com Cara nos braços. O veículo afasta-se e deixa-os sozinhos na escuridão.

        - Eu posso andar.

        Ele olha para ela e nos seus olhos vê o desafio que vê noutros momentos, mas a sua voz ainda treme. Está cheia de medo, porém, tenta por todos os meios não o demonstrar.

        - Estás descalça.

        - Estamos na Florida. As pessoas andam sempre descalças.

        Harry está prestes a rir quando ouve aquele tom de coragem.

        - Está bem. Sobe as escadas e espera por mim enquanto abro a porta. Ah, e nada de ideias.

        Ela vira-se para olhar para ele.

        - O quê?

       Pergunta com cautela.

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