Quatorze.

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        So come on courage
        Teach me to be shy
        'Cause it's not hard to fall
        And I don't want to scare her

        Cannonball- Damien Rice

        A luz voltou voltou, portanto Cara toma um duche de água bem quente. Provavelmente, Harry também já tomou banho, porque o espelho está embaciado e o sabão, húmido.

        Ensaboa-se de cima a baixo, limpando o cheiro a sexo e a Harry.

        Ele deixou-lhe uma escova de dentes no lavatório. Não a surpreendeu.

        Um homem que faz amor com tanta perícia e habilidade tem escovas novas à mão para todas as mulheres que passam pela sua vida, do mesmo modo que tem preservativos na gaveta da mesinha.

        Tenta não pensar na primeira vez que o fizeram, porque não usaram proteção. Como é possível que não tenha pensado em tomar precauções? A resposta, é claro, era que nesse momento ela simplesmente não pensou.

        Não vê a sua roupa. No seu lugar vê uns calções de ganga e uma t-shirt. Ambas as coisas são de Harry, a julgar pelo tamanho. Tem de prender os calções com um alfinete-de-ama, que encontra no toucador e, a t-shirt chega-lhe uns centímetros acima do joelho.

        Pensa em tirar os calções até recordar que não tem cuecas. A sua imaginação faz-lhe perguntar-se como será ficar assim, apenas com a t-shirt e sabendo que estaria nua por baixo.

        Harry não saberá, se ela não lhe disser, não saberá se ela não se roçar nele algumas vezes, ou se não se baixar para apanhar alguma coisa do chão...

        Num segundo, sente uma suavidade, uma tensão no seu sexo que lhe diz que está pronta para ação. Para Harry. Para o sentir dentro dela.

        Cara franze o sobrolho, respia fundo e desce as escadas.

        A casa é linda, grande e antiga. Nos tectos altos há ventiladores e tapetes coloridos de seda sobre o chão de parqué. Os móveis escandinavos, cujo estilo moderno são em parte oposto ao dos tapetes antigos e outros elementos, concordam na perfeição com tudo o resto.

        No entanto, parece faltar alguma coisa, talvez um toque pessoal. Parece que ninguém vive ali.

        - Aqui não vive ninguém.

        Cara vira-se e ver Harry sob o arco da sala. Veste também uns calções de ganga e sandálias, além de uma t-shirt descolorida dos Dallas Cowboys com as mangas cortadas. 

        Custa-lhe sorrir, mas consegue esboçar um sorriso tímido.

        - Disse-o em voz alta...?

       - Sim, e tens razão. Aqui não vive ninguém.

       Ela assente, contente por estarem a falar com alguma normalidade.

        - Ah - diz ela alegremente. - Suponho que ontem à noite não te entendi.

        Ele sorri um pouco.

        - Bom, acho que ontem à noite me entendeste na perfeição.

        - Queria dizer - disse com cautela - que pensava que tinhas dito que esta é a tua casa.

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