O sacrifício

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Queremos os dois aqui, dentro de meia hora ou elas duas morrem.

Meu corpo está frio, eu não sei se sinto medo pela mãe de Christopher, ou se realmente o fato de que a mulher que me deu a vida está com os instantes contados porque eu me envolvi no meio de uma guerra de poder machista e idiota que até agora só me trouxe problemas.

A mulher na foto, assustada e com medo de perder a vida, minha mãe.

Eu tirei a vida da minha mãe.

E a da mãe de Christopher, meu Deus.

Tudo na minha cabeça grita "assassina". E eu realmente começo a me perguntar onde foi que eu cheguei, o que eu me tornei.

Eu bati em alguém, eu ameacei alguém de morte. Não me reconheço, é como se meu mundo, meus sonhos, tudo tivesse sido mudado, arrancado de mim, porque agora parece que minha vida está apenas voltada para alguém, como se mais nada do que eu quisesse importasse. Esqueci meus princípios, a menina que era cheia de sonhos, o que eu realmente queria da minha vida. O que aconteceu comigo no meio do caminho, essa não sou eu.

De repente me bate uma vontade incontrolável de chorar, não somente pelas duas pessoas que estão correndo risco de vida, por Zabdiel, por Christopher, por seu Carlos, todos parecem estar escorregando da minha mão.

Meu Deus, meu pai!

Ligo diretamente para seu celular.

— Atende papai — depois de muitos toques, que quase me tiraram o sopro de vida, ele atende.

— Oi filha.

— Graças a Deus, onde o senhor está? Está bem?

— Estou em casa minha querida, estou bem, o que está acontecendo Emily? Você parece assustada, o que foi filha?

— Nada papai, só tive um pressentimento ruim, eu só queria saber como o senhor estava — odeio mentir para ele, mas nessas circunstancias.

— Tem certeza?

— Tenho papai — avisto Chris vindo na minha direção — tenha cuidado, não saia de casa sozinho, estamos lidando com muita agora, depois explico tudo melhor a você, te amo papai. — Não lhe dou tempo para responder e desligo o celular.

— Vamos? — Chris me toca o ombro e eu acordo da visão mórbida da vida que acabou de passar pelos meus olhos. — Você está bem? — Nego. — O que foi? Está sentindo alguma coisa? — Nego novamente.

Mostro a foto a ele e não sei se o que está passando em sua cara é medo, raiva ou o simples fato de que ele está despertando instintos assassinos que ele nem sabia que tinha dentro de si.

— Chris — seguro seu pulso — não podemos contar a ninguém, temos que arrumar outro jeito de tirar elas de lá.

— Vá e encontre com Erick, eu vou atrás deles — ele toma meu celular — não conte nada a ele — puxo seu braço.

— Não vou participar e encobrir sua morte ou a morte de mais duas pessoas! — Gritei alto demais, só me dou conta disso depois. — Eu vou com você, e mesmo que não quisesse, eles querem nós dois lá. — Tomo o celular — a cada minuto que passo com você, percebo que você e Zabdiel foram separados na maternidade.

Entro no carro e depois de alguns minutos ele adentra. Recebemos o endereço enquanto íamos para o apartamento de Chris, ele me disse que iria passar lá para buscar uma coisa, e eu não quero imaginar o que seja porque eu tenho quase certeza que sei o que é. Não quero pensar isso dele.

Eu estou morrendo de medo do que pode acontecer, e no pior cenário desenvolvido pela minha mente mórbida é que eles possam matar nos quatro, Noah fica com a empresa e Zabdiel mofa na cadeia por um crime que ele não cometeu.

Love Action - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora