Amizade

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— Então — Chris começa — desembucha porque você está com essa cara como se a alma estivesse vagando pelas ruas da cidade buscando respostas para perguntas inexistentes — olho para ele e ele dá risada.

— Idiota — suspiro — só estou pensando se fiz a coisa certa — olho para fora do restaurante e penso em como ele ficou depois disso — eu não estou arrependida, mas agora penso se foi certo fazer neste momento, sabe?

— Ainda te perguntei se você realmente queria fazer isso, você falou que sim, agora não tem mais volta — suspiro e ele pega minha mão — se te tranquiliza, depois de ver como ele reagiu, tenho certeza que foi a melhor decisão. Espero que ele perceba que só fazemos isso porque pensamos nele.

— Zabdiel é muito rancoroso, isso me assusta as vezes, todos os meus deslizes ele vai lembrar para sempre e toda vida que discutimos ele vai trazer a tona. É sempre assim, chega a ser cansativo.

— Zabdiel assumiu muita coisa desde muito cedo — ele dá risada — sabia que ele queria ser cantor quando mais novo? — Olho surpresa para ele.

— Não, não sabia, mas não me surpreende, ele não me conta muito sobre o passado dele — fico pensando em como deve ser a voz dele cantando — mas me conta isso direito, ele chegou a tentar?

— Naquela época o pai dele tinha deixado claro para ele que o futuro dele seria comandar a empresa — ele sorri e me encanto porque raramente vejo um sorriso verdadeiro de Chris. Explico depois porque. — Eu tocava violão, ele piano e teclado, dois bobocas brincando de fazer música — dou risada. — Não durou muito, quando o pai dele descobriu acabamos nos metendo em problemas, ou ele parava com o que o pai dele chamava de loucura ou iria separar nós dois, éramos novos, amigos demais, não queríamos deixar um ao outro. — Ele suspira.

— A amizade de vocês sempre foi assim importante, quer dizer, tão forte?

— Sempre, Zabdiel e eu somos amigos, na verdade irmãos desde crianças. Você já sabe disso, eu cheguei a ter várias brigas com ele — ele dá risada — ele sempre gostava da menina que eu gostava, e claro, ele era mais bonito naquela época, então sempre conseguia ficar com elas. — Ele me olha — mas ele sempre foi uma irmão para mim, não sei se ainda continua da mesma forma.

— Claro que continua — seguro sua mão — você já fez tanto por nós dois, por mim, por ele. Não acredito que ele não consiga enxergar que faz tudo por ele. A amizade de vocês é algo bonito e raro Chris, nunca duvide disso.

— Você é irritante garota — damos risada — mas eu meio que amo muito você — ele fala sorrindo e eu meio que congelo porque faz dias que não ouço isso — que foi menina, você ficou branca do nada.

— Também amo muito você pirralho — fungo — só me pegou de surpresa, fazia dias que eu não ouvia isso — ele alisa minha mão.

— As coisas não estão fáceis desde que vocês voltaram, não é? — Assunto.

— Distância, frieza, é tudo que ele me oferece desde que voltamos — meus olhos lacrimejam — eu sei que não mandamos ninguém morrer e nem sabemos quando alguém se vai, mas tinha que nos deixar justamente nesse momento — uma lágrima escorre em minha bochecha — eu sinto a falta de seu Carlos, mas sinto falta do meu Zabdiel.

Ele se levanta da cadeira a minha frente e se senta ao meu lado e me abraça.

— Chega de chorar vai, eu te trouxe justamente para comermos e esquecermos um pouco disso antes de começarmos a ter verdadeiras dores de cabeça.

— Não me diga que vai ser sobre a empresa — ele me solta.

— Sim, te digo, e ainda digo mais, é hora de se preparar para verdadeira guerra, com a o escorpião e a cascavel juntos, a paz naquela empresa acabou definitivamente! — Dou risada.

Ele me entrega um lenço e eu limpo meus olhos e o nariz.

