RELATÓRIO DO PACIENTE #015 (Timothy Linester)

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Dia 21/02/1995

Dr. Strauss não pode comparecer hoje por motivos pessoais que não vêm ao caso. Como assistente dele e o "substituto" para o cargo de curador e escritor destes relatórios, estou aqui fazendo a minha parte. Não é o melhor dos empregos, as condições são péssimas, todo mundo pode ser morto, sem ver de onde o ataque veio, por esses lunáticos e ninguém se importa de verdade.... Esqueçam que eu disse essas palavras. Se "ele" ler elas, será o meu fim.

Voltando o foco, o paciente de hoje é o senhor Timothy Linester. 40 anos, 1,77 de altura, 88 Kg, vivia numa fazenda isolada com sua família... bem, isso até despertar surtos e traumas pós-guerra. Chegou a lutar na guerra do Vietnã. Fazia parte da infantaria americana. Foi um dos primeiros a chegar no asilo. A família já não aguentava mais as crises do homem e decidiram, por unanimidade de todos os parentes, colocarem ele no asilo. O responsável por ele, dessa vez e das outras, foi o psicólogo Ronald, o único que Timothy respondia de fato.

Para não machucar os outros, e ele mesmo, tivemos que amordaça-lo e cercar seu corpo com diversas tiras de couro, correntes e a camisa de força, além de tornozeleiras elétricas. Encolhido, como sempre, em um canto da cela, o coitado balançava seu corpo pra frente e para trás, gaguejando palavras que sua boca recusava soltar aos ouvidos alheios. Quando o psicólogo adentrou para a seção de testes, Timothy logo largou sua posição e foi sentar na cadeira do "interrogatório", tendo uma expressão de felicidade e alegria percorrida por entre as linhas e rugas de seu rosto e de seu ser em si. Nas paredes, chão e na roupa do paciente, resquícios de fezes e urina. Todas as paredes brancas do local, foram tingidas de um marrom e amarelo desgastado e escroto. O cheiro dentro dali deveria estar um inferno. Ronald foi um guerreiro de aguentar tantas horas.

Os obstáculos, questões e desafios não puderam ser respondidos. O soldado não mostrou conhecer o seu próprio nome. Ficamos duas horas observando toda aquela sessão que não gerava resultado algum, até por que ele não se empenhou a fazer qualquer uma daquelas provas e "brinquedos". Só de ter que escrever isso, sinto o cansaço e a fadiga que os pesquisadores tiveram durante todo esse tempo. Disseram que Timothy não parava de falar sobre os acontecimentos terríveis que vivenciou na guerra, sobre quantos amigos viu morrer diante de seus olhos, o afastamento de sua própria família, boinas e armas espalhadas pelo campo de batalha e as injeções de mutagênicos estarem alterando bruscamente sua fisionomia e a forma como seu interior funcionava, com fortes dores de barrigas, uma dor latejante sobre seu pescoço (parecendo que seu crânio viraria ao contrário) e certas "patas" finas, semelhantes às de aranhas, começando a sair dos lados de seu baço.... As doses estão mantendo o sucesso esperado (Ao menos isso).

Ronald nem esperou terminar os testes e já aplicou outra agulhada entre as veias do ex-soldado... A pior escolha da vida dele foi essa. O louco pirou de vez. A injeção mal foi posta o suficiente e a reação de Timothy foi imediata. Começou a correr em círculos rapidamente, fazendo com que Ronald saltasse da cadeira e ir chamar as autoridades. As câmeras gravaram tudo.... O homem parou sua corrida, lágrimas escorreram dos olhos, o tom choroso apareceu e, uns 3 segundos após isso, a cabeça de Timothy explodiu em diversos miolos e pedaços de seu cérebro, os quais se espalharam por toda cela, sujando de sangue, em um espirro do líquido vermelho, o cubículo. Digamos que foi o caso de um kamikaze indireto.... Do buraco, diversos filhotes de aranhas, de todos os tipos, vazaram, transbordaram e nadaram sobre o sangue ali deixado. Um enxame de pestes cheias de patinhas, olhos e venenos diversos.... Tiveram que isolar o prédio por algumas horas. Os pacientes ficaram presos dentro do asilo. Alguns foram picados por algumas das aranhas. Já estamos perdendo muitas cobaias e ainda largam elas pra morrer? Chamaram os dedetizadores e, em meia hora, o local foi controlado.... Eu não ligo mais pra essa merda. Esse foi meu último dia nesse inferno. Como Dr. Strauss consegue lidar com tantas loucuras?

Atenciosamente

Assistente Lenny

Asilo Rotten RavenOnde histórias criam vida. Descubra agora