Capítulo 72

2.5K 217 69
                                    

Victor

Pego meu almoço e me sento na mesa que eu e babi normalmente nos sentamos. Ela demora alguns minutos a mais para chegar, provavelmente presa na aula de algum professor que não respeita o horário.

Quando meu estômago começa a roncar, vejo que estou com fome demais para esperar mais por ela. Começo a comer, mas sem pressa, ja que quero almoçar com a babi como sempre fazemos.

Passo o olho pelo refeitório enquanto como, pois este é agora, o meu único entretenimento avisto Melanie e Jay, que se aproximaram ainda mais desde quando ela e a Babi pararam de se falar. Tanto que, se eu não os conhecesse, diria que estavam namorando. Mas como os conheço, digo que os dois estão fazendo isso para darem o troco na babi.

Mas algo me bloqueia de continuar os observando. Não algo, alguém.

Babi entra na minha frente e beija minha bochecha.

"Desculpa a demora, eu estava conversando com a..." ela começa, mas eu continuo observando os dois, que agora que viram a babi, aumentam o número de beija e abraços. "O que você está observando com tanta atenção?" Ela pergunta, procurando para onde meus olhos apontavam.

"Nada, só, só as pessoas, normal..." Tento dizer, mas ela já havia achado Melanie e Jay juntos, se abraçando.

Me sinto mal por continuar olhando para eles ao ponto de fazê-la perceber, mesmo que ela iria ver em algum ponto de qualquer maneira. Mas eu precisava ter certeza se aquilo era real ou fingimento.

A expressão sorridente que seu rosto carregava some quase completamente, mas ela volta o olhar para mim e sorri novamente, como se não tivesse visto nada.

Babi nota que fiquei tenso ao vê-la daquele jeito coloca a mão no meu ombro, o massageando de leve.

"Não é nada de mais," diz. "Eles já eram amigos antes..."

Concordo com a cabeça, mesmo sabendo que ela está mentindo e que viu que aquilo que eles estavam fazendo não era nada parecido com uma amizade.

"Enfim..." diz ela, apontando para uma menina que nos observava bem na nossa frente, que eu não tinha visto antes. Há quanto tempo ela tá aí? "Victor, esta é a taina. Nós fazemos aula de geografia juntas. Acabamos de nos conhecer, e eu a convidei para almoçar com a gente. Não tem problema, tem?" Pergunta baixo.

"Claro que não, sente-se taina." Faço um sinal para ela sentar no banco, e ela se senta na minha frente, e a babi ao meu lado.

"Obrigada gente, vocês são ótimos," ela sorri.

Nós três ficamos em silêncio por alguns segundos. Acho que nenhum de nós tem intimidade o suficiente com ela para ter um clima menos estranho que isso aqui.

"Não se preocupe, você não vai ficar de vela ou algo parecido, nós não somos esses casais grudentos igual uns outros aqui," babi assegura, apontando para alguns casais do refeitório com a cabeça.

"Está tudo bem, não me importo muito de ficar de vela." Diz taina, com seus braços e pernas rentes ao seu corpo, como se estivesse relaxada, mas seus olhos mostram o quão inquieta ela está. "Na verdade eu estou bem acostumada a isso. Minha irmã começou a namorar cedo, então vocês já sabem, né?" Tento responder, mas taina logo começa a falar novamente. "O namorado dela ia lá pra casa praticamente todos os dias e ficava até tarde todos os dias. Talvez vocês não considerem que isso seja ficar de vela, já que era a minha casa, mas como nós passávamos tanto tempo juntos, acabei ficando muito amiga dele, e nós três começamos a sair juntos, Mas nenhum dos dois achavam ruim sair comigo, já que eles, igual vocês, eram melhores amigos além de namorados. E eu e a minha irma éramos muito amigas também, era muito bom, maravilhoso. Mas enfim, sair com os dois fazia de mim uma vela, mesmo que eu não achava isso. Pra mim, eu estava saindo com dois grandes amigos, mas a vida é assim, né? Ah, e caso vocês estejam se perguntando, não, a minha irmã não morreu, ela apenas foi para a faculdade."

