Dois.

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I don't even know myself at all

I thought would be happy by now

But the more I try to push it, I realize

Gotta let go of control

Last hope – Paramore

        Harry volta para o aeroporto com o seu Audi, deixa-o no local de aluguer e reserva um lugar no avião para Nova Iorque.

        Qualquer coisa é melhor do que passar mais horas a respirar o ar de um cidade onde os políticos beijam os bebés enquanto as agências de segurança que eles mesmos patrocinam planeiam assassinatos levados a cabo por homens frios que vivem na sombra.

        Ele sabe que acontece o mesmo em muitos outros países do mundo, mas não é por isso que lhe custa menos a aceitá-lo.

        Tem quase um hora antes da viagem. Harry senta-se na sala de embarque de primeira classe enquanto folheia um jornal desportivo.

        Uma das hospedeiras serve-lhe um bourbon duplo e uma morena que está à sua frente, levanta o olhar do seu exemplar de Vanity Fair, baixa-o e volta a levantá-lo.

        O seu sorriso é o orgulho de qualquer dentista.

        De algum modo, a mini-saia do seu fato Armani sobe mais alguns centímetros. Harry não se importa. A mulher tem umas pernas lindas.

        Pensando bem, tudo nela é lindo.

Quando ela lhe sorri pela segunda vez, ele agarra no copo, atravessa a sala e senta-se ao seu lado. Em poucos minutos ele fica a saber muitos coisas sobre ela. Na verdade, sabe tudo o que um homem precisa de saber, incluindo que vive em Austin. Não muito longe de Dallas.

        E claro, ela tem interesse.

        Contudo, todos os sorrisos que Harry lhe lança não são verdadeiros. Talvez seja devido à reunião com o diretor, ou por estar de volta a New Iorque. Estar ali desperta muitas lembranças, a maioria não desejada, sobretudo do jovem e inocente que era quando fez o juramento na Agência.

        Ninguém lhe disse que palavras como «servir» e «honra» poderiam corremper e roubar a alma de um homem.

          A sua obrigação com a Agência acabou no dia em que a deixou. Além disso, pelo que Shaw disse, aquele assunto não tem nada a ver com defender ou servir o país.

        Tem a ver com um família mafiosa e uma testemunha. Uma testemunha que corre risco de vida.

        A morena inclina-se para ele, diz-lhe algo e sorri. Harry não ouviu nem um palavra do que ela lhe disse, mas devolve-lhe o sorriso.

        Shaw nunca foi dado a exagero. Utiliza as palavras como as que utilizou com ele apenas quando correspondem à verdade.

        Bolas! Devia ter dado ouvidos ao Louis e ao Niall – amigos e irmãos adotivos. Tinham jantado juntos na casa do comandante Ken, seu pai de adoção, também. As coisas mudaram em relação a Ken com os rapazes e a única coisa necessária para o conseguir, recorda ele com pesar, foi que Louis estivesse prestes a morrer e que Niall se envolvesse num tiroteio.

        As suas cunhadas tinham ido para a cozinha preparar o café e as sobremesas. Os seus irmãos e ele estavam num momento de brincadeira com a participação do seu pai, até que Harry mencionou que o diretor o tinha chamado.

✝ Mission ✝ | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora