Capítulo 6: Cyrus

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Tentei puxar o meu braço das suas garras mas a sua voz se fez ouvir áspera e grave num tom de aviso que me fez parar.

- Fica quieta, humana. Ou preferes morrer?

Olhei para ele confusa.

- Isso é uma ameaça? - questionei

- Não. É um aviso.

- Eu não pretendo te facilitar a vida nessa tentativa estúpida de me raptar.

Cyrus levou a mão livre até o rosto num sinal de impaciência.

- Pfff. Caso não tenhas reparado estamos dentro de um portal. Se eu te largar irás te perder aqui dentro. E isso não é tudo. As sombras irão apoderar do teu corpo. Eles adoram se hospedar nos corpos dos humanos e consumir toda a energia que contém neles.

Ao ouvir a explicação, eu olhei ao meu redor. Observei as sombras que se amontoavam ao meu redor, mas eles se afastaram logo a seguir como se fossem impedidos de se aproximar por uma barreira invisível.

- E porque eles não me alcançaram ainda? - questionei

- Porque a minha aura os tem repelido.

- O que são essas sombras? E porque vivem no portal?

Ele suspirou ruidosamente e olhou-me irritado.

- Para uma humana, fazes muitas perguntas em ocasiões inapropriadas. Começo a pensar que talvez seja uma boa ideia deixar as sombras te levar.

- Por favor não faças isso. Eu prometo que são as últimas perguntas que faço. - olhei para ele e forcei um sorriso.

Ele suspirou mais uma vez;

- As sombras são pessoas que se perderam dentro do portal. E com o passar do tempo os seus corpos foram consumidos até que se transformaram em sombras. - antes que eu fizesse outra pergunta ele prosseguiu. - Não poderão voltar. Eles já não têm um corpo físico. Aquele que tinham foi consumido por outras sombras. Provavelmente, é isso que irá te acontecer se eu soltar a tua mão.

Olhei para ele e agarrei-me ao seu braço com força. Eu não queria correr o risco dele me largar. No final do túnel tinha uma ponte. O lugar brilhava intensamente e as sombras não se atreviam a aproximarem-se. Havia uma silhueta a voar de um lado para o outro.

- Porque tem uma fada dentro do portal? - questionei mas logo lembrei-me da promessa que eu tinha feito a poucos minutos atrás e calei-me. Olhei fixamente para o homem ao meu lado que fixou os seus olhos dourados em mim e um grunhido de frustração saiu da sua boca.

Apesar da reprovação no seu olhar ele me respondeu;

- É a fada guardiã do portal. Ninguém sai ou entra sem antes passar por ela.

- Interessante saber isso. Mas...

- Chega de conversa. - ele falou interrompendo o que eu ia dizer de forma rude. - Agora vais manter-te calada e os olhos fechados até eu dar a ordem para os abrir. - olhei para ele com aquela cara de quem dizia "sério tenho mesmo que fazer isso?" e pareceu que ele leu a minha mente pois disse: - Não te atreves a desobedecer-me. Ou eu te deixarei a tua própria sorte dentro do portal.

Um calafrio passou pelo meu corpo ao ouvir aquela ameaça vindo dele. Eu não pretendia deixá-lo abandonar-me a minha própria sorte num lugar como aquele. Suspirei derrotada e assenti com a cabeça. Por enquanto era melhor fazer o que ele queria. Obediente, eu fechei os meus olhos e calei-me.

Cyrus andava rapidamente e eu fazia um esforço para acompanhá-lo, ele parou e uma voz feminina se fez ouvir.

- Cyrus! Sozinho no portal. Onde estão aquelas duas fadas que costumam te seguir para todo o lado? - eu podia jurar ter ouvido um pouco de sarcasmo na voz da fada.

Cyrus não ficou atrás, ele logo fez questão de responder a fada na mesma moeda.

- Elas devem vir atrás de mim. Não te preocupes, irás matar a saudades delas em breve. - ele cuspiu aquelas palavras como se fossem veneno para a criatura a nossa frente. - Enquanto isso, preciso de uma chave para a minha passagem.

- Qual será o local de destino?

- Wonder palacete.

- Interessante. O que pensas fazer no wonder. Aquele lugar está abandonado desde que a última Sacerdotisa desapareceu. - Eu sentia a desconfiança na sua voz.

- Pobre Helix. És sempre a última a saber das novidades. Temos uma nova Sacerdotisa em Antalya.

- Impossível, a antiga Sacerdotisa foi dada como desaparecida e não morta. Para todos os efeitos ela continua a ser a Sacerdotisa guardiã da jóia sagrada.

- Mas agora tem outra.

- A sacerdotisa é a tua mãe. Não te importas que a rainha tenha arranjado uma substituta? - ela gargalhou e não esperou pela resposta - Pobre Cyrus foi renegado de todas as formas possíveis. - outra gargalhada - primeiro nasce como o filho bastardo do Rei. Depois a sua mãe que é a Sacerdotisa desaparece, e deixa o filho sozinho com quatro anos. E quando pensas que irias ficar com o posto da sua mãe és renegado mais uma vez. - ela riu-se bem alto sem parar e eu sentia o Cyrus a tremer de raiva.

- Chega! - ele gritou impaciente.

- Sim chega de tocar na ferida. - ela gargalhou mais uma vez - Deve doer muito, não é Cyrus?

Ele apertou o meu pulso de tal forma que eu acabei por soltar um grunhido de dor e a fada calou-se de imediato, como se estivesse a tentar ouvir alguma coisa. Mas, antes que a fada pudesse dizer algo ele puxou-me. E sou praticamente arrastada para longe dela.

Eu não sabia se podia abrir os olhos, mas sentia que o Cyrus continuava a tremer e a sua mão continuava apertado sobre o meu pulso. Quando ele falou, finalmente, a sua voz saiu firme.

- Podes abrir os olhos.

Assim fiz e olhei para ele com compaixão. Afinal, eu também cresci sem mãe. Não existia nada no mundo que substitui aquele vazio.

Mas eu tive a minha avó, que apesar de não me ter dado a luz, ela se tornou muito importante na minha vida. Ela era a mãe que eu não tive.

De repente, um sentimento apoderou-se de mim. Saudades da minha família. O meu coração começou a doer e uma dúvida pairou na minha mente como uma luz a piscar.

E se eu não conseguir voltar para a casa?

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Olá 👋 desculpa me o atraso. Mas aqui está o capítulo 6.
Revelações estão a surgir e mais interessante está a se tornar essa aventura de Risya em Antalya.

Não se esqueça de deixar o seu comentário e voto no final de cada capítulo. ☺️ ❤️ 😍
Beijinhos 😘

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