Touch me.| H.S

s.ix.

ALERTA: Gatilho! Estupro.

— Você é idiota ou algo do tipo, Arabella? — Rose quase me bate com a xícara em sua mão após ouvir o que aconteceu noite passada.

  Rose é minha melhor amiga da vida, nos conhecemos há seis anos e nunca mais paramos de nos falar.

— Ele começou, eu não sou obrigada a ouvir coisas assim e ficar calada. — eu bebo o chá que ela tinha acabado de fazer para minha ressaca. — Nossa, que troço ruim.

— Bebe logo esse chá,sua tonta.— ela bate na minha testa.

— Aí! Eu tô com a cabeça doendo, mulher!

— Eu não posso acreditar que você fez isso tudo. Como você pode falar isso tudo? Você disse que ele sente falta delas! Arabella Moreau, você sabe como isso dói. Você foi tão insensível. — afundo a cabeça na almofada do sofá, e respiro fundo.

— Eu sei tudo o que eu falei,tá bom? Eu estou arrependida, mas ele também não está correto.

Rose se senta na cadeira estofada em minha frente e eu fecho os olhos para beber o chá horrível que minha amiga fez.

— Pois não parece, você perdeu quantos cromossomos de um dia para o outro? E outro detalhe, como você pôde beijar o Louis? Eu era afim dele um tempinho atrás, nunca me deu bola.

Agradeço mentalmente por ela ter mudado do assunto sobre Harry, mas já por outro lado...

Bom, se eu pudesse me afundar agora no chão e nunca mais aparecer, faria isso sem nem pensar duas vezes.

— Aí, sei lá... Ele só me trouxe aqui em casa, me ajudou a entrar e quando eu vi já tinha jogado o homem no sofá e beijado ele. Não faço ideia porquê fiz isso,mas o cara é um gostoso... — termino de beber o chá e sinto um arrepiar no meu corpo de tão ruim que era.

— Isso eu devo concordar... Homem gostoso da porra. — ela ri e eu concordo.

— Como está no laboratório? — pergunto sobre seu trabalho como farmacêutica, e ela sorri.

— Ontem foi um inferno, mas eu adoro aquele lugar, sabe como é...

Hoje era sábado, e geralmente Rose passava aqui em casa para ficarmos conversando um pouco. As vezes ela dormia aqui em casa, as vezes não... Dependia do seu estado de humor do dia.

No final do dia, ao deitar a cabeça no travesseiro vinha um turbilhão de pensamentos ansiosos e sem fundamento. Onde culpava dos meus mínimos erros aos maiores possíveis. Se eu pequei em dizer que Harry Styles sentia falta de suas meninas? Oh, se errei. Afinal, elas o trouxeram a vida e tiraram o brilho que ele via o mundo.

  Ao falar em cores no mundo, isso me recorda gravemente a época em que tive pensamentos obsessivos com a ideia em que o mundo estava perdendo a cor. Nos filmes antigos, vemos tanto o mundo tão colorido, bonito e cheio de vida! E hoje, a cada dia que passa parece que estamos entrando em tons terrosos e opacos. Isso me assusta, eu adoro cores.

   Me viro de barriga pra cima e abro os olhos encarando o teto branco. Era mais ou menos três horas da madrugada de um domingo e eu estava aqui, implorando aos meus pensamentos de uma forma indireta que eu apenas dormisse. Eu sinto sono,o cansaço de uma semana intensa de trabalho e de uma bebedeira numa sexta-feira, mas a minha mente é sempre a pior inimiga.

  E como parei a medicação e troquei por outra —sem contar que bebi, coisa da qual não posso por conta do medicamento —, demorará em média de seis a doze semanas para o medicamento iniciar o efeito esperado. Então, enquanto isso não ocorrerá, estarei lutando contra meu maior inimigo: Eu mesma.