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Dedicatória:

E para a minha Ilha do Amor, foi difícil te amar, mas aconteceu.

— Então, você aceita?

Penso um pouco.

Miguel é o garoto mais legal da turma. Todos falavam bem dele e nunca se cansam de dizer o quanto ele é bonito, mesmo ele tendo uma namorada — que é uma mejera, por sinal.

— Por que você quer tanto que eu vá? — retruco em resposta, apertando firme o fichário contra meu peito.

Seu rosto imediatamente corou, então reprimiu os lábios finos sorrindo de um jeito engraçado.

— Não é isso, é que...o Gusta pediu pra convidar você. — acenou discretamente para seu grupo de amigos ao longe.

Gustavo é um dos melhores amigos de Miguel, e é tão popular quanto ele, mas o Gusta é tão bobão...

Eu reparei nele me observando nas aulas de geografia nas últimas semanas, mas pensei que tivessem espalhado alguma mentira idiota sobre mim como acontece toda semana. Sempre alguém é alvo de fofocas mentirosas na São Martim.

— É que o Gusta é tão...Gusta. — dei se ombros. Me surpreendo quando Miguel riu com minha resposta.

— Ele é um idiota mesmo. — escondeu as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans — Vamos esse fim de semana, tá legal? Tem tempo pra decidir.

Percebo seus olhos castanhos descerem rapidamente do meu rosto para meu pescoço, precisamente pro meu cordão de um pingente só.

Seguro o pingente o apertando entre meu polegar e indicador. Ele não pode lembrar disso. Já faz anos.

Raspo a garganta, interrompendo aquele silêncio estranhamente bom.

— Posso levar a Maylla? — lembro da minha amiga — Eu não sei se vou, mas ficaria mais confortável se ela fosse comigo.

— Claro! Ela pode vir. — sorriu desviando os olhos do pingente — Bom, é isso. Me avise quando se decidir.

Aceno com a cabeça o vendo se afastar. Ele andava descontraído balançando seu cabelo loiro com os dedos. Todos têm razão. Miguel é realmente muito bonito.

Estudamos juntos desde o jardim de infância na São Martin. Ele foi meu primeiro amigo e o primeiro a falar comigo quando cheguei na sala de aula.  Seu cabelo era cortado no estilo tigela e tão liso e sedoso que mal se via algum frizz e seu nariz era pinhado com pequenas sardas douradas.

Bom, as sardas ainda estavam lá e tinham se espalhado por suas bochechas, mas ninguém fala delas em meio os vários elogios que ouço dele. Ninguém as vê como parte da sua beleza.

Eu vejo.

Saindo dos meus pensamentos, apresso o passo dobrando o corredor largo. As aulas da manhã haviam acabado faz muito tempo. Já passa das quatro da tarde, e Maylla estava terminando sua aula de balé.

Como a maioria dos alunos, ela faz aulas extracurriculares justificando que queria seu histórico escolar repleto de qualificações pra deixar as irmãs mais velhas no chinelo.

Maylla tem duas irmãs mais velhas que estão terminando o ensino médio juntas já que a mais velha repetiu por matar aula no ano passado. Isso deixou os pais dela irados e nunca vemos elas de bobeira por aí.

Sempre estão estudando feito loucas ou lendo sobre intercâmbios internacionais, — Leia, pra não repetir o ano outra vez e Luna, pra não cometer o mesmo erro da irmã.

Pedras E SardasOnde histórias criam vida. Descubra agora