Vinte e Um.

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        I dont know what I've done
       Or if i like what I've begun
       But someone told me to run
       And honey you know me it's all or none

        Where I stood - Missy Higgings

        Voltou para casa num tempo recorde. Já que tomou uma decisão, quer passar directamente à acção.

        Porque demorou tanto tempo?, pensa enquanto deixa o carro na garagem subterrânea do edifício. Há vários dias que sabe que ama Cara, há semanas até. Bolas, talvez saiba desde que a tirou do duche seminua.

        Sorri enquanto apanha o elevador para as águas-furtadas de luxo. Ela também o ama, tem a certeza disso. A sua maneira de olhar para ele, o modo como suspira quando ele a beija... É claro que o ama.

        E é claro que dirá que sim.

        Contudo, quer que o momento seja romântico. Dir-lhe-á que se visra e o acompanhe a uma loja. Olha para o relógio. São oito e meia. As lojas estarão abertas? Entrarão numa joalharia e pedir-lhe-á que veja os anéis. Então, ajoelhar-se-á e, à frente de toda a gente, pedir-lhe-á que seja sua esposa.

        O que deve fazer é surpreendê-la. Abre a porta sem fazer ruído e avança em bicos de pés pelo enorme hall de entrada... Ouve umas vozes que vêm da sala de estar. Harry franze o sobrolho. Acabou de deixar os seus irmãos e Ken, o seu pai, está fora de Dallas bmnuma viagem de negócios.

        Pensa em desatar a correr para a proteger, contudo, experimenta uma sensação estranha... Fala em voz baixa, num tom um pouco forçado, Cara e um homem.

        Silenciosamente, avança pelo corredor, com os seus passos abafados pela carpete. Sim, Cara está com um homem. É de meia idade, com um fato caro e uma gravata discreta. No entanto, tem algo de míserável, de mesquinho.

        - ... precisa de si, menina Mooser. - diz o homem. - Precisa de si urgentemente.

        Cara abana a cabeça.

        - Lamento muito. Diga-lhe que não vou voltar.

        - Não está a entender, menina. Ele diz que se alguma vez o amou...

        - Não vou voltar - repete Cara. - Eu sei que estou a magoá-lo, mas...

        O homem põe a mão no bolso e tira um colar de diamantes que brilham como o sol.

       - Quer que fique com ele.

       - Não. - repete ela.

        No entanto, Harry vê que hesita e mexe a mão, para depois a afastar.

        - O senhor Foster quer que fique com ele, mesmo que não vá visitá-lo.

        - Oh, Deus - Cara está a chorar. - Por favor, isto não é justo. Ele sabe que não é. Tentar-me assim...

        O homem pega na sua mão e põe-na sobre o colar.

        - O senhor Foster pede-lhe que pense no que significa este colar. Para ele. E para si.

        A sua mão treme quando põe os diamantes no peito. Baixa a cabeça. O homem espera...

        Tal como Harry.

        Uma frieza pior do que a morte assenta no silêncio, entrando-lhe no sangue, no coração.

        - Esta bem - Cara assente finalmente. - Irei consigo. Mas primeiro... tenho de deixar um bilhete.

        Então, Harry aparece na porta.

        - Não é preciso - diz, enquanto entra na sala.

        Cara vira-se para ele, com os olhos muito abertos.

        - Harry - pronuncia com um sorriso trémulo. - Tenho tanto para te contar. Tanto que devia ter-te contado...

        - Esquece - passa ao seu lado para o móvel de teca da parede - Não é necessário.

        - Sim, é! Não sei o que ouviste, mas...

        - Ouvi tudo. - bebe um gole. - Quer que voltes para ele. E tu vais - sorri novamente. - E não é de estranhar. Vendo o colar...

        - Não é o que pensas... Deixa-me explicar-te, Harry.

        - Não! - a raiva aquece-lhe o sangue como o fogo. - Não me expliques nada. Não quero que fales. Já me mentiste o suficiente.

        - Por favor, Harry...

        - E não me chames assim! - mexe-se rapidamente e agarra-a pelos pulsos. - Não se meta nisto - diz Harry ao ver que o homem se adianta. - Porque se o fizer não sairá daqui em bom estado.

        - Está tudo bem, Joseph. - diz Cara, a tremer. - A sério, está tudo bem. Por favor, espere por mim no elevador.

        Cara espera que o homem enviado por Foster enviou saia.

        - Harry - diz então. - Por favor. Se me deixares...

        - Deixar-te o quê? Mentir?

        - Não faças isto, Harry... Por favor - os seus olhos enchem-se de lágrimas.

        - Fazer o quê? Dizer-te que acabamos? Que faças as malss e voltes para o teu namorado ? - desata a rie-se. - Ia espera até domingo à noite. Esta noite falei com os meus irmãos e comecei a pensar com lógica - solta-a com um pequeno empurrão e ela cambaleia um pouco. - Tu poupaste-me o incómodo.

        - Não estás a falar a sério, Harry. Eu sei que não.

        - Estás enganada, baby. Claro que estou a falar a sério. E não olhes assim para mim - ele sorri. - És incrível na cama, sabias? O suficiente para me convenceres a trazer-te para Dallas e oferecer-te uns trapos caros...

        Ela dá-lhe uma bofetada com tanta força que ecoa nos ouvidos. Por um momento, está prestes a devolvê-la, porém, não bate em mulheres, sejam quais forem as circunstâncias.

         - Espero que ardas no inferno, canalha!

        Fala em voz baixa. Ao vê-la tremer dos pés à cabeça, o tolo sente vontade de a abraçar e dizer-lhe que...

        O que lhe iria dizer?

        Ela já não lhe é nada. Brincou com ele, mas isso acabou.

        Vê-a saír e passar à frente de Joseph, que espera no corredor. O homem de fato escuro olha para Harry como quense quisesse dizer que não vai ficar imóvel se tiverem o prazer de se encontrar novamente.

       - Quando quiser - diz Harry em voz baixa.

        O homem sorri, aponta o dedo a Harry, como se a sua mão fosse uma pistola, vira-se para o elevador privado e segue Cara para o interior.

        E, assim, Cara sai da sua vida.

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A história está a acabar :c

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