Capitulo 3 - Quem procura, acha

284 24 12
                                    

... e quem não acha, procura.

Assim que chegou em casa, Sasuke foi logo para o quarto, subindo as escadas como quem sente o chão em brasa aos seus pés. Ele ainda estava aturdido pelo beijo que Itachi já cansara sorrindo de ouvir pelo caminho de carro, e por isso precisava mandar aquela mensagem ansiosa a Naruto, qual ele veio repetindo mentalmente para não se esquecer.

Estando ela enviada, pôs-se a virar a cabeça para cima e sorrir para o teto. Ficou assim por um tempo, até Itachi se esgueirar na ombreira da porta, vendo o peito dele subir e descer sobre a cama.

— Banho — pontuou simplesmente.

Sasuke sentou-se dobrando as pernas, notando-o ali.

— Você viu que ele me beijou?

Itachi sorriu.

— É, eu vi. Ele parece mesmo gostar de você, né?

— E eu gosto muito dele. Muito. Ele não é incrível?

O olhar de Itachi vagou por um instante, ainda que Sasuke não tivesse percebido: uma sombra, talvez, tremeluzindo seu foco, seu semblante convicto. Talvez fosse algo ruim, o que estava fazendo, mas estava sendo bom para Sasuke, agora; e isso bastava.

— Incrível. Sim, incrível.

— Mas acho que não tivemos muito papo. Ele parecia ansioso, tanto que ficava com o olhar meio vago, sabe?, brincando com o anel preferido dele. O mais chamativo, sabe? — Sasuke descruzou as pernas, voltando a se deitar; o teto era seu amigo, e meio que o quarto Uchiha era sim uma sala de terapia. — E ele não gosta de livros. Nem que toquem no cabelo ou na bochecha dele. Nem de Star Wars.

— Mas todo o mundo gosta de Star Wars! É o Harry Potter da porra da ficção científica! — Agora Itachi se aproximava do irmão, separando uma mecha de cabelo da testa e bochechas, que tingiam a cor vermelho-ansiedade. — Aposto que ele tem outras paradas. Você só precisa saber quais são.

— É. Acho que sim. Eu quero que ele goste de mim, Ita. Eu quero mesmo.

— Eu sei — sibilou, sorrindo. — Ele seria um — cara morto — idiota, se não gostasse. — Dito isto, Itachi puxou dois dedos dos fios de Sasuke, numa gentileza macia, e decidiu pô-los atrás a orelha do irmão. Sasuke sorriu, amando ter quem dele cuidasse. Alguém como um pai nunca tido, talvez.

E então Itachi buscou outro punhado de cabelo e o esfregou com força no couro cabeludo de Sasuke, de supetão, fazendo-o erguer um punho raivoso, acertando Itachi no ombro, com a intenção de fazê-lo bem na cara do imbecil.

— Eu falei banho. Agora.

Itachi o soltou. Suprimindo o biquinho e a vontade de coçar a cabeça, para ver se doeria menos desse jeito, Sasuke reergueu o tronco, ouvindo alguns estalos de advertência por parte da sua coluna. Ele pulou da cama com ímpeto, caminhou até o banheiro; e, no descaso de quem vai escovar os dentes, porque era isso mesmo, Itachi o seguiu. Já no banheiro, frente ao box, com um Itachi perto da pia e cheio de espuma na boca, Sasuke começou a tirar seu cordão, sua camiseta, sua bermuda e também sua...

— Você vai ficar olhando mesmo, seu esquisito? — ele provocou, rindo.

Itachi só o encarou pelo reflexo no espelho. Escovou os dentes por mais quatro segundos antes de cuspir aquela gororoba de saliva e pasta dental na pia. Lavou a boca e a escova, e então se secou. Ergueu o punho como quem ameaçava Sasuke: olha que eu puxo seu cabelo de novo, hein, aquele punho dizia.

— Era eu quem dava banho em você, e não faz muito tempo assim, seu merda. Deixa de ser viadinho e anda logo com isso.

Sasuke riu do jeito como ele pronunciou as palavras, e em seguida entrou no box com portas-de-correr quase transparentes, ligando o chuveiro e virando-se, apertando _ali_, para que Itachi visse bem, então.

Chocolate Amargo   (sasunaru narusasu itasasu itanaru itaara gaanaru)Onde histórias criam vida. Descubra agora