Uma vida por outra

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Parece que tudo que aconteceu foi um pesadelo.

Tudo passou muito rápido, a ambulância chegando, o corpo da minha mãe sendo carregado dentro de um saco plástico.

Christopher resolvendo as coisas com os policiais, a correria, o choro da mãe de Chris ao contar como tudo aconteceu, como ela foi sequestrada.

Eu não sei o que aconteceu comigo, eu esfriei, meu corpo inteiro ficou paralisado, era como sentir tudo, mas ao mesmo tempo eu não estava sentindo nada. Meu subconsciente queria acreditar que nada do que eu vivenciei hoje realmente aconteceu.

O cheiro de álcool, as perguntas, o cheiro de hospital dentro da ambulância, os paramédicos checando se estava tudo bem comigo, tudo não passava de flashs aos meus olhos, não conseguia estar ali presente de verdade naquele momento.

Eu só conseguia enxergar o corpo da minha mãe, suas últimas palavras para mim, me pedindo perdão, sangrando nas minhas mãos.

O sangue agora seco está preso nas palmas das minhas mãos e manchando minha roupa.

Olho para Christopher enquanto ele fala com Erick que chegou a pouco tempo, todos estão bem, menos minha mãe.

Minha mãe, a quanto tempo não falava isso em relação a ela? Tudo que passei com Zabdiel, encontrei o amor pela insistência dela, e eu não tive tempo de agradecer, infelizmente.

Me perdoe mamãe.

— Sinto muito pela sua perda Emily — Erick se aproxima de mim e eu levanto meu olhar parar ele, que parece sentir pena de mim.

Chris se posiciona do meu lado e segura minha mão.

— Quanto tempo até ele ser pego? — Questiono querendo e desejando com todas as forças universais que ele sofra, que seja preso, que perca tudo que mais deseja!

— Hoje mesmo estamos expedindo o mandato de busca e prisão de Noah Davis. Prometo que faremos o que for possível e impossível para que ele pague por isso. Temos provas suficientes, especialmente as digitais por todo o galpão. — Ele toca meu ombro tentando me confortar.

— Eu quero ir para casa Chris — me levanto — temos o velório e o enterro para preparar, e ainda preciso contar ao meu pai — um nó se forma na minha garganta quando penso no meu pobre pai.

— Claro, vamos embora — ele me abraça pelos ombros e saímos em direção ao carro.

O caminho inteiro eu fico muda, não quero sentir agora, não quero que a tristeza me domine, quero sentir a raiva, quero sentir o ódio, a força de querer ele morto, querer que ele sangue como minha mãe sangrou.

Saimos do carro e eu decido tomar um banho para ir ver meu pai.

— Preciso ir ver meu pai — digo quando estamos no elevador.

— Tudo bem — ele segura minha mão — vamos tomar um banho e vamos conversar com ele.

Entro no apartamento, tomo um banho e visto uma calça jeans preta e uma camisa preta.

Estou oficialmente de luto.

Chris está lindo de terno todo preto, sei que no fundo, em seus olhos, ele se sente culpado pelo o que aconteceu. Vou até ele e lhe dou um abraço.

— Não precisa se culpar pelo o que aconteceu, não tínhamos nada o que fazer. — Acaricio suas costas e ele me abraça forte e beija minha cabeça.

— Salvou a vida da minha mãe, me desculpe pôr não ter conseguido fazer o mesmo por você, eu queria ter salvado ela. — Me desvencilho dele.

— Algumas coisas são predestinadas a acontecer — suspiro — minha mãe me deu a chance de viver, ela se foi por minha causa, e eu vou ser eternamente grata a ela pela segunda oportunidade de vida que ela me deu.

Love Action - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora