Chocolate Amargo (sasunaru narusasu itasasu itanaru itaara gaanaru)

Capitulo 9 - Dias descontados (parte 3)

Enquanto isso, o andar de cima parecia ainda mais populoso que o de baixo — se não estivesse, pelo menos era o mais agitado, com certeza. Os convidados transitavam de lá para cá a todo momento — uns cambaleando, outros andando agarrados aos quadris das garotas, e mais alguns simplesmente não se importando em procurar um lugar mais reservado para fazerem certas coisas. Um Naruto grudento passou por eles, em busca do banheiro mais próximo, e um certo Sasuke o seguiu. Grudento também, metaforicamente. 

— Eu só preciso me limpar um pouco — explicou Naruto por entre aquele vozerio de risos e falas grogues, ao perceber que Sasuke estava no seu encalço.

— Acho que você precisa é de um banho — comentou, agora andando lado a lado com ele, mas para a direção errada. — E o banheiro fica para lá.

Naruto bufou; deu meia volta e continuou andando. Sasuke o seguiu.

— Até meu short está colando — exasperou, não necessariamente para Sasuke. E a camisa, então...

— Eu te empresto umas roupas — continuou Sasuke. — Acho que vestimos mais ou menos o mesmo tamanho.

Ele realmente precisava de um banho, então se calou, deixando que Sasuke o direcionasse.

No lá-chegando, puderam perceber que a verdadeira festa, aparentemente, acontecia nos lugares mais diminutos, reservados e inusitados. Naruto se perguntou com que tipo de pessoas os Uchiha conviviam, principalmente Itachi, a julgar pela idade dos garotos de cavanhaque que fumavam o que Naruto não conseguiu distinguir em meio àquela neblina densa de tabaco, se era cigarro ou maconha — mas, pelo cheiro, maconha, com certeza. Afinal de contas, Sasuke parecia ser um garoto aparentemente imaculado por mérito próprio, e não pela influência das influências do irmão. O que também era engraçado. Naruto não conseguia imaginar Itachi fumando maconha com aquelas pessoas — ou sequer fumando maconha mesmo, apesar do cabelo longo, da cara de baterista de banda de garagem e da plenitude característica no semblante (que nele era sombria).

Onde ficava o box, duas garotas se pegavam, e, se Naruto não estivesse ficando maluco, ele se lembrava vagamente delas da vez que se candidataram para ajudar a produzir uma das peças do clube. Sakura e Ino, se não estivesse enganado, se não estivesse ficando maluco.

Havia ainda mais cinco pessoas por ali, duas do lado da torneira, conversando sobre algo supostamente muuuito babadeiro, sabe?, como uma delas disse em voz alta; outras duas pessoas jogavam algo de tiro no celular, a julgar pelos sons de morte — “urgh, oh, urgh” —, e estas estavam próximas de Ino e Sakura, do lado do box; e mais uma pessoa perto retocando a maquiagem no espelho, parecendo não ligar para a barulheira, nem o espaço reduzido e ou para a cortina de fumaça alucinógena que o cercava. Essa última pessoa era um garoto.

— Pessoal! — gritou Sasuke, surpreendendo a todos, inclusive a Naruto. Ao que parecia, Sasuke sabia ser imponente quando queria. Era quase… sexy, o contraste. — Meu namorado precisa tomar um banho. Culpa de babacas lá debaixo que fizeram ele tomar uma lata de cerveja sem usar as mãos. — Sakura e Ino olharam para Naruto e sua roupa toda grudenta com a frustração de terem sido interrompidas. O reflexo do garoto se maquiando no espelho riu divertido para Naruto. — E eu preciso que vocês saiam, por favor. E acho bom que esse cheiro saia antes dos meus pais chegarem — disse Sasuke aos caras de cavanhaque.

Em questão de segundos depois o banheiro estava vazio.

— Eu já volto — falou Sasuke. — Vou buscar a toalha, o sabonete e umas roupas.

Naruto assentiu e Sasuke, satisfeito, deu um selinho nele. Foi embora logo após.

Sozinho agora, e não suportando mais aquele cheiro de estrume queimado, aquela dor na vista por causa da bruma densa, a primeira coisa que Naruto fez foi abrir a janelinha do box e ligar o chuveiro; e, embora aquilo fosse um tremendo desperdício de água, conquanto martelando na sua cabeça, ali deixou o chuveiro, ligado com o aquecedor.