n.ine.

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Minha unha arranhava minha jaqueta pela décima segunda vez, enquanto eu batia os dois pés no chão em sequência. Eu pensava se aquele avião cairia, e se caísse, seria onde? Eu morreria como indigente? Alguém iria no meu enterro? Eu ficava zonza de tantas perguntas.

Saio um pouco do meu próprio mundo quando sinto um abraço nas pernas, e vejo Khai.

— Deus, como está grande, garotinha! — me abaixo para a segurar no colo.

E se você derrubar ela?

— Saudade! — sinto seus pequenos braços rodearem meu pescoço, em uma forma de um abraço caloroso infantil.

E se você derrubar ela?

— Quando ela te viu, soltou minha mão. — Zayn diz, me dando um beijo caloroso de sempre na bochecha.

E se você derrubar ela?

— Ela tem uma tia favorita...— Gigi vem logo em seguida, e eu sorrio. Nos abraçamos e Khai desce do meu colo.

— Você está tão linda, Gigi! Que saudades. Não nos vemos há tanto tempo. — a olho, e ela assente.

E se você derrubar ela?

Ainda falava Styles e Liam, mas ainda tínhamos tempo. Eram duas horas da tarde e nosso voo era para às três e meia.

Khai falava como estava na escola, contava suas histórias engraçadas.

— Aí eu fui lá e dei um soco nele! — concluía a sua história de como a sua professora brigou com ela por ter batido no menino que pegou seus brinquedos.

— É, ele realmente mereceu. — eu a apoiei.

— Arabella... — Zayn me adverte, e eu rio.

Eu tive a sorte de me sentar ao lado de Gigi durante a viagem, e conversar com ela sempre foi bom, me ajuda sempre e é uma boa ouvinte.

— Eu acho incrível a forma que você cuida da Khai. E imagino como deve ser difícil cuidar dela sem o Z. Ele fica aqui morreendo de saudades.

Ela sorri, e desvia o olhar para os seus pés.

— É mais difícil mesmo, ele faz falta na criação dela. Principalmente porquê ela fica mais com minha mãe do que comigo... A vida médica é por muitas vezes cansativa e insuportável.

— Quando eu fiquei grávida, antes de perder... — respiro fundo, ainda era um assunto delicado. — Eu pensava se conseguiria criar sozinha, eu sabia que Zayn iria me dar amparo sendo uma mãe solo, ainda mais sem saber quem poderia ser o pai. Mas, por mais que ele me ajudasse, acho que não seria a mesma coisa.

— Sim, eu entendo... — ela me encara, e eu franzi o cenho. — Arabella, você sabe quem seria o pai da criança, por favor, não se engane.

A boca seca e eu levanto apenas uma sobrancelha.

— Não, eu não sabia e não sei. Da pra tentar parar de sempre que toca nesse assunto vir com essa conversa? Hadid, eu não sei e nunca vou saber. E eu não tenho mais a criança comigo, que diferença faz?

Ela suspira, jogando as costas de volta para a poltrona do avião e olha para frente. Logo, dizendo:

— Até quando você vai viver se enganando, Moreau? Eu sei que a sua realidade pode ser dura, mas você só se prejudica.

— Eu já tô de saco cheio dessa conversa. — Levanto, indo em direção ao banheiro do avião. Antes de entrar, passo o olhar lentamente pela poltrona que Harry dividia com Payne.

Quando entro, me olho no pequeno espelho daquele banheiro e passo a mão duas vezes na barriga.

— Eu nunca mais vou te ter. — olho para a minha pequena barriga pelo espelho e balanço minha cabeça, tentando não ficar obcecada nisso novamente.

Quando chegamos em Bratislava, na capital de Eslováquia, minhas pernas tremiam juntamente ao meus braços. O frio que o local fazia era desproporcional. Foram apenas duas horas e dez minutos de voo, mas o suficiente para esse lugar esfriar muito.

— Que merda! — passo a mão em meu braço, na intenção de esquentar um pouco

— Com frio? — Harry sibila ao meu lado, e eu apenas assinto, ainda andando até o hotel. — Toma. — ele põe um casaco grosso em cima dos meus ombros, e ali sinto o cheiro de cigarro misturado com perfume. Franzi o cenho, achando estranho o fato de estar com cheiro de cigarro e dele estar me emprestando um casaco.

— Não precisava. — ele nota que eu iria tirar o casaco, mas sua mão vai até minhas costas pressionando o tecido em mim. Suspiro. — Por que está me emprestando isso?

  Pergunto, finalmente olhando para ele e parando em frente ao hotel.

— Você fica estranha se tremendo de frio. — ele diz, e continua andando.

Filho da puta.
 

Milagres acontecem, postei duas vezes nessa semana!

Fiquem bem.

🦋

TPWK.

Touch me.| H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora