Capítulo 7: Palacete Wonder

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O meu olhar estava fixo no vazio, perdida algures nos meus pensamentos. Lembrar da minha avó e aquela sensação de medo de nunca mais voltar a vê-la tornou-se insuportável. O meu coração apertou-se no meu peito.

Uma lágrima solitária caiu pela minha cara abaixo e pingou naquele lugar habitado por sombras. Estes, rapidamente, correram até aquela lágrima e amontoaram-se ao redor dela numa intensa luta uns contra os outros para a tocar. Eles estavam desesperados pela energia dos vivos.

Olhei para Cyrus com compaixão e deixei as palavras saírem sem medo.

- Lamento profundamente o desaparecimento da tua mãe. - disse com a minha voz a sair entre um soluço - Eu tenho muito medo de nunca mais ver a minha avó.

Cyrus, que continuava a puxar-me pelo pulso, parou abruptamente. Os seus olhos pousaram no meu rosto. E seguiu com o seu olhar, outra lágrima que escorria dos meus olhos. A sua mão abriu-se, amparando a queda da lágrima e a transformou numa gota de cristal.

- Realmente, é um desperdício. -  ele fechou a mão e o levou ao bolso com intuito de guardar a lágrima de cristal.

- Desculpa? - questionei enquanto secava os meus olhos com a mão livre - O que queres dizer com isso?

- Não interessa. - ele retomou a sua caminhada apressada enquanto me arrastava atrás dele.

- Porque é tão difícil para ti ter uma conversa normal comigo. - parei abruptamente e tentei puxar o meu braço das suas garras.

Cyrus também parou e pressionou a sua mão a volta do meu pulso .

- Pirralha insolente, - ele puxou-me com um safanão - a minha paciência está a chegar ao limite hoje.

- O que queres de mim Cyrus? - falei com o meu olhar fixo naqueles olhos dourados - Para onde me levas?

Cyrus buffa com impaciência e ignora as minhas perguntas;

- Não me dás outra alternativa garota. - ele agarrou-me como se eu fosse um saco de batatas e atirou-me sobre os seus ombros.

- O que pensas que estás a fazer? - gritei irritada - Põe-me no chão, seu desgraçado.

- Calada! - disse ele - Essa matraca ficará fechada até a nova ordem.

Ele estalou os dedos e um calor estranho emanou-se do seu corpo e entranhou-se no meu. E para a minha surpresa os meus lábios foram colados, me impedindo de falar.

- Hmmmm - isso era o único som que eu conseguia fazer.

Mas mentalmente eu estava a praguejar irritada todo tipo de maldições imaginadas e existentes.

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Tal como antes, ele abriu o portal e saiu comigo nos seus ombros. As sombras que nos seguiam ficaram parados de olhos fixos em nós, como se nos estivessem a invejar, enquanto o portal fechava a frente deles. Por um momento, eu pensei que fossem saltar fora do portal, mas não o fizeram.

Ele colocou-me no chão e voltou a apertar a sua mão sobre o meu pulso, impedindo-me de tentar fugir. Cyrus, olhou impaciente ao seu redor como se estivesse a procura de alguém. Um grunhido irritado saiu da sua garganta ao perceber que não havia ninguém nas redondezas.

Olhei para ele confusa, com o seu comportamento estranho e apercebi-me do seu olhar  de desapontamento. Pelos vistos, ele estava com a expectativa de encontrar alguém à nossa espera. Os meu lábios continuavam selados e eu não podia fazer a pergunta que começava a fervilhar da minha mente.

Quem ele esperava encontrar?

Rapidamente o meu interesse em fazer perguntas se perdeu ao ouvir as orgulhosas palavras a sair da boca dele com entusiasmo;

- Bem-vinda ao magnífico Wonder Palacete. - os seus olhos fecharam-se e ele inspirou o ar para os seus pulmões como se estivesse a recordar de algo maravilhoso - Este foi o local onde nasci e tive os melhores momentos da minha vida.

