O Pimentinha

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Depois da conversa com a mãe, o pequeno ruivo ficou visivelmente abalado. Andy abandonou a pose de menino mau e chorou muito deitado na cama.

Andy: Eu odeio tudo isso. A minha mãe não percebe que eu não sou mais criança. Os meninos lá na escola não usam roupas de desenho e nem brincam mais (enxugando uma lágrima que caía).

Andy: Olha isso (abrindo o armário). Todas as minhas roupas são assim e esses brinquedos todos no meu quarto.

O olhar do menino se volta para um brinquedo em especial: um dinossauro de pelúcia.

Andy: Tá, você pode ficar, Dino. A gente se divertiu um monte quando eu era pequeno. Eu dormia contigo (ainda durmo, às vezes. Mas, ninguém pode saber), levava você comigo em todos os lugares e vivemos muitas aventuras. Você é o meu amigão (abraçando bem forte o dino).

Um momento de carinho que é quebrado pelo barulho de uma batida na porta.

Andy: Vai embora, mãe. Não quero conversar com ninguém. Me deixa em paz (bravo).

Alice: Você vai sim. Até porque temos que conversar sobre um assunto importante. A sua tia Susi precisa da gente (abrindo a porta e se surpreendendo com o filho abraçando o dinossauro de pelúcia).

Andy: Eiii. Se eu fechei a porta é porque não quero conversar, mãe. Vou separar as coisas que não quero mais no meu quarto (determinado).

Alice: Percebi (dando uma risadinha). O Dino também? Aposto que alguma criança pequena iria amar ele.

Andy: É... O Dino não. Ele vai ficar (meio corado). Por que a tia Susi precisa da gente? (mudando o assunto da conversa).

Alice: Ah, sim. Ela abriu uma creche e precisa de uma ajuda com as coisas por lá. Só por uns dias, eu acho.

Andy: Hum, mas ela não pode contratar alguém? Ah, mãe. Eu estou te falando que não quero coisas infantis e você quer que eu vá para uma creche na minha última semana de férias? (completamente indignado).

Alice: É só para ajudar a sua tia, filho. Não se preocupe, você não vai estudar lá. Ninguém vai te colocar fraldas, dar uma mamadeira para você tomar e nem te colocar uma chupeta (rindo muito).

Alice: Você vai lá para ajudar a sua tia. Provavelmente, irá acompanhar as crianças nas brincadeiras, assistir alguns desenhos e passar um tempo nos brinquedos de lá. Eu sei que você gosta de tudo isso. Não pode ser tão ruim.

Andy: Não sei (meio bravo por causa da brincadeira com as coisas de bebê).

Alice: Será como um exemplo para as crianças de lá. Quase uma autoridade (exagerando um pouco). Depois, se você se comportar direito, eu te darei um prêmio.

Andy: Eu topo, mãe. Mas, eu quero escolher o meu presente.

Alice: Bom, acho que temos um acordo, pequeno (se preparando para dar um ataque de cócegas no filho).

Andy: Nem vem, cócegas não (era tarde demais e a mãe já tinha iniciado o ataque).

Andy: Para, mãe (rindo muito).

Ele pula na cama para fugir, mas Alice está determinada e continua fazendo cócegas no filho.

Andy: ahhhhh. Chega, mãe (várias risadas).

Alice: Está bem. Acho que exagerei um pouquinho. Mas, eu estava com tanta saudade de ouvir a sua risada (muito feliz).

Andy: Mãe, eu vou jogar bola na praça, tá.

Alice: Okay. Não quebra nada, não apronte e volte antes antes das seis.

Andy: Vou pensar. Brincadeira, mãe (dando uma risada).

Na praça

Andy: Acho que aqui não tem nenhuma vidraça. Vou poder jogar (feliz). Não é possível (surpreso observando um pai com um filho na quadra).

Andy: É o Thomas? Que roupa ridícula (vai em direção ao menino que estava com uma camiseta azul da Patrulha Canina e uma bermuda amarela com um ursinho Pooh bordado).

Thomas: Anndy. Tudo bem? Quer brincar com a gente? (meio assustado).

Andy: Tá (só tem eles mesmos na quadra e é melhor que jogar sozinho. Pensou o ruivo).

O jogo começou. O Pai do Thomas ficou no gol e os meninos tentavam furar a forte defesa do arqueiro improvisado. Tudo ia bem até que os meninos disputaram uma bola.

Andy esbarrou no Thomas e percebeu algo branco saindo da bermuda do menino.

Andy: Thomas, o que é isso na sua bermuda?

Thomas: É... Não é nada (muito nervoso).

Andy: É sim. Owwwwwww (em um movimento rápido, ele abaixa a bermuda do outro menino). Você está de fralda. Que bebezão (dando várias gargalhadas). Seu papai te trouxe a sua chupeta e a sua mamadeira também?

Thomas: Papai (chorando muito e correndo em direção ao pai).

Pai do Thomas: Calma, filho. Está tudo bem. Ah, não. Acho que você teve um acidente e precisa de uma troca.

Andy: Nosssssa. Ele é um bebezinho completo (tendo um ataque de risos).

Pai do Thomas: Chega, menino. Você não tem educação? Não cansa de causar problemas? Conheço bem a sua mãe e sei que ela fez de tudo por você. Uma pessoa fantástica que criou o filho dela sozinha. Devia dar valor ao esforço dela e não ficar dando preocupação.

Pai do Thomas: Acha que ela está feliz de ver o filho dela dando desgosto o tempo todo? Por que faz isso? Quer atenção, né. Descontar nos outros as suas frustrações. O Thomas sempre quis ser seu amigo. Ele ama Toy Story e me contou todo feliz que tinha um colega chamado Andy.

As palavras do Pai do Thomas entraram na cabeça do pequeno ruivo e o deixaram sem reação nenhuma. Ele ouvia e ouvia. Algumas lágrimas começaram a correr pelo rosto do menino.

Num impulso, o menino enxuga as lágrimas e sai correndo sem direção. Estava quase escurecendo e isso deixou o pai do Thomas muito preocupado.

Pai do Thomas: O que foi que eu fiz? (bem arrependido). Eii, Andy volte aqui. Está ficando tarde (o menino se afastava mais e mais).

Andy: Se ele gostava de mim, por que ficava falando e fazendo aquelas coisas? Eu odeio pensar no argumento só depois da discussão. Mas, espera ai, onde eu estou?

Um novo mundo para AndyOnde histórias criam vida. Descubra agora