A Batalha dos Cinco Exércitos

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Dáin gritou um comando, e todo o seu exército começou a se reunir.

- As hordas do inferno estão na nossa frente! Lutem até a morte!

O exército dos anões avançava enquanto entravam em formação. Os elfos apenas se reuniram, aguardando um comando de seu rei. Milhares de orcs se aproximavam.

- Eu vou para a batalha! Quem vem comigo? - Kili gritou. Os anões concordaram aos brados.

- Guardem as armas! - Thorin ordenou. Os anões silenciaram, em choque.

- Não vamos fazer nada? - Fili perguntou.

- Eu disse, guardem as armas! - Thorin repetiu, com agressividade. Eu vi todos os anões voltarem para dentro da montanha, claramente decepcionados.

- Os elfos... Eles não vão lutar? - Bilbo perguntou, ao ver o exército que continuava parado a nossa frente.

Os anões nas linhas da frente colocaram seus escudos um ao lado do outro, posicionando lanças entre eles, formando uma barreira entre eles e os orcs.

- Thranduil, isso é loucura! Você tem que fazer algo! - Eu gritei. Após dirigir um breve olhar para mim, Thranduil ordenou algo, e o exército avançou.

Os elfos pularam por cima dos escudos dos anões, caindo no meio do exército inimigo, em uma formação perfeita. Logo os anões avançaram com suas lanças a frente, derrubando os orcs.

Assim se iniciou a batalha.

- Gandalf, aqui é um bom lugar para ficar? - Bilbo perguntou. Nós ainda estávamos afastados da batalha, enquanto os elfos das últimas linhas marchavam em direção a luta.

Mais uma vez, a corneta dos orcs tocou, e Azog gritou novas ordens. Bestas enormes, parecidas com trolls foram liberadas, se juntando a batalha.

Thranduil mandava seus arqueiros atirarem, enquanto as carroças puxadas por bodes de Dáin avançavam para o meio da luta. Ouvia-se apenas o choque de armas, e muitos gritos. A batalha, que antes parecia bem equilibrada, agora estava em situação bem diferente. As bestas causavam grandes estragos. O exército de orcs não tinha medo da morte. Eram como máquinas, e não tinham nenhum tipo de sentimento de autopreservação. Foram criadas para matar.

Mais um comando foi proferido. Uma nova parte do exército de orcs, que estava afastada da luta, começou a se dirigir a cidade de Valle. Onde estavam todos os habitantes da cidade, em sua maioria mulheres e crianças.

- Ele está tentando nos isolar - Gandalf disse.

- Todos vocês, retornem para Valle! - Bard exclamou. Ele guiava os homens de volta aos portões da cidade. Eu, Gandalf e Bilbo fomos atrás deles.

Bestas ainda maiores apareceram atrás do exército, a uma distância considerável dos muros da cidade. Eles tinham grandes catapultas presas nas costas, e alguns orcs as operavam. Eu percebi imediatamente o que aconteceria. Grandes pedras foram lançadas, e os muros da cidade começaram a cair a nossa frente.

Os orcs invadiram a cidade, ultrapassando os muros destruídos. Assim que entrei na cidade, percebi o quanto eles tinham se espalhado pelo local. Haviam muitos corpos sem vida no chão, e eu não conseguia deixar de imaginar nos filhos de Bard, que poderiam muito bem estar entre eles.

- Onde estão meus filhos? - Bard perguntava, enquanto todos corriam na direção contrária.

- Eu os vi, no velho mercado! - Uma mulher gritou, antes de continuar correndo.

Um grupo de homens chegou, liderados por um homem de cabelos brancos.

- Orcs invadindo pelo passadiço!

- Leve os arqueiros para o parapeito leste, e contenha-os o máximo que puderem - Bard disse, apressado. O homem imediatamente reuniu os arqueiros, e partiu.

- O resto de vocês, siga-me! - Disse Bard. Eu, Gandalf e Bilbo os seguimos. Estava na hora de realmente entrar na luta.

Logo demos de cara com um grupo de orcs. Liderados por Bard, nós os combatemos, abrindo caminho. Vi claramente Alfred gritando palavras de encorajamento para os homens, e depois ficando para trás enquanto todos corriam de encontro a batalha. Ele fugiu para o lado oposto.