— Não me lembre que aquela bruxa e aquele palhaço vão infernizar minha vida a partir de agora — gemo de dor.

— Eu estive pensando em umas coisas — olho para ele e percebo uma malícia.

— No que você está pensando?

— Digamos que eu não tinha a liberdade que eu tenho agora para fazer o que eu queria.

— E quem te deu toda essa liberdade Christopher? — Cerro meus olhos para ele.

— Achei que como seu servo e conselheiro mestre eu tivesse o poder de executar o que eu quisesse — dou risada.

— Seu ego as vezes é maior que você sabia? Mas não vou vetar suas decisões, esteja a vontade para fazer o que quiser com eles dois.

— Nossa, você é realmente a mulher perfeita — sinto minhas bochechas esquentarem — tem muito mais de onde esse veio, se acostume.

Dou risada e fazemos nossos pedidos para comer.

Tomamos café conversando sobre a história quase de cantor de Chris e dei muita risada quando ele disse que depois que começou a tocar violão e mudou o estilo muitas meninas procuravam por ele.

Ele me falou que Zabdiel toca piano lindamente e a voz dele é incrível. Me pergunto se em algum momento da nossa vida eu poderei presenciar algo assim.

— Então quer dizer que ele nunca mais tocou ou cantou? — Questiono quando entramos no carro novamente.

— Se tocou ou cantou eu não fiquei sabendo, eu de vez em quando ainda toco um pouco quando estou sozinho. — Ele liga o carro e iniciamos o percurso para voltar a empresa.

Ligo o rádio e de repente começa a tocar Rompecorazones de Dulce María. E eu começo a cantarolar.

E uma ideia me bate.

— Chris, canta para mim — ele me olha atônito — sério, eu quero ouvir sua voz.

— De onde você tirou essa ideia louca do nada?

— Você falou que cantava, quero ouvir sua voz já que sei que nunca vou ouvir a de Zabdiel, anda vai — pego em seu braço — a presidente está ordenando! E além do mais eu mereço, vai!

— Meu Deus — ele suspira — tá bom, tá bom!

Ele conecta o celular no som do carro e a música Sirena invade o carro, ele coloca mais baixo e começa a cantar.

— Para ahogar esta pena, buscaré una sirena. Imaginando de esos besos tuyos, porque no tengo de esos besos tuyos — me surpreendo com a voz doce e afinada que sai de sua boca — Te encontraré, aunque sé bien que si no hay otra voy a buscarte en otra boca y al final te encontraré. — Me arrepio inteira com sua voz doce e masculina.

— Chris, meu Deus! Sua voz é linda! — Ele sorri e vejo suas bochechas ficarem vermelhas. — É sério, você poderia ser facinho um cantor de sucesso!

— Você é muito exagerada — ele dá risada quando para em frente a empresa.

— Eu não estou puxando teu saco seu besta! — Bato em seu braço — se você tivesse decidido cantar, teria sido um sucesso mundial! Você tem tudo para ser um astro, tem talento, é bonito, educado... — Ele me interrompe.

— Então quer dizer que você me acha bonito? — Ele me olha com um sorrisinho e eu me sinto envergonhada de ter dito isso em voz alta.

— Não seja convencido! — Abro a porta do carro e desço.

— Mas quem disse que eu era bonito foi você! — Ele grita ao sai do carro e correr para me acompanhar. — Você não pode se culpar por dizer a verdade. — Ele dá risada e eu certo meus olhos quando entramos no elevador.

— Estou começando a reconsiderar o fato de você ser meu conselheiro mestre.

O elevador se abre e seguimos para minha sala com os olhares todos voltados para mim e cobertos de medo.

Todos já devem estar sabendo.

Eu e Chris entramos na minha sala dando risada, mas murchando automaticamente quando vemos quem está nos esperando.

— Como está senhora de Jesús?

O inferno começou.

Love Action - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora