Depois do almoço, Pedro apresentou a Ella seu novo quarto. Era uma suíte enorme e luxuosa, com direito a uma bela estante repleta de livros e uma vista esplêndida.
- Infelizmente, você deverá ficar aqui praticamente o tempo todo. É essencial que não deixe ninguém entrar. - instruiu o noivo
- Nem mesmo... você? - perguntou a mestiça desapontada
- Você quer que eu... - ele ficou com o rosto vermelho devido aos pensamentos que correram sua mente, mas tratou de afastá-los imediatamente – Nem mesmo eu. Tenho medo do que podem fazer com você e não quero correr riscos. - explicou firme – Quando tudo se resolver, poderemos ficar juntos à vontade. - disse esperançoso
Ella sabia da possibilidade de sofrer atentados contra si, entretanto acreditava piamente que seria capaz de defender-se. Não foi à toa que decidiu enfrentar toda a população indo atrás de Pedro. Depois da recepção hostil no caminho até onde estava, sentia uma necessidade imensa de acolhimento. Afinal, aguentar toda aquela violência verbal era no mínimo desgastante e desmotivante.
- Eu posso cuidar de mim, não me largue aqui... - a mestiça praticamente implorava em desespero
Vendo aquela expressão de dor no rosto de sua noiva, o rei ficou ainda mais abalado do que já estava. Todavia, ele não tinha escolha porque alguém poderia enganá-la fingindo ser ele e fazer algo terrível com sua amada.
- Será por poucos dias, logo estaremos casados e essa gente terá perdido. - ele tentava ser positivo, mas por dentro sabia que a paz ainda estava muito distante
Após os manifestos não surtirem efeito e o noivado do rei com a descendente de fada continuar de pé, a população apertou as exigências e rapidamente surgiu a ameaça de um golpe político como Pedro tanto temia. Obviamente, ninguém comentava sobre as conspirações em sua frente, mas ele tinha seus meios para saber sobre elas.
Era inegável que a república parecia uma ideia linda no papel. Mas, na prática, seria apenas um jeito de impedirem a integração entre fadas e humanos a qual ele pretendia implantar. Portanto, temia colocar a carroça da frente dos bois e estragar tudo.
A tensão era tanta a ponto de sentir-se constantemente ameaçado e precisar impôr-se bem mais do que seu pai para conseguir respeito. Sua imagem provavelmente estava desgastada e a cada dia seu poder parecia enfraquecer um pouco mais.
O pior era o pressentimento de que tudo explodiria em seu casamento. Afinal, a partir dali não haveria mais volta. Caso algum golpe estivesse mesmo sendo arquitetado, provavelmente seria posto em prática naquele dia. Por isso, ele estava morrendo de medo na cerimônia em vez de alegre, como supostamente deveria estar.
Cada olhar recebido parecia um golpe fatal e a tonteira foi inevitável, considerando o mal que aquele ambiente hostil fazia a ele. Mesmo com uma boa filtragem nos convidados, ele sentia-se entre traidores. Devido a isso, resolveu sair do palácio para pegar um pouco de ar enquanto aguardava o início de tudo. Porém, no desespero de afastar-se, acabou tropeçando em um tapete e caindo de forma cômica.
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A grande fuga de Cinderella
FantasyE se a Cinderella sofresse discriminação por ser metade fada? E se a Fada Madrinha quisesse levá-la para morar com as fadas e fugir do preconceito? E se ela negasse para ficar com o príncipe? Após fugirem da escravidão, as fadas decidem viver nas mo...