Cinco.

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        'Cos you break me
        You num me
        You still seem to stun me
        This pain has outrun me
        You're all I have left

        You Break Me - Ed Sheeran

 ✝

        Harry não quis respirar até que ouviu a porta do biombo do duche a fechar-se.

        Deus, foi por pouco!

        O seu plano foi dar uma vista de olhos ao sítio onde vive a amante de Eric Foster. Certamente, não foi sua intenção que ela o descobrisse ali e ver-se obrigado a apresentar-se.

        Tencionava aproximar-se dela num lugar público. Na livraria. Na loja de alimentação. É mais lógico e provável que ela não perca a calma num sítio onde haja muita gente à volta.

        As mulheres são assim; passivas de maneira inata. É a sua fraqueza. Viu os instrutores a esforçarem-se ao máximo para que elas esquecessem as boas maneiras. Diz-lhes sempre que se não gostam do aspecto de alguém devem gritar, alvoraçar o mais possível. Fazer ruído, muito ruído.

        As mulheres do programa de formação de agentes secretos acabaram por entender. Contudo, para as mulheres cívis é difícil, já que foram educadas para se comportarem com urbanidade e a ideia de chamar a atenção é difícil para elas. É uma tolice, mas é o que acontece.

        E isso é um ponto de vantagem para ele.

        Cara Mooser não fará um escândalo se ele se aproximar dela devidamente. Portanto, seguirá o seu plano. Afinal de contas, nada mudou. Ela não o viu. Ele pensou que que tinha sido descoberto quando parou à frente do armário, tão perto que sentiu o cheiro do perfume dela.

        Definitivamente, um cheiro a rosas, suave e feminino.

        Também o seu aspecto é suave, feminino e incrivelmente sexy, a passear pelo apartamento como imagininou, com o seu sutiã de renda e as cuecas de cor creme, acentuadas com o dourado da sua pele. Não tem saltos de agulha, mas de qualquer modod é excitante.

        A única coisa que tem de fazer é saír do armário... Tal como está a fazer neste momento.

        Ela deixou a porta da casa de banho entreaberta. Harry olha para o duche e vê o vidro embaciado, translúcido mas não transparente, e através do vidro, a silhueta do seu corpo. Vê os braços levantados, a curva dos seus seios, o corpo graciosamente arqueado.

        Ele franze o sobreolho, desvia o olhar da porta da casa de banho e avança silenciosamente para a porta da entrada, onde faz uma pausa. Pelo menos verificará se os telefones estão sob escuta. Tem tempo suficiente.

        Trabalhando em silêncio, tira uma navalha, desaperta alguns parafusos na base do primeiro telefone e...

        Bolas, um microfone!

        Volta a montar o telefone e passa ao seguinte, onde encontra outro microfone. Enquanto o monta, ouve um trovão sobre a sua cabeça, com um rugido tão potente como o de um comboio de mercadorias.

        Trovões em Novembro?, pensa enquanto olha para o céu justamente quando um relâmpago o atravessa e ilumina um objecto pequeno num canto da larabóia.

        Há algo ali que certamente está deslocado. Harry agarra numa cadeira, pôe-na sob a clarabóia e sobe. Não serve de nada. Mede mais de um metro e oitenta, porém, mesmo em cima da cadeira não alcança a clarabóia.

✝ Mission ✝ | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora