A Coroa - Volume 1 / Reescrevendo

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Durante o café da manhã eu li uma das fichas da caixa vermelha que constava o aviso do desembarque do meu tio em Londres essa manhã.

Passei um tempo vendo a televisão com a minha mãe na sala de estar, ela estava segurando George. Um discurso religioso de alguma igreja americana passou pela televisão, o que chamou a nossa atenção.

— Ele não sabe o que fala, olha a idade dele. — Minha mãe disse.

— Ele parece ter a minha idade, mamãe.

— Justamente, vocês são só crianças. — Revirei os olhos com força.

— Exerço um papel extremamente delicado para uma criança. Talvez a nossa idade não seja um requisito para realização de grandes coisas. A senhora deveria escutar mais as palavras dele sobre o perdão.

— O perdão é algo extremamente nobre e delicado, principalmente quando nós duas sabemos a quem você quer que eu perdoe.

— Eu admito que está sendo difícil para mim também, principalmente depois dos arquivos.

— Eu soube que ele está vindo. Cuidado para não sofrer uma lavagem cerebral.

— Estou pensando muito no que faço com ele. Mas para ser sincera, não posso concertar um homem que tem idade para ser meu pai.

— Apenas toque no ponto fraco dele com um belo corte de gastos de pensão e manutenção de residência. Talvez retirar títulos, mas você pode fazer o que quiser. 

— Não sou capaz de modificar algo que o meu pai fez pelo irmão.

— Jisoo.

— Papai sabia de tudo o que Harold estava envolvido, mãe. E ainda assim, ele deu condições para que vivesse bem o resto da vida. Quem sou eu para mudar isso?

— A sucessora dele.

— Não posso fazer isso.

— Você pode fazer, mas não quer. Ocupa o cargo de Albert e está apegada a um traço do reinado dele que foi um erro. Minha filha, esse é exatamente o objetivo da sucessão. Se você não fizer isso, o Parlamento pedirá que faça.

— Mas...

— O seu pai colocou a família em primeiro lugar quando deu todas essas regalias ao irmão. Pense bem nisso.

Eu me levantei do sofá e olhei para ela.

— Estou de saída, mãe.

— Boa sorte. — Ela disse com a voz carregada de muita sinceridade. Andei pelos corredores e me perguntei onde estava Thomas Lascelles.

Quando entrei no meu gabinete, encontrei Martin.

— Martin. — Não escondi a minha surpresa.

— Vossa Majestade, bom dia. — Ele inclinou a cabeça em reverência.

— E que dia incrível. É muito bom ver você. Tem notícias de Lorde Lascelles? Ele ainda não apareceu por aqui.

— A senhora não se lembra? Ele se aposentou a alguns dias.

Parei no meu caminho até a mesa e me virei para observar Martin.