Eu ouvi gritos, e imediatamente reconheci as vozes. Na rua abaixo, Sigrid e Tilda fugiam de dois orcs que as perseguiam. Bain acertou um deles com sua espada, matando-o. Eu rapidamente me coloquei em uma linha de tiro, e atirei no segundo orc, ainda a distância.

Bard lutava ao meu lado, e nesse momento ele notou seus filhos. Sigrid e Tilda começaram a chamá-lo. De repente, algo se aproximou dos três por trás. Uma das bestas tinha notado eles, e se aproximava cada vez mais.

Tilda gritou. Eu imediatamente lancei uma flecha na direção dele, mas não acertei fatalmente, o que só o retardou por alguns momentos. Bard subiu em uma carroça meio quebrada, e deslizou até onde eles estavam. A besta havia erguido um grande bastão, e estava prestes a golpear os três, quando notou Bard descendo na direção deles. Por um momento ela ficou estática, surpresa.

- Se abaixem! - Bard gritou. A carroça passou por cima de Sigrid, Tilda e Bain, e caiu em cima da besta. Imediatamente Bard a perfurou com sua espada. Nesse momento, eu cheguei até eles.

- Reúnam as mulheres e crianças, levem-nas para o grande salão, e obstruam a porta. Entenderam? - Bard disse. - Não devem sair de lá por motivo algum. - Ele pegou a espada de Bain.

- Queremos ficar com você - Tilda disse, desesperada.

- Tenha respeito pelo seu pai! - Uma nova voz entrou na conversa. Alfred tinha aparecido. - Deixe isso comigo senhor. Vocês ouviram, vamos para o grande salão - Ele disse, agarrando o braço de Tilda.

- Vocês estarão seguros, apenas fiquem no grande salão, tudo bem? - Eu disse ao ver o olhar assustado da garota - Nada vai acontecer a vocês, eu prometo. - Ela assentiu. Mas eu sabia que ela estava preocupada com Bard. Mas infelizmente eu não podia prometer para ela que todos ficariam bem.

- Alfred! - Eu disse, me aproximando dele - Apenas mulheres e crianças. Você deve voltar para ajudar. - Bard ofereceu para ele a espada que antes Bain usava.

Alfred olhou para mim com raiva, mas depois olhou para Bard e disse:

- Eu os deixarei em segurança, senhor. Minha espada está sob o seu comando. - Então ele partiu atrás dos filhos de Bard.

- Eu não confio nele - Eu disse, me voltando para Bard.

- Eu também não. Mas espero que sua consciência o atinja. - Bard disse.

- Não espere muito por isso.

Então eu e Bard voltamos para a batalha.

Ainda haviam muitos cidadãos que não portavam armas. Eu via muitos deles caindo, e isso fazia com que minha força de vontade em defendê-los aumentasse. Eu via os orcs caindo ao meu redor com certa satisfação, enquanto os derrubava com golpes sucessivos. Eu mal precisava pensar, era como um instinto que tomava conta de mim.

A batalha continuava a todo o vigor. Ela já tinha trazido Thranduil para dentro da cidade, onde ele sozinho combatia um grupo de vários orcs. Ainda nas portas da montanha, Dáin, os anões, e uma grande parte dos elfos ainda defendiam o lugar.

- Onde está Thorin? - Dáin exclamou, sem parar por nenhum momento de derrubar orcs a sua volta. - Precisamos dele, onde ele está?

Mas Thorin não iria vir. Nesse momento, ele estava trancado na montanha, impedindo seus companheiros se juntarem ao confronto, e esperando que no final de tudo aquilo, não houvesse mais disposição de nenhum dos exércitos de exigir seu ouro.

Bard, vendo as grandes perdas que tínhamos sofrido, mandava os homens recuarem. Eu me mantinha na frente junto com ele, ainda disposta a lutar. Mas eu não conseguia ignorar todo os corpos que cercavam o lugar. Homens, mulheres e crianças. Não fazia diferença para os orcs. Tudo o que eles faziam era matar. Eram essas as ordens que tinham recebido de seu mestre. E eles não iriam parar, até que todos estivéssemos mortos.





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