três

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Quanto tempo passou?

Midoriya não mexeu um músculo sequer. Talvez a falta de conversar com um amigo ou ser recebido por alguém que ame o fez estranhar aquela aproximação imediata. Afinal, ele ainda não havia abraçado de uma garota. Ainda mais quando essa garota era Ochaco Uraraka. Seu coração apertou quando ela o segurou mais forte. Ele podia sentir suas bochechas corarem um pouco com aquele agito. Sentia o corpo dela perfeitamente contra o dele. Uraraka era tão quente, aquilo era tão aconchegante. Tão bom. Suas responsabilidades o fizeram esquecer que ainda era um adolescente de dezessete anos.

Mas, ele ignorou seus sentimentos turbulentos. Ao acordar desse rápido transe, mexeu seus braços para entrelaçar o abraço da amiga. Uraraka estremeceu, não por desconforto, mas sentir suas mãos tão gentis em suas costas a acolheu. Ela precisava daquilo, de certa forma. Midoriya pousou o queixo no ombro de Uraraka, fechou os olhos e coletou todas as sensações que um simples abraço poderia dar a ele.

Ao se soltarem depois de um longo minuto, seus rostos estavam tão perto. Midoriya podia sentir o suspiro dela. Aquilo certamente não era um clima que dois amigos ficariam. Midoriya sabia muito bem disso. Nesses seis meses, ele conversou com outras garotas da sua idade, mas nenhuma causou aquela sensação que ele só sentia com essa à sua frente. Antes, o deixava tão confuso que corava rapidamente e não sabia o que fazer. Hoje, ele sentia algo tão... Como era mesmo aquela palavra?

Ele não conseguia encará-la por muito tempo, no fim das contas. Por precaução, ele se afastou. Ele era um idiota, pensou consigo. Mais uma vez se deixou levar pelos seus sentimentos e agora ela está do lado dele e não sã e salva na escola.

— Obrigado. — ele olhou para frente. A cidade parecia agitada. Os dois conseguiam ouvir o barulho dos carros, das pessoas, buzinas. — Acho que nós dois precisávamos disso. — mas sua voz não parecia tranquila ou em paz. Ainda soava aquele tom melancólico.

— Quando voltar comigo para a UA, podemos ajudar um ao outro. — Uraraka afiou-se nas palavras.

Midoriya não respondeu.

— Acho que estou pressionando você, não é? — Uraraka suspirou, meio pessimista.

— Não está. — a resposta de Midoriya foi imediata. Como se não quisesse magoá-la. — Só me sinto um pouco frustrado agora.

— Por quê?

— Se eu contar, duvido muito que eu consiga resistir mais um pouco aos seus outros pedidos. — ele a olhou de canto com um sorriso tímido. — Isso vai ser um problema.

Uraraka sentiu as bochechas esquentarem. Aquele olhar dele...

— O-

— O que você quer comer? — Midoriya mudou de assunto. — Essa semana eu só comi macarrão instantâneo. Não tenho muito para oferecer. Desculpe. — pegou sua mochila e a abriu.

— Não tem motivos para se desculpar. Na verdade, não consigo imaginar o que tem feito para comer. — Uraraka respondeu. Ainda escutava seu coração batendo forte graças ao flerte de Midoriya.

— É uma longa história. — Midoriya deu um dos seus Cup Noddles para ela.

Ela entregou um pote com onigiris dentro.

— Pode comer todos.

— Está brincando? Não posso aceitar.

— Coma.

— E você?

— Eu já comi alguns no metrô. — mentiu. Mesmo que fosse verdade, ela nem estava com fome.

Perdidos | IzuochaOnde histórias criam vida. Descubra agora