Capítulo -14: O Pacto

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A esfera diminuiu a sua velocidade como se estivesse a ser controlada por alguém. E a presença de Abraão ficou ainda mais forte.

Confusa, olhei para Saeran a procura de algum sinal que demonstrasse que ele também sentia a presença do demônio.

- Risya atrás de ti. - Gritou Saeran com o seu olhar fulminante, fixado em algo na minha sombra. - Eu sei que estás aí Abraão. Mostra-te, ou pensa esconder-se atrás dela para sempre?

Uma sonora gargalhada preencheu o ar, olhei para o meu lado e vejo o vulto de Abraão a aparecer progressivamente. O demônio tinha uma varinha de cristal na sua posse. Na verdade, era a mesma que tinha sumido da minha mão a instantes atrás.

- Ora ora, quem diria que eu seria descoberto tão facilmente.

Saeran franziu o cenho.

- Como conseguiste quebrar o feitiço de Cyrus? - Perguntou o elfo ligeiramente confuso. - Supostamente não devias estar a andar livremente pelo palacete.

O demônio riu e olhou para mim com uma expressão vitoriosa no seu rosto.

- Quem disse que foi eu que quebrei o feitiço? - Ele levantou o seu dedo indicador e apontou as unhas compridas e afiadas como garras na minha direção. - Foi ela quem me libertou do feitiço de Cyrus.

Olhei para o demônio e levantei uma sobrancelha indignada com a acusação.

- É impossível que eu tenha feito tal coisa.

Ele riu-se mais uma vez e abanou a cabeça.

- Se eu fosse a ti, não subestimaria o teu próprio poder mágico, Garota. - Apesar do sorriso nos seus lábios, os olhos por outro lado, pareciam extremamente sérios e cortantes que nem uma faca afiada. - Quanto mais forte a nossa Sacerdotisa fica, mais fraco o selo que me prende a árvore também irá ficar. E, por consequência disso o meu poder também tem despertado juntamente com o poder da nossa Sacerdotisa. - Ele olhou ao seu redor e a raiva fervilhou na sua voz. - Mais cedo ou mais tarde irei ser completamente livre desse maldito feitiço que me prende a aquela maldita árvore e a esse palacete horroroso que parece que saiu de um dos contos de fadas escritos pelos humanos.

Abraão olhou nos meus olhos ao dizer essa última frase. Como se quisesse me fazer perceber alguma coisa que me tenha escapado. Tentei ler o seu olhar sério ao prender a minha atenção nele. Mas, não consegui decifrar o enigma que brilhava neles.

- O que queres? - Questionei calmamente.

- Terás trinta segundos para tomar uma decisão. - disse ele com os seus olhos fixos na esfera de energia que se aproximava lentamente. - O tempo já está a contar. Tick tack, tick tack...

Levantei uma sobrancelha incrédula com a cara de pau daquele demônio.

- O que acontece se eu não quiser entrar nesse joguinho.

- Morrerás juntamente com o teu amiguinho. Tenho a certeza que não é isso que queres. Estou certo?

Ignorei a última pergunta dele e fui direto ao ponto.

- E que decisão terei que tomar?

Ele sorriu.

- A decisão de fazer um pacto comigo que me permitirá ficar livre do feitiço que me mantém preso a este palacete e aquela maldita árvore.

O desgraçado era mesmo cara de pau. Estava a aproveitar da situação para ganhar algo com isso.

Nem pensar, não vou fazer isso...

Ele virou o seu rosto na minha direção com um sorriso calculista nos lábios.

- Tick tack. - disse ele a imitar o som de um relógio - Falta quinze segundos, Risya. Com um estalar dos meus dedos, consigo controlar aquela esfera para ir ao encontro do teu amiguinho elfo. E garanto que ele não sairá vivo dessa vez.

Ele levantou a mão no ar e estalou os dedos, a esfera parou de seguir em frente e começou a rodopiar sobre si mesmo e mudar a sua trajectória para onde Saeran estava. Arregalei os meus olhos surpresa. Disso eu não estava à espera.

