Touch me.| H.S

f.our.

Volto a me sentar na cadeira de rodas e retorno a trabalhar.

A psiquiatra trocou meu remédio, e tive um puxão de orelha por ter parado de tomar minha medicação. E, hoje na terapia notei os graves sinais de insegurança que eu tenho.

— Então, Moreau... — Malik me olha, vindo com a cadeira para o meu lado e eu entendo tudo.

— Vou tomar uma nova medicação. — ele sorri com as palavras e eu revirou os olhos.

— Louis nos chamou para sair hoje. — Zayn diz enquanto batia os pés sem parar no chão.

Malik é ansioso, diagnosticado com transtorno de ansiedade ¹. Hoje em dia ele sabe controlar bem, mas os traços ansiosos nunca saíram de sua personalidade.

— Não sei, Malik. Lou é amigo do Harry e você sabe que não nos falamos tão bem, ainda me sinto um pouco incomodada estando na presença dele em locais que não é do nosso trabalho.

— Você deixa de ser molenga, anda mulher! Precisa enfrentar seu medo, que lenga lenga. — respondeu com as sobrancelhas quase grudadas uma na outra. — Você precisa enfrentar seus medos, já foi corna, o que mais você precisa correr?

— Não precisava me lembrar do chifre que o William me deu, Zayn. — dou com a cabeça no ombro dele.

— Aí! Você é cabeçuda, sabia?

— Em compensação você tem a cabeça pequenininha, a de cima e a de baixo, tonto. — revirou os olhos, e ele ri.

— Nunca reclamaram....

— Ou será que nunca tiveram coragem de reclamar?

— Arabella,mas uma piadinha e eu te jogo por essa janela,mulher! — ele me responde num tom ameaçador porém brincalhão. — E você ainda não me respondeu...

— Tá bom, tá bom... Agora me deixa trabalhar, chato.

[...]

No carro com Zayn, era a terceira vez que eu pedia para que ele me deixasse em silêncio pelo menos por algum tempo. Há tempos não me olho no espelho e hoje para me vestir precisei que me olhasse. Meus seios pequenos retornam a me incomodar, me encontro extremamente insegura por estar com um vestido preto colado no corpo, mesmo que minha jaqueta jeans cobrisse.

— Eu só queria que você parasse tanto de se auto avaliar, você tá o tempo todo racionalizando e querendo ter controle de tudo, Arabella. Qual foi a última vez que você viveu livremente? Você pensa tanto que logo mais não terá mais como viver. — ele da batidas no volante, e me olhava rapidamente de lado, já que estou no banco do carona.

Malik brigava comigo por eu estar pensando em cada passo que darei quando chegar na casa de Lou. Isso o incomoda bastante, e eu compartilho do mesmo incômodo, mas não é como se eu quisesse isso. Eu só não tenho mais controle de mim.

— Eu não vou no Tomlinson há tempos, Malik. Por Deus! Se coloque um segundo no meu lugar. A última vez que fui, nunca havia sido tão humilhada e desumanizada por alguém como aquele dia. — sinto um nó apertar na minha garganta, e eu tento engolir a saliva mas parecia que ela travava ali.

— Já se passaram dois anos desde esse dia, Moreau. As coisas mudam, as pessoas mudam. Ele estava passando por um momento delicado, você sabe.

— Eu também. As vezes é importante pensar nos outros, Z. E não foi isso que ele fez.

— Faça isso pelo Lou, ele está com saudades e vocês se amam. — Zayn diz parando o carro em frente a enorme casa de Tomlinson. — Bella, faça isso por mim também, e por você. Quanto tempo você não se diverte?

Zayn segura minhas duas mãos, e eu respiro fundo. O som de alguma música que tocava na casa estava abafado pelas portas do carro, mas já dava para ver que não era uma simples reunião. Sinto o mesmo acariciar meus dedos e por fim, soltar.

— Se eu pedir para ir em bora, você jura que vai me levar? — peço baixinho.

— Claro.

Me viro, saindo do carro. E aí, percebi o quão alto estava o som. Fecho os olhos, e o pedido de Zayn retorna em minha mente. Faça isso por eles e por você. Viva ao menos um dia na sua vida.

Zayn passa a mão nas minhas costas, me guiando até a porta. Ao abrir, logo vejo o quintal gigante de Louis cheio de pessoas, bebidas e algumas cadeiras. Uns jogavam, outros apenas jogavam papo fora e outros se pagavam pelos cantos.

Por um segundo, minha mente logo ordena que eu saísse mas eu ignoro.

Achamos Lou, que passa o olho primeiro em Zayn e arregala quando me vê.

— Meu Deus, Arabella! Que saudade! — ele me agarra em um abraço fraterno e aconchegante.

Eu respiro fundo em seu peito e sinto o seu perfume de sempre, noto ali a saudade que estava do meu amigo.

— O que deu nela que ela veio? — ele diz ainda abraçado e eu rio.

— Foi necessário implorar. — Malik responde eu reviro os olhos.

— Como é bom ver a mulher mais rabugenta do Reino Unido aqui! — ele me solta e aperta minha bochecha.

A festa ia bem, eu conversava com Niall e Liam, enquanto Zayn tentava a chance com alguma mulher e Lou sabe-se lá o que estaria fazendo.

— Eu sinto que você não gosta de fazer o que trabalha. — Niall diz, e eu levanto as sobrancelhas. — Você não é uma má funcionária, na realidade a minha melhor! Mas não te vejo feliz fazendo isso.

Com Niall eu tinha uma boa amizade, ele é alegre, simpático, tem a melhor risada do mundo e me sinto leve com a presença dele.

— Ela queria fazer psicologia. — Payne responde Niall e eu concordo.

— Sério? Por quê?

— Eu tenho TOC desde a infância,mas piorou depois da adolescência. Ninguém nunca quis me entender e eu nunca entendi o que acontecia comigo. Quando comecei a terapia eu aprendi muito sobre mim, mudou minha vida. E eu queria isso, ajudar as pessoas como me ajudaram. Mas, meus pais sempre tiveram o sonho de que eu seguisse com a mesma faculdade deles. Por isso fiz administração mesmo odiando. — respondo, olhando as tatuagens em meu braço direito.

— Caramba... E hoje em dia você não faz por quê? — Niall me pergunta novamente e eu o encaro.

Niall mostrava realmente muito interesse em ouvir minha história.

— Não da mais para mim. Já estou com 25 anos, vai demorar até eu me formar, conseguir as coisas... Eu tô bem na admin, ganho bem só não trabalho no que me dá gosto.

Payne ri, e conta que passa pelo mesmo. Nunca foi seu sonho ser do setor de contabilidade, ele sempre quis ser cantor, viver a própria voz.

— Nunca é tarde para conseguir o que ama. Eu sou chefe, mas também sou amigo de vocês. A vida vai muito mais além da nossa idade, do que adianta de formar jovem e odiar o que faz? Seja uma pessoa velha trabalhando e estudando o que sempre quis.

A conversa fluía bem, até o ouvir.

— E aí, gente! Tudo bem? — eu travo o maxilar.

Transtorno de ansiedade: Preocupação intensa, excessiva e persistente e medo de situações cotidianas. Podem ocorrer frequência cardíaca elevada, respiração rápida, sudorese e sensação de cansaço.

—Oi, gente! O que estão achando? Espero que estejam gostando. Amanhã já vou postar um novo capítulo e spoiler: Tem muita interação entre Harry e Arabella, vocês irão descobrir bastante coisa a partir do próximo capítulo.

Fiquem bem!

TPWK