Perdidos | Izuocha

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Pela sexta vez nessa semana, bandidos foram encontrados presos entre postes e viadutos. A identidade do vigilante ainda é desconhecida. Se você suspeita da identidade desse indivíduo, ligue para a polícia imediatamente. Lembre-se que os vigilantes são ilegais e tão criminosos quanto esses ladrões. Denuncie.

Os seis meses se passaram lentamente para os alunos restantes da escola UA.

Era torturante estar em uma sala de aula que não tinha mais o aluno que motivava, de alguma maneira, o resto da turma. E o que pesava mais era saber que ele estava em algum lugar sozinho.

Hitoshi Shinsou entrou em seu lugar depois de algum tempo. Por mais que a turma estivesse completa, ninguém se sentia completo, de fato. Nem mesmo o próprio Shinsou que conseguiu conquistar seu espaço com herói, se sentiu satisfeito.

“Se ao menos eu estivesse lá.”

A energia era tão pesada que puxava a cabeça de todos para baixo. “E se” era o que passava na cabeça de cada um. Era a culpa de uma responsabilidade que tomaram para si de proteger um amigo, uma professora, um cidadão. Nada parecia certo. Ninguém sentia que havia ganhado uma batalha. Se a Liga dos Vilões, de certa forma, foi derrotada... por que ninguém está sorrindo?

Ochaco Uraraka tentava desviar seus olhos da cadeira que Izuku Midoriya sentava. Era impossível para ela imaginar que se fosse mais rápida, poderia ter impedido sua ida. Poderia ter conversado com ele. Às vezes ela conseguia vê-lo no seu lugar, escrevendo ou sussurrando como fazia. O que ele está fazendo agora?

— Uraraka?

— Ah? Sim, sensei. — Uraraka tirou a palma da mão que apoiava o queixo.

— Você está bem? — Aizawa escrevia no quadro. Olhou para ela. As bochechas da garota não pareciam mais tão rosadas assim.

— Estou. — não era verdade. Ela mal havia dormido naquela semana. Depois da destruição da cidade, toda vez que dormia, tinha pesadelos com os gritos desesperados das pessoas, as explosões que tamparam seus ouvidos por segundos, os rostos de pânico, pessoas mortas, soterradas. Nighteye. Toga esfaqueando a mulher que se transformou. Toga usando sua individualidade para matar outras pessoas. Toga esfaqueando múltiplas vezes Midoriya. Uraraka não parava de pensar que deixou de salvar alguém naquele dia. A culpa parecia a corroer por dentro.

Sua cabeça maquinalmente abaixou. Se sentia sufocada, exausta. Ela não percebeu, mas havia alguém que antes sentava atrás de Midoriya a observando. Katsuki Bakugou.

•

Sentada no refeitório, apenas com leite em seu copo, Uraraka olhava para seu reflexo na bebida. Suas mãos passaram pelo seu cabelo e fechou os olhos. Suspirou fundo. Estou tão cansada.

— Ei.

Uraraka abriu os olhos. Na mão de Bakugou havia um bolinho.

— É pra você.

A garota olhou para Bakugou e em seguida para o bolinho, hesitante.

— Vai, pega logo. — ele revirou os olhos.

— Obrigada. — Uraraka cedeu, ainda meio confusa. Era a primeira vez que eles se falavam depois do sumiço de Midoriya. Olhando bem para ele, ele parecia bem abatido. — Tá tudo bem?

— É sério que você vai me perguntar isso?

— Parece que é a única pergunta que nos fazem aqui.