Refúgio

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O vento está no meu rosto, e apenas o barulho das onda do mar me inundam e me levam para longe, longe de tudo.

- Porquê sempre temos que nos encontrar em lugares tão desertos? estou começando a achar que tem vergonha de nós.- diz Thomas, que está deitado na areia olhando para as nuvens, enquanto estou com os braços abraçando as pernas de frente para o horizonte, uma linha tênue que separa céu e mar. Aparentemente eles estão próximos, mas o mar é tão profundo e desconhecido, ninguém o conhece completamente, ninguém sabe o que tem escondido alí. Enquanto no céu que também possui suas profundezas, mas há estrelas, sua vastidão é impressionante, sua beleza... Um lugar que não tem limites, séria impossível medir a distância entre os dois.

- Thomy, eu amo você.

Ele vira a cabeça em minha direção e pisca, sinto seus olhos em mim.

- Eu sei, Maven, eu sei.

- Então porque dúvida?

Não consigo olhar para ele, apenas digo o que sinto, não quero ser influenciado pelo seu olhar doce e terno.

- Não estou duvidando de vocês, apenas... Eu apenas gostaria de ter ajudar. Você não parece bem ultimamente. Escreveu algum sonho?

- Você sabe que isso não é tão comum assim.- respondo.

- Sim, mas só quis saber.

- Me perdoe, realmente não estou bem.

- Então me diga, o que aconteceu?

Quando ele me pedi isso, não posso negar, não quero mentir para Thomas, já estou fazendo isso demais, não sei o que fazer, eu também não posso falar a verdade, não por enquanto. Então retiro as luvas pretas que estavam recobrindo minhas mãos, ele se quer tinha reparado, ou tinha?
Enfim... Ele olha e se sobressalta.

- O que foi isso? Está doendo?

- Não se preocupe, eu irei melhorar logo logo. Eu apenas me queimei.

Preciso mentir para protegê-lo, pelo bem de Thomas.
Ele olha para minhas duas mãos, que não estão doendo e as toca levemente. Um calafrios percorre minha espinha de baixo a cima e meu coração acelera. Então olho para ele e ele olha para mim.

- A pior dor não é essa. - respondo, e meu mundo desaba.

Thomas me abraça enquanto lágrimas correm em meus olhos, uma dor incessante percorre meu corpo e minha garganta arde com uma bola de fogo.

- Eu pedir o controle Thomy... Eu quase machuquei meu irmão.

Ele me abraça forte e ali ficamos, por um bom tempo. Céu, mar e uma linha "tênue".

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O sol começa a se pôr e nós ainda estamos aqui, como um só.

- Só não quero que você se machuque Thomas, por favor, promete pra mim que vai me entender?

Ele coloca o queixo sobre a minha cabeça e acaricia as minhas costas.

- Prometo, Maven, prometo que seja o que for que esteja acontecendo, vou lhe ajudar sim.

- As vezes que não entende você sou eu sabia? Como pode ser tão bom? No mundo que estamos... Como confiar em alguém que conheceu no Front de guerra.

- Só o que importa a agora é o que eu sinto por você Maven, nada nesse mundo pode mudar isso. Nada.

Eu o aperto com mais força, queria pedir perdão por esconder tantas coisas dele, mentir para quem mais amo, faço para protegê-lo. Tenho medo do sou, do que estou me tornando desdo momento em que comecei a dar os primeiros passos com a ajuda de minha mãe.
Não consigo fazer nada direito, com ela, pelo menos ainda posso sobreviver, sem ela, eu não saberia o que fazer naquele lugar que nunca quis ficar, na corte, mas é necessário, eu preciso ser forte, não posso ficar para trás.

- Ele está bem. Ele é forte. - digo.

Thomas se afasta e coloca sua mão sobre meu queixo.

- Não sabia que você tinha um irmão. Ainda bem que não aconteceu nada com ele.

- Sim.

- Mas você se feriu Maven, demais.

Me afasto abruptamente, e deixo Thomas, seco minhas lágrimas e fico em pé.

- Sim. Mas eu vou ficar bem Thomas, eu vou melhorar logo. Não se preocupe.

Ele ainda está no chão, calmo como sempre.

- Tudo bem, então.

Escuto ele dizer e se levantar. Sua respiração forte me deixa preocupado e talvez isso seja um sinal de preocupação dele também. Por mais que Thomas haja normalmente, ele está incomodando, eu sei que está. Então me viro para ele e olho nos seus olhos.

- Vá até seu irmão, e o abrace. Diga que o ama e peça perdão pelo que for que tenha acontecido.

Sua voz é firme como uma rocha. Fico em silêncio por um tempo, sem saber o que responder, Cal não deve nem ter sofrido. Mas eu estou completamente confuso tanto fisicamente quanto psicologicamente.

- Acredito que ele vai te entender Maven.- Thomas diz.

- Sim Thomy, ele vai entender.

Thomas vem em minha direção e cola sua testa a minha, olhando fixamente em meus olhos, sua boca da um leve sorriso de lado e por final ele beija minha testa e saí.

- Até. - falo baixinho, mesmo sabendo que ele não vai ouvir.

Então sigo meu caminho de volta a minha prisão.

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COROA DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora