Amor duplo

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— Filha — irônico ela ainda conseguir me chamar assim — ultimamente eu tenho pensado muito em tudo o que eu ouvi de você, Zabdiel e também do seu pai — então ela tem consciência? — Eu acho que eu lhe devo um pedido de perdão. — Fixo meu olhar em seu rosto que apesar de muito maquiado parece ter arrependimento sincero.

— Mãe, eu já estou rodeada de mentiras, não precisa me falar coisas bonitas, nem dizer que está arrependida de tudo que você me disse, para que no final, você faça novamente tudo o que eu espero de você — respiro fundo — que na verdade é sempre algo ruim.

— Eu sei que errei diversas vezes, eu sei que não fui uma boa mãe — tomo um gole da limonada — eu também sei que você só está passando por tudo isso porque eu e seu pai te metemos nisso, mas...

— Meu pai me deu a liberdade de continuar com isso ou deixar para trás — a olho — no fundo, no começo, eu só aceitei isso tudo por causa de vocês dois, mas você se mostrou a pessoa mais ingrata da face da terra mamãe. Não culpo meu pai pelo o que eu estou vivendo, talvez um pouco da culpa seja sua, sim, por não ter defendido a única filha, mas em primeiro lugar eu me culpo por ter aceitado e chegado ao ponto que cheguei. — Me levanto da cadeira — mas não tente me pedir perdão com palavras, porque assim como dizem, as palavras ao vento são esquecidas, não existem valor. Se quer mesmo meu perdão, demonstre com atitudes e ações que me façam acreditar que a senhora não fará novamente tudo que fez.

— Eu sei que é difícil acreditar, mas preciso que acredite dessa vez, por favor minha filha — ela se aproxima de mim com o olhar cheio de medo e segura minha mão — por favor, acredite em mim, fique aqui comigo e seu pai. Você não precisa passar por isso que está passando, podemos ir embora se quiser, você pode realizar seu sonho de estudar na Espanha, nós iremos dar um jeito. Só quero que voltemos a ser uma família.

Minha mãe não é o tipo de pessoa que tem medo de alguma coisa, e todas essas palavras dela, desespero, medo, é somente o que ela consegue passa para mim.

— Eu não sei o que está assustando a senhora, nem te fazendo ter essa atitude agora — puxo minha mão — mas eu sei que não vai me convencer com palavras bonitas Sarah, sinto muito. — Me viro para sair — seja lá o que esteja acontecendo — respiro fundo sabendo que vou me arrepender — as portas da minha casa e meu telefone está aberto para termos uma conversa, se precisar de ajuda.

— Obrigado minha filha. — Sigo para o escritório do meu pai.

O que estará assustando ela assim? Porque essa atitude do nada.

Já tenho problemas demais para me preocupar com mais um e ainda mais vindo de quem. Só espero que isso não afete meu pai.

— O que queria me mostrar papai? — Entro no escritório e o encontro mexendo em papéis, algumas coisas nunca mudam.

— Eu trabalhei por muito tempo para deixar algo para você e Victor quando eu morresse.

— Não fala essas coisas pai — eu abraço ele — o senhor tem que viver muitos anos ainda, você não quer curtir seus netos? — Nem sei porque eu falei isso, não sei nem se meu casamento vai continuar, quanto mais ter filhos.

— Claro filha, claro que sim, mas também quero garantir de que deixarei algo para eles, então está aqui, é um presente — ele me entrega um pequeno envelope — invista como quiser, é tudo que temos, não contei a sua mãe, mas jamais deixaria você desamparada, ou até mesmo ela.

Abro o envelope e encontro um cheque em um valor absurdo.

— Pai, como conseguiu esse dinheiro?

— Anos e anos de apostas, acumulo de dinheiro, algo destinado exatamente para você e seu irmão.

— Pai, com esse dinheiro poderia ter salvado a empresa da nossa família e eu não precisaria ter passado por tudo isso — jogo o envelope na mesa e me sento frustrada.

Love Action - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora