A Viagem de Volta

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Já fazem algumas semanas desde a batalha dos cinco exércitos, como ficou conhecida. As coisas estão mais ou menos como eu esperava, e eu não poderia pedir por nada melhor.

Thorin retomou Erebor, e foi finalmente coroado como rei sob a montanha. Eu ainda me lembro de suas palavras, que significaram tanto para mim.

"Devo minha vida a todos os meus companheiros. Meus amigos, e parentes. Mas gostaria de agradecer pessoalmente a uma pessoa, que mais do que lealdade, me deu sua amizade, companheirismo, e honra. - Thorin se virou para mim, sorrindo - Aerin, sem você eu não estaria aqui, assim como meus sobrinhos. Você mais do que me acompanhar, fez com que eu me tornasse alguém melhor. Desde o começo eu a rejeitei, e deixei claro que não desejava sua companhia. Você poderia ter me dado um soco e ido embora - As risadas dos anões foram ouvidas ao fundo - Mas você não fez isso. Você ficou, resistiu mesmo depois de tudo que eu disse e fiz. Provou muitas vezes que se sacrificaria por todos nós, e jamais poderei expressar minha gratidão. Por isso gostaria de oferecer sua parte do tesouro, além de minha eterna amizade. As portas de Erebor estarão sempre abertas para você - Thorin abaixou sua cabeça e levou a mão ao peito, num gesto de respeito, sendo seguido por todos os anões..

Sorri com a lembrança. Eu tinha recusado o ouro, pois ele não me seria útil na nova vida que eu tinha escolhido. Eu iria ficar com Legolas, e viajaríamos pela Terra Média, sem rumo certo. Não precisávamos de um, agora que tínhamos toda uma eternidade pela frente. Mas mesmo assim, Legolas não se opôs quando eu lhe disse que gostaria de voltar a visitar Valfenda, e Erebor.

Fili estava feliz como se a batalha nunca tivesse acontecido, e Kili estava se recuperando bem. Os outros anões passavam os dias bebendo e comemorando, e o povo da cidade do lago estava se estabelecendo muito bem. A maioria permaneceu em Valle, onde Bard se tornou seu novo governante, porém alguns voltaram para Esgaroth, onde continuaram sob o comando do mestre dos homens do lago.

Eu já tinha me despedido de Bard e sua família. Outro momento que eu nunca esqueceria.

"Obrigado Aerin. Por tudo - Bard disse, sua expressão finalmente em paz - Nunca esquecerei o que fez pela minha família.

- Desejo muita paz para sua família de agora em diante Bard. Valle está indo muito bem. Será um ótimo senhor para eles.

- Eu espero que sim. - Ele disse. 

Troquei breves palavras com Bain, Sigrid e Tilda. A garotinha usava o broche que eu tinha lhe dado, e parecia mais feliz do que eu jamais a havia visto. Era assim que eu queria lembrar da família de Bard."

Minhas últimas semanas em Erebor foram alegres e cheias de histórias recontadas. Enquanto eu me recuperava do meu ferimento, eu me preparava para o que eu sabia que seria a despedida mais difícil de todas.

Depois de tanto tempo com os anões, parecia estranho me separar deles. Mas por mais que a dor persistisse, eu estava pronta para minha nova vida. Eu partiria juntamente com Gandalf e Bilbo, que iriam partir junto com Thranduil e o que restou de seu exército.

Os dias se passaram mais rapidamente do que eu imaginava ser possível, até que finalmente chegou a hora. Era fim de tarde, e todos os anões tinham se reunido às portas de Erebor para presenciar nossa partida.

Eu me despedi de todos, mas a parte mais difícil tinha deixado para o fim. Após me despedir de Fili e Thorin, com um aperto no peito, fui até Kili. O anão ainda estava fraco, mas tinha se recusado a ficar em seu leito e perder nossa partida. 

- Kili... - Eu não tinha me preparado para isso, e não sabia o que dizer. Mas não foi preciso. O anão deu um passo em minha direção, e me abraçou.

Senti uma lágrima escorrer por meu rosto enquanto eu retribuía seu abraço.

- Vou sentir sua falta. - Ele disse.

- Eu também. - Eu sussurrei - Mas agora  não precisa mais de mim, não é? Acho que aqui não haverá mais perigo de você se matar.

Ele riu.

- É, acho que estou seguro aqui. - Ele disse - Voltará para nos visitar, não é? - Ele se afastou, mas eu pude perceber que também estava quase chorando.

- É claro. 

Senti uma mão pousar em meu ombro. Eu sabia que era Legolas, e senti que era hora de ir, antes que isso se tornasse difícil demais.

- Adeus. - Eu disse.

Com os últimos acenos e despedidas por parte dos outros, nós partimos, em nossa jornada de volta para casa.

...

Foram semanas alegres. Continuamos recontando nossas histórias, lembrando de nossos momentos felizes, engraçados, e até perigosos. Todos eram contados com um ar de paz agora que finalmente tinha acabado.

Nos separamos do exército de Thranduil depois de voltarmos pela floresta negra. As aranhas tinham desaparecido, e eu sentia que elas não voltariam a aparecer tão cedo. A própria floresta tinha um ar mais tranquilo e estava mais verde.

- Todos têm o meu eterno respeito - Thraduil disse, enquanto seus guardas se aprontavam para retornar ao seu reino - Mithrandir, Bilbo... E Aerin. - Ele acenou com a cabeça respeitosamente em nossa direção.

- Agradeço, senhor. - Eu disse, retribuindo o aceno.

Thranduil sorriu.

- Cuide do meu filho. Até que você não é tão ruim... Legolas têm bom gosto. - Ele olhou para o filho.

- Adeus pai. - Legolas disse, com um aceno respeitoso. Eu sabia que depois de tudo que tinha acontecido entre eles, Legolas não esperava encontrar seu pai de novo. Fiquei em silêncio, deixando-os se despedir.

- Legolas... Sua mãe te amava. - Thranduil disse, com a voz emocionada, antes de retomar a compostura. - Namarië.(Adeus)

Eu apertei a mão de Legolas, tentando confortá-lo, e ele apertou a minha de volta. Depois de Gandalf e Bilbo se despedirem de Thranduil, prosseguimos viagem.

De volta para casa.

A GreenLeaf #3Onde histórias criam vida. Descubra agora