Estilhaço

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Eu não estou sentindo dor, aparentemente meu corpo está intacto, mas parece que minha cabeça foi espancada por uma legião de Magnetrons. Estou entrelaçando minhas mãos com fita curativa, não sei como eu perdi o controle dessa forma, teoricamente nossos poderes não deveriam nós machucar não é mesmo?
Alguém entra no quarto, porém, sei muito bem quem é.

- Como está querido? - Minha mãe pergunta. Se sentando ao meu lado na cama.

- O curandeiro disse que eu iria melhorar logo logo, não vai demorar.

- Entendi.

- Como está meu irmão? - Pergunto, e imediatamente ela se afasta de mim, eu a sigo com os olhos e ela vai lentamente em direção a um pequeno espelho na cômoda, parece está pensativa ultimamente, não tem falando muito, percebi isso a um tempo.

- Preciso de você Maven, e você precisa de mim. Sabe que eu te amo não é?

Quase começo a rir, não entendo o que está acontecendo, porquê está falando assim?

- Sim. - respondo friamente.

Agora ela está se olhando no espelho, consigo ver seu reflexo nele, seus olhos, e ela consegue ver os meus, eu sinto isso...Uma conexão entre mim e ela, cada vez mais forte, ela tem me ajudado e apesar de está agindo menos em mim, eu a sinto, mesmo quando estamos longe, ela está ao meu lado.

- O que houve com meu irmão? - pergunto e novamente não sou respondido.

- Maven, querido, olhe para você. Olhe para você.

Ela novamente olha para mim, estou sem camisa e com uma calça preta, não sei o que ela está querendo que eu faça ou entenda, mas seus olhos me olham com um certo desprezo, decepção? Não sei, mas estou me sentindo incompetente.

- Se é sobre Cal que quer saber, ele está completamente bem. Não se preocupe, ele não tem nem um arranhão, mas você... - Ela percorreu os olhos sobre mim com escárnio e o que parecia ser... Raiva?

- E...Eu...Eu não sei o que aconteceu.- digo, olhando para ela.

- Você é um príncipe Maven, um Calore, um prateado. Não pode continuar assim, pelas minhas cores, você não está preparado para uma guerra, será que não entende o que aconteceu alí?

- Mas você estava lá... Vo... você... - Não foi culpa minha, não foi. Ela sabe disso, porque está agindo assim? Ela estava lá, estava comigo... Porque ela está agindo assim? Eu não tive controle, não tive controle sobre mim, ela...

- Me diga aonde está indo. - ela ergue a cabeça e continuo de cabeça baixa, olhando para minhas mãos.

- O que? - Não sei do que ela está insinuando.

- Porque procuro você pelo palácio e não encontro garoto? Não é a primeira vez que mando guardas procurarem por você em todas às alas e não o encontram, as vezes pago a eles para que fiquem de bico calado, o que aconteceria se soubessem que o príncipe de Norta está fugindo ou aparentemente não está nem aí para suas responsabilidades?

- Isso não importa agora. - realmente não me importa, mas para Elara sim, ela sempre quis me ver como Cal, um garoto que se importa com assuntos da corte, que está se preparando para se rei, mas eu não, não quero e nem Cal quer. Muita das vezes ele diz que quer se libertar e sair deste lugar de vez em quando, mas é só algumas vezes, tem dias que não sei se ele sabe o que realmente quer. Enfim, parte de mim gostaria de ser tão bom quanto ele, mas não agora. Minha mãe já sabe que tenho fugido, ela me vigia o tempo todo através das câmeras do palácio, só tem essa opção. Ela está fingindo, ela não manda guardas me procurarem, seus olhos já me acham.
Temo que ela sabia sobre o que está acontecendo entre mim e Thomas, e se já souber? Devo falar? Devo guardar esse segredo? Será que tem alguma coisa sobre mim que ela não sabia?
Ela começa a rir em uma tonalidade alta e jogando a cabeça para trás, ergo a cabeça e olho seriamente para ela, que lentamente vem em minha direção.

- Querido, não minta para mim.

Então levanto da cama e sinto uma de suas mãos em meu ombro, ela da um leve sorriso e joga a cabeça para o lado com uma expressão terna, uma tentativa de ser doce.

- Você sabe que não estou mentindo, mãe. Para que eu estaria fugindo? Para onde?

- Aah, então... Já que você diz eu vou acreditar. - Ela se ajeita e da um sorriso ainda maior e mais... Maligno.

- Prometo que vou me empenhar mais mãe, eu prometo, o que ocorreu hoje, não vai acontecer novamente.

- Muito bem, você só está confuso querido, talvez seja a idade e não esteja conseguindo controlar seus poderes.
Eu acredito que você vai melhorar, tenho certeza.

- Me ajude mãe, me ajude.

- Estou sempre com você querido, sempre.

Abaixo a cabeça e dou um suspiro, realmente estou confuso ultimamente, me sinto completamente perdido. Ela me ajudar as vezes a melhorar nas minhas fraqueza, mas as vezes parece me confundir ainda mais, eu achei que o que aconteceu no treino hoje foi parte dela, ela estava lá... Não entendo, já não sei mais quais partes são dela, ou quais partes são as minhas.

- Tenho que ir Maven, estou no meio de uma reunião importante, apenas tomei o intervalo para vir falar com você. Porque me importo.

- Eu sei. - repito, com uma voz fraca.

- Bom. É isso, até logo. E lembre-se querido, é melhor você esconder esse seu coração, ele não o levará a lugar algum que deseja chegar.

Ela saí, batendo a porta atrás de si. Olho para o lado, e pego o espelho que estava em suas mãos, refletindo apenas partes de mim, estilhaços, agora destruído.

Ela já sabe, minha mãe me conhece mais do que qualquer pessoa, mas do que meu irmão.

Então pego meu casaco e saio, preciso falar com Thomas.

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COROA DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora