Um último adeus, papai.

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Ele não chorou em momento nenhum, desde quando chegamos.

Olhar para ele dói mais que olhar para a mãe dele, debruçada sobre o caixão, chorando e rogando a Deus pela volta a vida de seu amor.

Eu já sentia uma coisa sombria nessa casa, agora com todas essas pessoas vestidas de preto, o cheiro terrível de rosas, velas e formol me deixam sufocada.

Zabdiel virou monossilábico, eu não consigo entrar, eu sei que ele está sofrendo, mas ele não me deixa sentir com ele. Ele não me deixa cuidar dele.

Ele está no automático, o olhar distante de mim e de todos aqui nessa sala. Ele cumprimenta as pessoas sério, e com o olhar para longe das pessoas.

— Noemi — saio do lado de Zabdiel por um instante e vou até minha sogra — precisa descansar um pouco, pelo menos até o enterro. Por favor, vamos deitar um pouco?

— Como eu posso dormir? Com o meu companheiro de sono preso nessa coisa — ela funga, seus olhos e rosto inchados.

O ar de dor, partida está me deixando sem ar.

Parece que estou novamente no velório do meu irmão.

— Ele tinha muitos defeitos sabe Emily — acordo do meu devaneio — mas ele me amava e ao Zabdi, amava a vida, amava comandar o mundo que ele dizia que tinha ajudado a construir — ela chora — ele foi cedo, sem querer e com medo. — Abraço ela e a tiro de perto do caixão.

Ele não mudou muito. Parece estar dormindo profundamente.

Desde que chegamos, Zabdiel não teve coragem de olhar, ou chegar perto do caixão.

Sento dona Noemi no sofá, pego um copo de água e um calmante e lhe entrego.

— Tome isso, vai ajudar a lhe acalmar um pouco dona Noemi — limpando o nariz no lenço, ela pega o copo e toma o comprimido.

— Eu sinto muito minha menina — aliso seu braço.

— Como assim? Sente muito pelo o que?

— Por ter atrapalhado a viagem de vocês — ela olha para o caixão — ele não queria ir nesse momento — ela sorri — ele queria passar a empresa formalmente para o Zabdi, queria receber vocês dois na volta. — Meus olhos se enchem de lágrimas.

Pobre seu Carlos.

Que Deus o tenha em seu devido descanso.

— Não se preocupe com isso dona Noemi — abraço ela — não escolhemos quando vamos partir, simplesmente quando a hora chega, Deus sabe que é o melhor.

Nesse momento Zabdiel passa como um foguete por nós duas, saindo e quase correndo para o jardim.

— Ah minha filha, vai atrás dele, não está sendo fácil para ele aceitar isso.

— Não está sendo para nenhum de nós dona Noemi.

Suspirando, levo dona Noemi primeiramente para o quarto e depois vou atrás da pedra que se tornou ele.

Peguei ele em pé, visando o tempo quente que estava sendo aquele dia. O que é totalmente contraditório, já que o dia de hoje era para estar chuvoso e frio.

— Zabdiel — me aproximo. Zero respostas — fiz sua mãe deitar um pouco antes do enterro, não quer tentar fazer o mesmo? Você não dormiu desde que voltamos ontem, descanse um pouco e eu cuido de tudo.

Nada de respostas.

— Acha que seu irmão morreu porque Deus quis? — A grande estátua parada de costas para mim resolveu abrir a boca. — Você conseguiu dormir no dia do enterro do seu irmão?

Love Action - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora