a dançarina britânica

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Desde que tomei a decisão de sair de Londres, eu senti um medo gigantesco, mas eu não imaginava que ainda estaria atormentada depois que a minha irmã permitiu que eu saísse do país. Talvez essa preocupação se deva ao fato de me afastar de tudo o que eu conheço e principalmente na situação delicada de Jennie.

Ela me prometeu que me escreveria toda semana, e temos feito isso muito fielmente. Eu também converso com Rosie pelo telefone quase toda semana.

Estou morando em um apartamento em um bairro tranquilo de Estocolmo, e estou amando, apesar de me sentir um pouco sozinha quando chega o fim do dia.

Tenho recebido notícias de Jisoo pelas meninas, já que não consigo conversar com ela com frequência, e amo receber as notícias sobre George e Alice. As coisas pareciam estar caminhando para dar certo essas últimas semanas e eu compartilhava todas as minhas experiências com as meninas.

Entretanto, não compartilhei com elas que a minha supervisora me escalou para um solo em uma peça teatral essa noite.

Enquanto todas as meninas terminaram o treino no horário habitual, eu fiquei até mais tarde para meus últimos ensaios que durariam a noite inteira.

O meu maior medo quando eu iniciei os treinos foi o fato de eu ser uma princesa britânica. Eu gostaria de saber até onde sou capaz de ir como Lalisa Pauline Windsor, uma cidadã comum, e não como Lalisa do Reino Unido.

Tem momentos que penso nos privilégios e me sinto transtornada, sei que foram eles que permitiram que eu estivesse aqui hoje, mas eu treino da hora em que acordo até a hora que eu durmo, recebo reclamações e punições tanto quanto qualquer outra dançarina do nosso grupo.

A minha maior alegria aqui foi quando a nossa diretora conhecida por ser uma mulher extremamente exigente e intolerante com quaisquer erros olhou para mim, dizendo que eu não era mais especial do que ninguém, o que significa que ser irmã de uma Rainha não me favorecia e isso simplesmente me encantou.

- Acabou por hoje? - Madame Andersen me perguntou. Já eram quase quatro horas da manhã quando eu me sentei no chão da sala de prática e observei enquanto ela caminhava em minha direção.

- Eu acho que sim.

- O seu táxi já está te esperando lá fora, Lalisa. Precisa descansar para a apresentação.

- Farei isso. - Respondi enquanto me levantava, mas notei que ela estava um pouco nervosa. - Está tudo bem, Madame Andersen? - Perguntei.

- Lalisa, o palácio de Drottningholm acaba de avisar para nós que Sua Majestade comparecerá ao espetáculo.

- O que? - Por um milésimo de segundo achei que ela estava falando da minha irmã, mas me lembrei que eu não havia dito a ela. — A senhora quer dizer o Rei sueco?

- Sim. - Ela disse sorrindo. - Agora desça, já está tarde.

Dei risada e peguei a minha bolsa.

- Até amanhã, Senhorita Andersen.

O meu sueco não era os melhores, mas serve para que eu me comunique com o essencial. Dos três idiomas que eu e minhas irmãs aprendemos em nossa educação, o sueco não estava incluso, e eu tive que estudar um pouco sozinha a alguns meses atrás, quando tive a ideia.

Foi dessa forma que eu consegui dizer ao taxista o meu endereço e me senti muito orgulhosa de mim mesma.

Ele parecia ter me reconhecido, o que acontece bastante por aqui.

A Coroa - Volume 1 / ReescrevendoOnde histórias criam vida. Descubra agora