RELATÓRIOS DOS PACIENTES #067 E #068 (Erick William e Rose Willian)

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Dia 03/03/1995

Os dias de recesso terminaram e o dever me chama. Atrasos são tolerados até certo ponto. "Ele" pode me respeitar como doutor, mas todos temos nossas devidas responsabilidades. Fui obrigado a aceitar essas férias, embora quisesse trabalhar o máximo do tempo extra disponível. Ao menos minha família está bem... Esquecendo isso tudo isso, os responsáveis pelas pastas dos relatos de cada paciente disseram que o meu assistente, o senhor Lenny, escreveu alguns deles antes de se demitir. Pobre homem. Mais um que perdeu o sentido no que fazia. "Ele" com certeza vai odiar essa decisão.

Os representantes da vez, o casal Willian, composto pela senhora Rose e o senhor Erick. Ambos foram encarcerados juntos por escolha própria (quase imploraram por tal ação). Levaríamos somente o homem para o asilo. Entretanto sua esposa relutou e relutou até darmos a ideia dela ir junto com o paciente. Nem hesitar a moça hesitou. Aceitou dividir a mesma sala. Esses dois se amam tanto, que pediram a mão um do outro dentro do asilo. O amor foi vencedor nesse momento, tanto que as camisas de força se romperam quando Erick decidiu tomar tal atitude. Graças a Deus, eles não passaram disso.

O Dr. Galleway foi o cuidador escolhido (um dos únicos restantes). Erick possuía diversos transtornos obsessivos compulsivos (TOC) por sua esposa, além de crises de ciúmes recorrentes e agressões verbais contra a mesma. Rose também sofria de problemas. Uma masoquista de primeira, além de ser atormentada pela síndrome de Estocolmo, ou seja, recebe todas as agressões de braços abertos, mantendo um sorriso estampado sobre sua face.

Quando abriu as portas para fazer o que lhe foi prestado, Dr. Galleway viu que o casal trocava carinhos e amores do jeito que conseguiam, esfregando os pés nos corpos uns dos outros e os narizes e bocas em lugares expostos. Quando avistaram o doutor entrar, o casal cessou seu namorico e levantaram na mesma hora, como soldados prestando saudação. Sentaram e os testes iniciaram.

Comparado aos demais lunáticos, aqueles dois faziam tudo parecer ser muito fácil. Eram espectadores de um show particular. Responderam tudo certinho, um trabalho de cooperação esplêndido... Escondiam as questões exteriores e de agressões através de sorrisos falsos e forçados. Inteligência nunca foi um adjetivo que definia o senhor Erick, mas Rose compensava esse obstáculo. Quanto a ela,o homem era quem lia os esquemas para a moça. Rose nunca aprendeu a ler, mas sabia contas e outras coisas que quase nenhum outro paciente sabia.

Responderam tudo da forma adequada e os resultados de seus corpos e interiores mantiveram a estabilidade, nada muito descomunal. Perto de se retirar da sala, os dois, antes de qualquer outra ação, impediram o senhor Galleway de ir embora. Começaram a recitar um diálogo com palavras que eu prefiro transcrever para vocês:

"Por que ir tão rápido?"

Erick perguntou.

"É, por que quer ir embora?"

Rose repetia as perguntas de seu marido frequentemente.

"Os nossos testes acabaram. Finalizaram todos de uma maneira excepcional. Meus parabéns!"

Galleway respondeu inocentemente.

"Ele quer nos silenciar. Aquele sorriso amarelo corroeu nossas almas."

O marido disse num tom ameaçador, segundo minhas fontes.

"Sim.... Sorriso!"

A esposa só repete.

"Aquele sotaque francês.... Aquele capacete negro de dois chifres.... O que ri. O que ri precisa de um sacrifício! Pela mãe!"

Erick descreve a pessoa de quem falava e berrou contra o doutor. Depois disso, agarrou-o pelo colarinho e mordeu seu pescoço.

O lunático arrancou um pedaço de carne da garganta de Galleway e, com o sangue que jorrava daquele buraco de músculos e tendões, o casal bebia o líquido vermelho, além de lamberem as orelhas e a ferida aberta do doutor.  Disseram que ambos se deliciaram (de um jeito sexual) do assassinato cometido. Em poucos segundos, o pobre coitado do Galleway foi dessa pra melhor. Quem dera se seu sofrimento tivesse terminado ali. A fome de Erick e Rose era insaciável. Devoraram, comeram, mataram, esquartejaram o restante de carne do pescoço, os olhos do cadáver, as orelhas e a senhora Rose chegou a fazer atos sexuais com o corpo putrefato, enquanto Erick a aplicava um beijo de língua.

No momento que me contaram o acontecimento final, não cheguei a exibir uma reação alarmante. Essas situações se tornaram corriqueiras nos últimos dias. Loucos e mais loucos ficando violentos contra seus curadores.... "O que ri" ... O paciente que eu observo... Um francês vindo de uma vila chamada Veilleuse ... Um dia eu ainda o enfrentarei cara-a-cara e ele responderá as minhas dúvidas, por bem ou por mal. Os policiais mataram os dois com tiros de escopeta à queima roupa, estourando o crânio do casal bizarro.... Fim do relatório.

Atenciosamente

Dr. Strauss

Asilo Rotten RavenOnde histórias criam vida. Descubra agora