Prólogo.

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I wanna be your vacuum cleaner
Breathing in your dust
I wanna be your Ford Cortina
I won't ever rust
If you like your coffee hot
Let me be your coffee pot
You call the shots babe
I just wanna be yours

Artic Monkeys - I wanna be yours

É um homem forte, com um metro e oitenta de estatura e está muito, muito zangado. Tem o cabelo castanho como o chocolate. As maçãs do rosto da sua mãe e o queixo pontiagudo como o do pai. Neste momento, a bravura da família materna corre-lhe pelas veias.

Está de pé, no meio de um quarto onde a escuridão é interrompida pela luz do dia. As sombras fogem para os cantos, dando ao espaço uma frieza tóxica, e o sussurrar do vento entre as árvores no exterior da casa junta-se à sensação de desassossêgo.

Os movimentos inquietos da mulher que dorme na grande cama com dossel são fruto de tudo isso.
Está sozinha, a mulher que ele pensa amar. Aquela que ele conhece. Conhece intimamente.

A delicadeza do seu cheiro, como um sussurro de rosa brancas na Primavera, está gravada na sua mente, assim como o seu cabelo castanho dourado deslizando sobre a pele e o sabor dos seus mamilos, quentes e doces, na sua língua.

Apertou o queixo. Ah, sim. Conhece-a. Pelo menos é isso que ele pensa.

Passam alguns minutos. A mulher murmura algo em sonhos e mexe a cabeça com agitação de um lado para o outro. Estará a sonhar com ele? Com a forma como brincou com ele?

Mais uma razão para estar ali nesta noite.

Superação do conflito. As palavras dos psiquiatras do século XXI que não têm a mínima ideia do que na verdade significa.

Harry, sim. Fechará este capítulo quando tornar sua a mulher que está naquela cama uma última vez. Quer possuí-la, para que veja que não significa nada para ele, que fazer sexo é uma libertação física e nada mais.

Houveram dúzias de mulheres antes dela e haverão outras tantas depois. Nada dela ou no que fizeram nos braços um do outro, será memorável.

Harry inclina-se sobre a cama. Agarra a ponta do edredão que a cobre e afasta-o.

Ela tem um curto pijama de seda. Ele adora seda. E bem... ele também. Gosta do toque do tecido e da forma como deslizou sobre a sua pele todas aquelas vezes em que fizeram amor.

Observa-a. Não pode negar que ela é linda. Tem um corpo magnífico. Longo e formado. Concebido para o sexo.

Ele adivinha a forma dos seus seios sob o tecido fino, arredondados como maçãs, coroados com mamilos pálidos e tão sensíveis ao toque que sabe que, se baixar a língua e passar a ponta da língua pela sua consistência delicada, arrancaria da sua garganta um gemido profundo.

Desce o olhar um pouco mais, até ao centro do seu prazer. Harry recorda os gemidos que ela emitiu quando ele a acariciou, com a ponta dos dedos e com a boca, procurando o segredo que o esperava.

Mentira. Tudo mentira. Não se surpreende. É uma mulher que adora livros e as suas fantasias.

Mas ele é um guerreiro e a sua sobrevivência apoia-se na realidade. Como pode ter-se esquecido disso?

E como é possível que ele o excite apenas olhando para ela? O facto de ainda a desejar aborrece-o muito.

Disse para si que era normal, que é simplesmente natural.

E talvez seja isso que tem de fazer. Será um último encontro, sobretudo naquela cama. Uma última vez para a saborear, para se afundar entre as suas coxas suaves. Sem dúvida que isso vai acalmar a sua raiva.

Chegou o momento, diz a si mesmo enquanto lhe toca os mamilos.

- Cara.

A sua voz é tensa. Ela queixa-se em sonhos, mas não acorda. Ele repete o seu nome e toca-lhe outra vez. A rapariga abre os olhos e ele viu o pânico repentino no seu olhar.

Antes que ela possa gritar, ele tira a máscara preta para que Cara possa ver o seu rosto.

A expressão de pânico dá lugar a algo que ele não consegue explicar.

- Harry? - sussurra ela.

- Sim, querida.

- Mas... como entraste?

O seu sorriso foi calmo e arrepiante.

- Achas realmente que este sistema de segurança que iria impedir de entrar?

Ela parece aperceber-se nesse momento de que está quase nua. Ia tapar-se, mas ele abana a cabeça.

- Não vais precisar disso.

- Harry, sei que estás zangado.

- É assim que achas que estou? - sorri com a mesma expressão que aterrorizou muitas pessoas muito tempo antes. - Tira o pijama.

- Não! Harry, por favor. Não podes.

Ele inclina-se, pousa os seus lábios sobre os dela e beija-a grosseiramente, apesar de ela lutar. Então, pôs a mão no decote da fina camisola de pijama e arranca-a.

- Estás enganada. - diz ele. - Esta noite posso fazer o que quiser, Cara. E prometo-te que o farei.

✝ Mission ✝ | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora