Apenas quando Ella completou seus 9 anos, a mestiça conseguiu permissão para observar ao longe as patrulhas de sua mãe em busca de humanos exploradores. Além do perigo de machucar-se diminuir conforme a garota crescia, a quantidade de magia coletada aumentava em um nível no qual já era possível utilizá-la para defesa. Dessa forma, o risco de as coisas saírem do controle caía consideravelmente.
Levando em conta a pausa na coleta durante as férias, as quais Aline passava junto às fadas enquanto Hilda permanecia na floresta com a família fazendo rondas ininterruptas, e o período de descanso que davam à natureza para a magia se repôr, quase 60 litros foram arrecadados durante esse período. Toda essa quantidade já estava bem armazenada em um graveto, constituindo a varinha mágica que seria usada para as fadas conseguirem fazer das nuvens um solo sólido e lá passarem a viver.
Talvez possuíssem alguns litros a mais se o passar dos anos não atraísse cada vez um número maior de humanos treinados em busca do sonho da feitiçaria e Hilda sozinha já não fosse capaz de encará-los. Portanto, em paralelo, ela possuía uma pedra banhada de magia, um amuleto encantado, que carregava junto de si para enfrentar os humanos se necessário.
Era justamente ela acariciando seu amuleto que sua filha Ella observava naquele momento. A criança andava pela floresta quando deparou-se com a mãe escondida com a pedra e logo viu seu corpo desaparecer. Era lógico que fora enfeitiçada para ficar invisível pois humanos haviam sido localizados. Não demorou até a feiticeira fazer o mesmo consigo.
Após aguçar os ouvidos tentando perceber a direção tomada pela mais velha, a jovem tentou segui-la para ver toda a cena. Era sempre a mesma tática, porém Ella se divertia muito assistindo todas as vezes. Queria saber de onde a progenitora havia conseguido tamanha história absurda e incrementado a ponto de parecer real.
Quando avistou o grupo de humanos, parou no lugar e rezou para que não esbarrassem nela e sua invisibilidade fosse descoberta. Antes e começar o feitiço, teve a impressão que um olhar foi direcionado bem em sua direção por parte da mãe. Era um aviso para que tomasse cuidado.
Logo após, surgiu uma fada cinzenta gigantesca em meio às árvores. Ela não possuía pernas e, a partir do joelho, se juntavam formando algo parecido com uma cauda de sereia. Era a famosa fada fantasma que supostamente teria sido acordada pela magia. Ella não conseguia encarar aquilo sem rir, afinal sabia que aquela ilusão enganaria os humanos assustados com a lenda criada pelos seus pais.
- Eu sou o espírito das fadas da primeira tropa! - uma voz imponente soou, aparentemente vindo da ilusória fada zumbi – Quem ousa invadir a área de descanso dos meus corpos?
Eram dez pessoas, todas armadas até o dente na expectativa de enfrentar e derrotar a suposta protetora da magia que só tinha como objetivo tirá-la das mãos do povo visitante. Não demorou para começarem a atirar, mesmo sabendo que era impossível matar um morto, queriam atrasá-lo para chegar a lagoa do Rivié antes de serem capturados.
As balas simplesmente atravessavam o espírito, visto que ele era apenas luz. Um novo feitiço foi feito e, de repente, frutas caíram das árvores em direção aos humanos. Enquanto eram frutas pequenas, eles apenas correram na tentativa de desviar e atiravam em algumas que explodiam antes de atingir suas roupas. Entretanto, quando começaram a despencar frutas maiores e mais pesadas, vários tiros eram necessários para explodi-las completamente e algumas já eram sentidas quebrando-se em suas roupas.
Muitos animais menores que também eram ameaçados pela chuva estranha começaram a se assanhar e fugir para tocas ou correr a esmo. Ella pegou um coelho em seu colo e o protegeu da queda de uma fruta do tamanho do animal, bem onde estava segundos antes. Ao ser erguido do nada, o coelho se assustou. Porém o carinho que recebia da garota invisível ajudou a acalmá-lo, mesmo não sabendo sua origem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A grande fuga de Cinderella
FantasyE se a Cinderella sofresse discriminação por ser metade fada? E se a Fada Madrinha quisesse levá-la para morar com as fadas e fugir do preconceito? E se ela negasse para ficar com o príncipe? Após fugirem da escravidão, as fadas decidem viver nas mo...