Como ele conseguia controlar aquela esfera, sendo ela criado por outro demônio?

- Pará! - gritei - Eu faço o maldito pacto.

Saeran bufou alto irritado.

- Risya, que porra pensas tu que estás a fazer? Eu sei tomar conta de mim, não preciso que me protejas. Portanto, não aceita fazer a merda de pacto algum com esse verme. - O elfo tentou se aproximar e foi interceptado por um ataque de Abraão contra ele, que o apanhou completamente despercebido.

Tudo se passou tão rápido que nem vi quando Abraão saiu de perto de mim. Só reparei em Saeran a ser atirado contra a parede com um soco que fez o rapaz perder o fôlego.

- Maldito elfo! Quem te deu autorização para falar, huh? - Abraão apertou o pescoço do rapaz e enfiou as suas unhas na pele de Saeran o que fez o Elfo gritar em agonia. - Não te atreves a dar palpites nos meus negócios.

Saeran não era páreo para o demônio a sua frente e em pânico gritei;

- Por favor, pára! Eu já disse que faço o maldito pacto. Agora solte o Saeran.

O olhar de Abraão brilhou e um sorriso abriu-se nos seus lábios.

- Eu sabia que não irias me decepcionar, Sacerdotisa. - Com desprezo ele olhou uma última vez para o elfo a sua frente e o atirou aos pés do outro demônio que estava parado a presenciar tudo.

- Maldito sejas. - Resmungou o elfo caído que foi ignorado pelo demônio que, num piscar de olhos, desapareceu de onde estava e apareceu a minha frente.

O olhar de Abraão fixou-se em mim e o terceiro olho abriu-se. A varinha na sua mão começou a flutuar no ar e girou ao nosso redor criando um círculo de luz. A seguir, ela parou no meio de nós dois e inclinou totalmente até ficar no horizontal, criando uma conexão de luz entre eu e o demônio à minha frente.

Com um movimento rápido, Abraão cortou a palma da sua mão direita com as unhas cumpridas como garras e estendeu a outra na minha direção. Receosa, estendi o meu braço e senti a sua unha a rasgar a minha carne e a ser apertada no entrelaçar das nossas mãos.

O nosso sangue se misturou e pingou na varinha. Posteriormente caiu dentro do círculo que nos rodeava e desapareceu de imediato como se fosse absorvido pela luz.

O entrelaçar das nossas mãos foi desfeito, Abraão levou a palma da minha mão até a sua boca e lambeu a ferida e o sangue que escorria do mesmo.

Um arrepio percorreu o meu corpo ao encarar aquele terceiro olho enquanto ele fazia aquele ato repugnante. A sua cor acastanhada mudou e a íris ficou avermelhada enquanto a parte branca ficou negro como a escuridão de uma noite sem estrelas. O terceiro olho fechou e desapareceu da sua testa como se estivesse à espera daquele pacto para o fazer.

A varinha de cristal mudou de transparente para vermelho, e um olho foi desenhado mágicamente no meio do objecto mágico, que posicionou a minha frente como se me estivesse a pedir para o pegar.

Levantei a minha mão e agarrei no objeto mágico. Automaticamente desvaneceu, transformou-se em pó de fada que se entranhou na minha pele desaparecendo logo de seguida. O círculo ao nosso redor desapareceu juntamente com a sua luz.

- O pacto está feito e eu estou livre. - disse o demônio com um sorriso triunfante no rosto. - Agora, estaremos ligados para o resto da sua vida Sacerdotisa.

Ele estalou os dedos e a esfera de energia mágica desapareceu. Logo a seguir apareceram correntes mágicas por todo o lado, semelhantes às que me mantinham presa ao palacete, e prenderam o demônio. Uma voz masculina se fez ouvir alto atrás de nós.

- Se depender de mim tu nunca serás livre.

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2021 ⏰

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