Capítulo Cinco - Voar

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[Deixo gravado aqui que, Zouely é quase maior de idade nesse momento - Zombies alcançam a maioridade aos 14 anos - e que, se isso não for suficiente para evitar reclamações, deixo bastante claro que para eles é perfeitamente normal que o sexo ocorra com zombies de idades distintas. Nesse capítulo, à sexo consensual por parte do protagonista e seu par. Por favor, entendam que isso é um livro e que vocês foram avisados não apenas nesse capítulo, mas sim antes mesmo de ler o prólogo.]

Quando finalmente saímos daquele veículo, o sol já estava baixo. Não baixo o suficiente para estar escuro, mas ainda assim baixo para sabermos que, dentro das próximas duas horas, já seria noite.

Minhas pernas doeram no momento em que pisei no chão e reprimi um suspiro de dor. Tiên me lançou um sorriso engraçado, notando meu desconforto e ajudou meu pai a sair do carro no mesmo estilo dos filmes humanos antigos que os zombies mais velhos falavam.

O romantismo de um cavalheiro abrir a porta do carro para uma dama. Bem, meu pai não era uma mulher, nem humano, mas o pensamento se aplicava assim mesmo. A não ser pelo fato de que não era romântico.

A única intenção do "cavalheiro" era o sexo e não apenas isso, o "dama" em questão estava sendo pago para isso. Bem, bem, nem todos os contos de fadas são bonitos e românticos.

Tiên guiou meu pai até uma aeronave gigantesca parada numa pista escura ainda maior. Eu nunca tinha visto uma máquina tão grande, na verdade eu nunca tinha visto uma aeronave daquelas: eram muito caras e chiques para os zombies.

O preço para andar em uma eram quatro vezes mais o que uma zombie ganhava num mês muito produtivo. Isso, é claro, economizando durante quatro meses sem gastar nada nem para comprar comida.

Simplesmente não era viável.

Segui atrás dos dois em passos leves observando o meu entorno o mais cuidadosamente possível. Além do humano parado rigidamente ao lado de uma escada conectada ao avião, nós três estávamos sozinhos do lado de fora da máquina voadora.

Dentro, porém, eu conseguia ouvir outros três corações batendo ritmicamente. Alguém, eu presumi, tinha que controlar aquela coisa mas e os outros dois? Tiên já estava planejando algo ruim?

E se estivesse? Eu não poderia interferir.
Havia me comprometido com isso no momento em que aceitei que viria junto com meu pai. Agora, eu só poderia fingir que não estava vendo nada e ficar quietinho enquanto o que quer que Tiên quisesse acontecia.

O humano era... Estranho. Seu cheiro me lembrava à quando os adolescentes entravam no Montegomery pela primeira vez. Era uma mistura de apreensão, animação e nervosismo.

Deveria ser parecido com o que eu mesmo cheirava visto que eu sentia dois de três daquela pequena lista.

O humano apesar do cheiro esquisito era bem bonitinho, reparei enquanto passava por ele para dentro do avião.
Ele parecia jovem, talvez em seus vinte e poucos anos. Sua pela era negra e ele exibia um sorriso bonito e com covinhas.

Era quase... Fofo.

Notei naquele momento que Tiên ajudava meu pai a sentar na última poltrona do corredor, bem a frente de três portas.
Me preparei para ir até eles quando o faerye se virou para mim com um olhar sério. Entendi instantâneamente o que ele quis me dizer. Meus olhos cairam sobre meu pai que olhava pela janela completamente alheio ao que acontecia e me sentei na poltrona mais próxima a mim.

Meu corpo estava tenso e mordi meu lábio inferior numa tentativa de não emitir nenhum som. Tudo o que eu mais queriaera interferir e tirar o homem de perto do meu pai o que, infelizmente, não era uma opção.

Sobrevivendo á Sombras e Desilusões | #1Onde histórias criam vida. Descubra agora