3.

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Como meu café da manhã apressada. Meu pai ainda terminava de se servir quando levanto e lhe dou um beijo na bochecha me despedindo rapidamente.

— Agatha, pra quê tanta pressa? Ainda não passa das sete. — reclamou.

— Tenho um trabalho pra apresentar hoje e quero estudar mais um pouco na biblioteca antes da aula começar. — minto, me sentindo uma idiota.

— Chegue cedo, hoje. Acha que pode me ajudar com um dos carros? É um daqueles de madame que são todos frescos. — morde sua torrada com determinação.

— Posso. Tenho mais paciência que o senhor. — brinco. Ele não discute. Sabe que é a verdade — O dono vem pegar hoje à tarde? — indago, colocando alguns papéis importantes dentro da mochila.

— O filho da dona vem, parece que o carro é dele ou sei lá. É por volta das três. — assinto, me lembrando mentalmente das horas que deveria estar em casa hoje.

Me despeço correndo para o ponto de ônibus. A verdade é que Luca entrega os livros alugados pra biblioteca toda sexta-feira. Ele devolve os que pegou na segunda anterior, e aluga novos pro fim de semana. Luca ama ler pelo que eu sei, já o vi ler todo tipo de gênero literário, até os mais chatos como filosofia e daqueles com nomes de autores difíceis de pronunciar.

Confesso que já aluguei alguns desses pra entender, mas perdi a paciência. Prefiro minhas fantasias e romances bregas de qualquer forma. Mesmo assim, eu amo saber que ele tem um gosto extenso por leitura, e isso o deixa cada vez mais atraente.

Me pergunto como alguém pode ler tantos livros e ainda ter tempo pra participar dos treinos de futebol e ficar bonito todos os dias.

☀︎︎

Entro na biblioteca silenciosamente pegando um livro qualquer na instante. Finjo ler enquanto observava ao redor do biblioteca a procura de Luca, até que o encontro nos fundos da instante como sempre fica. Está sentado no chão apoiando os pés na parede próxima enquanto mergulhava no livro da vez.

Dou um jeito de me agachar atrás de uma estante próxima, em um canto que não fica visível pra ninguém que passasse, porém me dá uma bela visão do garoto por quem tenho uma paixonite tremenda há alguns anos.

Nunca tive coragem de chegar e conversar com ele todo esse tempo. Eu sou tão covarde pra essas coisas, mas meu coração se aperta só de pensar que estou a alguns passos dele. Então entre namorar ele de longe, em meus sonhos fictícios e ter um ataque cardíaco apenas por conversar com ele, eu prefiro viver minha fanfic na minha cabeça.

— Você tá passando mal?

Dou um pulo e um quase grito percebendo alguém parado bem ao meu lado.

Ergo o olhar vendo Miguel com seu uniforme feito sob medida e o cabelo loiro escuro arrumado-bagunçado. Não sei se ele faz questão de penteá-lo já que está sempre com mania de chacoalhá-lo com os dedos os deixando arrepiados.

— Jesus Cristo! — grito-sussurando, puxando seu braço para baixo o fazendo se agachar ao meu lado — Alguém pode ver você.

— E por que eu me importaria se alguém me visse? — gritou-sussurando como fiz — Você tá infringindo alguma regra, Tatá?

Reviro os olhos, sabendo que ele me chamou pelo apelido de propósito. Digamos que ele também já foi muito íntimo da minha família e de mim, mas isso é passado.

Pedras E SardasOnde histórias criam vida. Descubra agora