Subo as escadarias da São Martim o mais rápido que posso tentando não empurrar ninguém em meu caminho. É a quinta vez que tento falar com Maylla pelo telefone, mas ela não atende de jeito nenhum.
Quero contar sobre as grandes novidades de ontem, e não me contenho de ansiedade.
Avisto Leia indo em direção ao refeitório. Alcanço seus passos a chamando.
— Oi, Leia. Como vai? — pergunto educadamente recuperando o fôlego da corrida.
— Vou bem, Tatá. — sorriu desleixadamente como sempre faz. Ignoro o apelido — A Maylla deve estar no banheiro feminino do segundo andar. — responde prevendo minhas próximas perguntas.
— Obrigada. — apresso o passo outra vez subindo mais um lance de escadas até o banheiro feminino.
Suspiro aliviada indo abrir a porta, mas parece estar bloqueada por algo de dentro.
— Ué. — tento empurrar, em vão — Maylla? Você ficou presa ou algo assim?
Chamo por minha amiga temendo o pior. Maylla costuma ser claustofróbica as vezes, mas percebo estar totalmente enganada quando um garoto conhecido do terceiro ano sai me cumprimentando e se afastando. Logo em seguida, uma Maylla um pouco corada e ofegante sorri para mim.
— Amiga...— deu uma pausa pra puxar o ar sem esconder o sorriso atrevido — nem te conto.
— Melhor nem contar mesmo. — brinco a fazendo rir — Ele deve beijar bem.
— Ele não só beija bem como também faz muitas costas com as mãos. Nossa, que mãos! — suspirou indo até o parapeito da janela do segundo andar.
— Jesus Cristo, Maylla! — a repreendo.
— Só Jesus mesmo...
— Maylla! — empurro seu ombro — Só tente se controlar com a galera do último ano quando viajarmos. Não quero ficar sozinha, sobrando.
Digo, sugestivamente a vendo arregalar os olhos.
— Isso significa...— se vira pra mim. Assinto com a cabeça e ela começa a pular e me balançar pelos ombros — Vamos acampar!
— Vamos acampar! — nos abraçamos.
— Mas, como? Sua tia, não foi? Ela convenceu o seu pai! — assinto outra vez.
— Quando cheguei em casa, eles haviam conversado e ele deixou, com a condição de que eu lhe mandasse mensagens a cada quinze minutos.
— Mal sabe ele que não tem sinal de internet por lá. — gargalhou.
Em meio seu momento histérico, meus olhos caem sobre Miguel que vinha em nossa direção.
— Essa não. — sussurrei, pensando alto.
— Agora eu posso falar com você, Dona Agatha? — se meteu entre nós ignorando Maylla complemente.
— Não, estou conversando com a Maylla. Pode me dar licença? — digo com descaso, empinando o nariz.
Controlo meus nervos quando ele dá mais um passo a minha frente quase colando nossos corpos. Engulo o seco o vendo se inclinar sugestivo para mim, mas quebro o clima. Poderia sentir a respiração de Maylla falhar às costas dele, surtando muito provavelmente.
— Você não vai se livrar de mim até me deixar explicar.
— Quer apostar? Se inclinando dessa forma pra cima de mim pode me dar uma boa razão pra denunciar você por assédio.
Ele riu. Aquela risada boba e bonitinha ainda com os lábios rosados curvados em um sorriso educado.
— Não é assédio quando você gosta.
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Pedras E Sardas
NouvellesAgatha tem uma pequena quedinha por Luca Delfin, o veterano da escola São Martim, e quando tem a oportunidade de passar à noite em uma ilha conhecida por suas festas proibidas e lendas urbanas, arrisca a própria relação com o pai em participar dessa...