Estávamos a frente de um imponente palacete. A natureza tinha reclamado o que era seu por direito. Mas mesmo assim a beleza do palacete continuava altivo. As plantas que cresceram ao seu redor só o tornava ainda mais fascinante aos olhos de quem o admirava. O que era o meu caso.

Subimos as escadas até à porta principal. Cyrus retirou uma chave do bolso e abriu a porta que se agiganta a nossa frente.

A porta abriu-se com um ranger triste que ecoou pelo espaço vazio de vida.

Estranhamente o local não continha nenhum grão de pó na sua superfície ou teias de aranhas, era como se alguém o tivesse limpo recentemente.

Eu andava ao lado do Cyrus pasmada pela beleza ao meu redor. Se a minha boca não estivesse colada, com certeza ela estaria aberta e embasbacada de surpresa.

As janelas estavam decorados com vitrais. Que são como mosaicos coloridos e resplandecentes que quando atravessados pela luz, conferem uma aura celestial aos lugares onde se encontram.

A mobília era rústica, o que dava um toque acolhedor ao palacete. Passei a minha mão sobre o veludo do sofá, a sensação de conforto trespassou para o meu corpo, acarinhado por um estranho sentimento de pertencer a aquele palacete. Parecia que eu já tinha estado naquele lugar antes. Déjà vu, era sem dúvida isso a sensação que eu estava ter. Era impossível eu já ter estado naquele palacete antes.

A luz, que passava por entre finos pedaços de vidros coloridos, criavam dentro do palacete uma aura mística, representando a luz divina que emana do céu, através do sol. Estes poderiam
apresentar em sua composição desenhos geométricos, arabescos, brasões e monogramas, ou ainda histórias e personagens da história mística de Antalya.

Era triste pensar que um palacete magnífico como aquele estivesse ao abandono e sem vida a habitar dentro dele.

Sentimos a porta a abrir-se com um ranger tímido atrás de nós e ambos viramos na sua direção.

- Estás atrasado, Saeran. - Cyrus esticou o braço e apontou um dedo na direção de um rapaz de capuz preto que entrou pela porta. - Espero que tenhas uma boa justificação.

O estranho de capuz levanta a sua cabeça na minha direção e um sorriso familiar aparece no seu rosto escondido por baixo do capuz.

"Merda, eu conheço aquele sorriso". Pensei para com os meus botões.

Ele puxou o capuz, que caiu atrás da sua cabeça e finalmente pude confirmar as minhas suspeitas.

O seu olhar azul celeste brilhou pecaminosamente na minha direção e os seus lábios rasgaram-se naquele sorriso travesso que fazia o meu coração falhar uma batida antes de começar a bater descompassadamente como se fosse saltar pela minha boca a qualquer momento.

"Merda!" praguejei na minha mente.

Não havia dúvidas de que era mesmo ele.

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Olá 👋 caros leitores. Capítulo acabado de sair do forno.
Tal como eu, vocês devem ter percebido quem é o rapaz de capuz, certo?

Vocês estão a gostar da história? Do enredo e das personagens? Qual é a vossa preferida até agora?

Agradeço muito quem está a ler. Mas eu apreciaria ainda mais ver os vossos comentários e votos no final de cada capítulo. Não sejam fantasmas 👻 Kkkk se não têm tempo para comentar pelo menos deixa a sua estrelinha 🌟 no final de cada capítulo. Não custa nada é só clicar. ☺️  Isso ajuda me a continuar a escrever e não desistir da história. Devo vos confessar que tenho feito um esforço enorme para não desistir das histórias que estou a escrever. As vezes é cansativo. E não ter returno de quem lê pode colocar em causa a continuidade da história. Por outro lado, estou agradecida a quem gosta de ler e comentar as minhas histórias e que deixa sempre o seu voto. Eu aprecio muito ler os vossos comentários e o meu coração ♥ dispara sempre que vejo que estão a votar.

Beijinhos grandes a todos 😘

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