Olho para babi com um sorriso de lado, que quase se transforma em uma gargalhada, mas consigo me conter.

"Que bom que... você e sua irmã eram próximas," digo, mas sai praticamente como uma pergunta, já que não sei direito o que responder depois de todo esse discurso.

As conversas continuaram até as nossas outras aulas começarem, e se não tivéssemos impedido taina de continuar falando, teriam se estendido até o próximo ano.

Quando estamos voltando para casa, as lembranças da nova amiga da babi conversando conosco me vem à mente enquanto dirijo. Não posso parar de pensar na cara da babi apenas a observando e a ouvindo falar, e logo depois dizer apenas algumas poucas palavras, que se transformaram em um grão de areia no deserto.

O rosto da babi era o melhor. Mesmo que não estava falando nada, estava amando aquela nova amizade.

"Do que é que você está rindo, em?" Pergunta ela, me analisando.

"Nada, só estou rindo de algo que lembrei," respondo.

"O que é que você esta rindo, Victor?" Ela teima, se ajeitando no banco e me encarando mais de perto. "Você está se lembrando da taina, né?! Eu sabia, não gostou dela."

"Ei, ei! Pare de me acusar deste jeito, eu gostei muito da taina," me defendo, aos risos. "Só acho engraçado que..."

"Eu sei, eu sei... não precisa dizer," babi responde, rindo junto comigo, e quase mais do que eu. "Ela fala demais, não fala?!"

"E como! Não sabia que uma pessoa podia falar tantas palavras em tanto pouco tempo."

"Eu sei, mas... espere," diz, depois que seu cérebro se da conta de todas as palavras. "Pare de falar mal dela."

"Não estou falando mal, só estou elogiando o dom que ela tem. Falar muito não é algo ruim, na verdade é algo muito bom. Você só tem que tomar cuidado com o que dizer, é diferente. E parece que a taina não tem problema com isso, os assuntos dela são interessantes, parece que ela aprende com a vida, e isso é ótimo, muitas pessoas não fazem isso."

Babi me fita por alguns instantes, então começa a rir de novo, mas desta vez percebo que ela não está rindo da taina.

"Como você é um nerd!" Ela dispara. "Eu sabia que não estava falando mal da taina. Quem falaria? Ela é ótima, seu jeito é muito engraçado, e a sua personalidade é única. Só queria ouvir o que sabia que você ia dizer, que era algo filosófico, igual sempre faz, me deixando te amar ainda mais."

Apenas alguns segundos depois, logo após estacionar o carro, percebo o que a babi acabou de dizer.

Paro de rir ou de me mexer. Ela acabou de dizer que me ama, ela acabou de dizer que me ama!

ela disse como se aquilo fosse comum, com toda a calma e tranquilidade do mundo, como se ela estivesse acostumada a dizer aquilo internamente e inteiramente, e foi completamente aleatório, do jeito que nós dois somos.

Vejo que a babi percebe o que disse e também paralisa.

Seus olhos encaram o fundo da garagem e os meus também. Devo responder? Eu quero responder, sempre soube disso. Mas sou corajoso o suficiente para isso?

"Obrigada... pela... carona," ela diz, lentamente, como se as palavra fossem independentes.

Mas eu tranco a porta do carro antes que ela possa sair. Não quero parecer um psicopata, mas ela não pode sair daqui antes de me ouvir. E não há momento melhor para fazer isso.

A Babi olha para mim, com confusão em seu olhar.

"Eu te amo," digo, do fundo do meu coração.




----
Daqui pra frente é só pra trás...

𝙳𝚒𝚐𝚊 𝙼𝚎𝚞 𝙽𝚘𝚖𝚎┊ᵃᵈᵃᵖᵗᵃᶜ̧ᵃᵒ ᵇᵃᵇⁱᶜᵗᵒʳ ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora