capítulo 84

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Babi

A única maneira que eu e o Victor tínhamos como nos comunicar agora, era através do vidro dos nossos quartos. Nossos celulares foram tomados e estávamos passando os dias da nossa suspensão apenas desejando que pudéssemos nos ver.

Mas como nossas casas estão longes uma da outra, não conseguíamos ver papéis escritos com alguma coisa ou qualquer outro jeito de se comunicar que não ultilizasemros palavras. Por alguns dias, utilizamos apenas mímicas e sinais que nenhum de nós entendíamos direito, mas não tinha como continuar assim.

Tudo que estava acontecendo era horrivel. Tinha apenas uma pessoa que faz tudo isso valer a pena, e agora estou a metros de distância dele.

Sempre vou até a janela para ver se ele está olhando para cá, mas as vezes que o encontro olhando para a minha janela na mesma hora que eu estou olhando para a dele são poucas.

Já fazem três dias que não o vejo, e isso pode parecer pouco, mas ficar sozinha e pensando as piores coisas durante este periodo faz parecer que foram anos e não apenas alguns dias.

Me aproximo da minha janela e vejo se a luz do quarto dele está acessa. Daqui a trinta minutos vai fazer quatro dias que não o vejo, ou melhor, não sinto seu cheiro ou não ouço a sua voz. Mas a parte boa é que poderei o ver na escola em dois dias, então acho que a espera vai valer a pena. Quando me aproximo, vejo que a sua luz está acessa e tem uma movimentação dentro do seu quarto, mas não consigo ver direito por conta da cortina que cobre praticamente todo o campo de visão possivel que eu tenho para dentro do seu quarto. Até que a cortina se mexe e se abre um pouco mais. Vejo Victor me encarando e meu corpo se enche de alegria. Essa era a melhor coisa que poderia acontecer antes de eu ir dormir.

Mas ao invés de ele sorrir para mim do jeito que eu estou fazendo para ele, ele apenas olha para mim sério e triste e fecha a cortina completamente. E alguns segundos depois, a luz se apaga e a movimentação no quarto termina.

Não entendo o porquê dele fazer isso se não nos vemos a tanto tempo - pelo menos na minha percepção -, e nada estava errado até a última vez que falamos. A não ser, é claro, os outros problemas que já tinhamos há muito tempo antes.

Tento não pensar demais sobre isso, porque sinto que já pensei coisas ruins demais pelos tempos que não saio de casa. Apenas fecho a minha cortina, apago a luz e vou dormir.

{♡}


Os dois próximos dias haviam passado ainda mais lentos do que os três primeiros.

Victor não apareceu na janela mais nenhuma vez durante este período, mas percebi que ele estava me ignorando porque sua cortina estava sempre fechada e ele estava sempre no quarto.

Comecei a checar cada vez mais vezes para ter certeza que eu não estava louca em estar achando que ele estava me ignorando, e eu nunca me sentir tão triste por não ter uma mente enlouquecida.

Minha casa durante este período havia se tornado um verdadeiro campo de guerra. Meus pais me lançavam olhares assassinos, e e fazia o mesmo. As palavras tinham que ser medidas com todo o cuidado, pois caso o contrário, iriam causar uma explosão.

E não acho que isso era por conta do trabalho ou medo de que algo ainda pior acabe acontecendo. Se nós estamos na falência, tudo que precisamos fazer é tentar nos reerguer, e meu pai sabe muito bem que isso não tem nada a ver com o meu namoro com o Victor. Tenho quase certeza que isso não passa de implicância. Meu pai não aguenta ver o pai do victor, e vice-versa. Eles não querem que nós ficamos juntos por conta da mágoa que guardam um do outro, não querem se ver nunca mais, e isso é ridículo.

Já vi muitas mães e pais rezarem para seus filhos não casarem com tal pessoa que eles não gostam. Não se preocupam nenhum pouco com a felicidade dos filhos, mas sim com a própria. E o pior é que isso acontece praticamente em todas as familias.

Quando chego na escola, a primeira pessoa que procuro é pelo victor. Mais ninguém está na minha mente. Não me importo se vou ver a Melanie, o Jay ou o Davi, não me importo se a escola toda esta me xingando neste exato momento, se estão me olhando com nojo como já olhavam antes. Estou focada em achar Victor.

Mas a situação agora piorou mil vezes mais. Se antes apenas um quarto da escola me olhava como se eu fosse um mostro, agora com certeza é a escola toda. Bom... exceto a taina e o Victor.

Enquanto passo pelos corredores, algumas pessoas me xingam e fazem caretas de mim. Sou chamada de todas as coisas que estavam escritas naquela parede e até mais.

Por mais que eu tente deixar aquilo passar-pois sei que não é verdade e que essas pessoas não sabem de nada-, não posso me impedir de me sentir um lixo, me sentir vazia e errada. De acreditar no que estão dizendo. Pensei do fundo do meu coração que aquilo não iria mais me atingir, porque estava tudo acabando, mas me atingiu com toda a força, me esmagou completamente no chão.

E a próxima coisa que percebo é que estou chorando sozinha no banheiro novamente, algo que têm acontecido com muita mais frequência ao decorrer do tempo. Mas não posso me dar o luxo de ficar no banheiro por muito tempo. Hoje eu tinha duas provas para fazer e precisava ignorar tudo que estava acontecido a minha volta.

Hoje, de tão mal que eu estava por ser rejeitada por toda a escola e ignorada pela única pessoa que realmente importava no momento, acabei ignorando até mesmo a minha única amiga, e me arrependi no momento em que fiz isso, mas sinto como se eu fosse vomitar ou desabar completamente assim que abrisse a boca para falar qualquer coisa.

Mais tarde, mesmo que eu não estava me sentindo nada melhor, fui falar com a taina e buscar algum conforto, além de me desculpar por mais cedo. Aproveitei também para perguntar a ela se ela tinha visto Victor hoje e ela falou que não.

Não tive muito tempo para conversar com ela, mas me senti melhor por apenas ter alguém para contar tudo o que estava acontecendo. Mesmo que depois todos aqueles problemas iriam voltar, a companhia dela havia valido a pena, como sempre.

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Bomm diaa
Hoje acaba 😔
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