Capítulo 68

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VICTOR

Babi deita no porta-malas e me observa enquanto eu também me ajeito para ficar confortável.

Talvez transar dentro de um porta-malas seja meio estranho, porque não é um lugar muito habitual para fazer isso. Mas se considerar o lugar que estamos, é romântico.

"Como essas árvores são bonitas," ela observa, com as mãos por debaixo da cabeça, "São tão altas e vibrantes. Não tinha reparado nisso na primeira vez que viemos."

"Deve ser porque estava escuro e seus olhos estavam embaçados de lágrimas," respondo, e ela sorri envergonhada.

"Pelo menos agora eu posso ver com clareza," diz ela, pensativa.

Eu me deito ao lado dela e observo as árvores e o céu, O verde das árvores se encontra em vários tons, como se buscasse o tom ideal para se equilibrar, mas é esse desequilibrio que deixa tudo perfeito, O céu também está azul vibrante, quase sem nuvens, e com muita luz do sol. A luz bate nas folhas da vegetação e a faz brilhar, espelhando todo aquele brilho para os nossos olhos.

"Victor?" Ela chama, ainda olhando para fora do carro.

"O que foi?"

"O que aconteceu?" Sua voz sai fraca, como se estivesse com medo de perguntar, e ainda não olha para mim.

Não sei exatamente do que ela está falando, então apenas espero para ela completar a sua pergunta.

"Hoje mais cedo, você disse que já havia se decepcionado demais, O que o fez parar de confiar nas pessoas?" Ela completa, "Não consegui parar de pensar nisso desde quando você me disse. Sei que só fazem alguns minutos, mas.. você se sente confortável em me contar?"

Meu silêncio se estende por mais alguns segundos. Não tenho certeza se devo contar a ela ou se ao menos consigo falar sobre isso novamente. Eu voltei para cá para esquecer sobre isso, e talvez eu devesse esperar até perceber que falar sobre isso não me machuca mais.

"Vamos falar sobre outra coisa primeiro," digo, dando-lhe um beijo no nariz.

Ela sorri e assente.

"Tudo bem," responde. "Sei que o assunto já acabou, mas, estava pensando, e ser amiga de apenas uma pessoa está sendo muito difícil até agora."

Eu rio do seu comentário. "Está?"

"Surpreendentemente sim. Não é que você não é um amigo bom o suficiente, mas é que eu sempre tive tantos amigos, e agora eu só tenho um. É estranho ter várias pessoas para contar seus segredos e inseguranças, mesmo que isso não seja muito certo, sinto falta de confiar demais nas pessoas. Acho que apenas não estou acostumada."

"Então não se acostume, faça novos amigos."

"O que? Mas você acabou de dizer que não se deve confiar nas pessoas."

"Eu disse que tem que tomar cuidado em quem confia," corrijo. "E se você não se sente bem com um círculo pequeno de pessoas ao seu redor, e sei que você não se acostumaria com isso porque não faz três horas que você passou a não ter amigos, então você deveria conhecer pessoas novas, pessoas que não se importam com o que os seus antigos amigos se importavam. E se certifique que essas pessoas são confiáveis e que seus segredos não serão usados contra você depois. Você sabe, como a Melanie provavelmente vai fazer agora."

Ela me olha pensativa, novamente, mas concorda.

"Talvez você esteja certo, mas vai ser dificil dessa vez." Ela respira fundo.

"E sei que a Melanie vai fazer alguma coisa, já é de se esperar. E eu honestamente nem estou preocupada com isso, não me importo o que ela faça, só quero que me perdoe. Como já disse."

𝙳𝚒𝚐𝚊 𝙼𝚎𝚞 𝙽𝚘𝚖𝚎┊ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᶜ̧ᵃᵒ ᵇᵃᵇⁱᶜᵗᵒʳ ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora