Capítulo 05 - Dança Infernal

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Eu estava com muita raiva de Bruno e de Ana Júlia e Igor que também não deram as caras na festa. O sumiço de todos eles não só me fez ficar a festa inteira com Gustavo, Lila e Eduardo como também me fez ser obrigada a dançar com este último. Música lenta. Para ser mais exata: Thinking Out Loud, do Ed Sheeran.

Claro que eu não fazia nem ideia de quem era Ed Sheeran e de qual era aquela música, mas Lila fez questão de me explicar e de me mostrar a foto do cantor. E não é que, para piorar, ele não era um pouco parecido com o Eduardo? Quando mencionei isso para Lila, ela jogou os cabelos para trás numa grande gargalhada.

― Eu acho o Eduardo mais bonito.

Mas essa não foi a pior parte. Ah não... Se os problemas da minha noite tivessem se resumido a dançar a música do clone do Eduardo, teria sido uma noite tranquila. O problema foi que, lá pelo meio da noite, eles abriram o palco para karaokê.

E adivinha quem correu para colocar nosso nome? Exatamente. Lila.

E quando nos chamaram, eu me agarrei com toda minha força a cadeira, mas Eduardo e Gustavo me arrastaram placo acima. Eu tentei correr palco abaixo, mas estávamos cercados por pessoas que se aproximavam para ver o “show” e esperar sua vez de cantar também. Eu não tinha nem ideia de que música Lila tinha escolhido quando colocou nosso nome na lista, mas contrariando todas as minhas expectativas, reconheci no primeiro acorde.

Porque era Sandy e Junior.

Eu tentei desesperadamente sair do palco, independentemente da quantidade de pessoas que tinha obstruindo a passagem, mas Lila me segurou pelo braço, puxando-me em sua direção.

― A gente vai ficar nesse microfone, os meninos naquele – apontou ela, com um sorriso. ― Vai ser muito engraçado.

Sério.

Sério.

Por que, meu Deus?

Eduardo e Gustavo se empoleiraram atrás do microfone indicado por minha amiga, rindo muito da situação. Quando as letrinhas apareceram no telão, os dois incorporaram o personagem e, olhando na nossa direção, cantaram:

― Garota, o que que eu faço para ganhar seu coração? Me fiz o que eu não faço, vou até lamber sabão...

Por favor, alguém coloque o Ed novamente. Eu passaria o restante da noite dançando com o Eduardo, por mais horrível que isso fosse, se eu pudesse pular essa etapa da noite.

Mas não podia. Nosso público estava rindo e batendo palmas. Lila debruçou-se sozinha no microfone para cantar nossa parte do dueto:

― Sai fora garoto, nem pensar, você eu passo. Namorar contigo é coisa que eu não faço – sorriu na direção de Gustavo e inclinou o pedestal do microfone na direção dele, antes de completar. – Para você mudar minha cabeça? Ah, vai ter que rebolar, rebolar e rebolar.

Eu achei que conhecia Lila bem o suficiente. Afinal, sempre fomos melhores amigas. Porém, quando a vejo naquele vestido justo rebolando de fato em cima daquele palco, começo a me questionar sobre a veracidade de nossa amizade. Porque eu jamais pensei que iria ver Lila, a contida Lila, a pura e casta Lila, fazendo aquilo.

― Se você não cantar vou ficar muito chateada – ela ameaçou quando os meninos voltaram a cantar a parte deles. – Para de bobeira, curte o momento! É só uma brincadeira. – então, ainda me olhando de soslaio, voltou a cantar. – Carinha, eu tô fora, é melhor se segurar. Você não faz meu tipo, não insista que não dá. Pra você me dar um beijo. Ah, você vai ter que rebolar, rebolar e rebolar.

Acampamento de Inverno para Músicos (nem tão) TalentososOnde histórias criam vida. Descubra agora