Contos da Estrela do Norte - O Sol e a Lua

Capítulo 1

Era tarde, por volta de duas horas, quando a turma fora dispensada da aula de proteção e criação de escudos, Matthew juntava seus materiais dando uma última lida nas anotações feitas no caderno com folhas milimetricamente cortadas e arranjadas de forma com que prendesse na grossa lombada feita de cola do caderno, ele terminou de passar os olhos pela última linha assentindo com a cabeça dando a certeza de que havia anotado todas as informações passadas pelo professor. 

Colocou as folhas soltas delicadamente no caderno e o jogou dentro de sua bolsa de couro lateral, pegou outro caderno onde anotava seu cronograma diário, às três da tarde aula de defesa contra magia negra era sua última aula antes de poder ficar livre até o jantar. Guardou também seu cronograma em sua bolsa, ainda que tivesse que passar no dormitório na torre leste para pegar sua armadura de treino, como foi o último a sair da sala, até depois que seu professor por ter ficado lendo seus documentos, Matt teve de fechar a grossa porta de madeira de carvalho com enormes pregos, do lado de fora havia uma placa escrito "Professor Freduardo Skyer" embaixo do nome havia escrito em grandes letras um pouco abaixo da altura do peito do garoto, "DEIXAR PORTA FECHADA, BATER ANTES DE ENTRAR", pois o professor, um atarracado canino de pelo muito fino e liso, com grandes orelhas e uma pequena barba que se juntava ao bigode. O professor preferia privacidade para corrigir e estudar o que seus alunos escreviam. 

O garoto fechou a porta e girou a alavanca que trancava por dentro tanto como por fora, empurrou para ver se a porta não abria e seguiu seu caminho a ala do clero, na parte leste. O corredor o qual seguia era comprido e tinha uma sacada que dava ao campo de recreação, onde os alunos podiam ficar livres em seus momentos que não haviam aula. Alguns garotos mais novos corriam para todos os lados, enquanto alguns mais velhos sentados conversando e se mostrando para um outro grupo de garotas meio-dragões que passavam dando risadinhas entre elas. Um pouco ao fundo, perto do grande portão que beirava o mar do norte, ficavam os elfos, eles nunca eram de se enturmar muito e esnobavam os alunos de outras raças. 

"Qual será a próxima aula do Telthor?" 

Se perguntou o garoto indo em direção a torre dos dormitórios ao leste. Telthor era seu amigo elfo que estudava para ser ladino, era muito alto, ruivo e era muito acessível à outras raças, diferentemente dos outros elfos. Os dois estudavam desde quando saíram do mesclado, que era turma de iniciação para todas as classes e raças, onde tinham ensino básico de batalha, poções, armamento e armaduras, dentre outras coisas. 

Agora os dois com 20 anos humanos, estavam se preparando para serem colocados em combate real, fora da supervisão dos professores. Este último ano teriam que se juntar à um grupo novo para teste, seriam colocados com garotos e garotas mais novos para que liderem e ensinem o que aprenderam e garantir a graduação e a partir do mês seguinte terão que cuidar e zelar por cada um dos garotos. Ele estava ansioso e um pouco nervoso, pois estava acostumado a trabalhar sozinho no campo de batalha, não estava nada confortável com o fato de que teria que lutar com mais duas pessoas ao seu lado, mas ainda assim se encontrava positivo e tentava manter em mente que seria algo bom transmitir todo seu conhecimento adquirido em anos de estudo. 

Chegando em seu dormitório encontrou sua armadura de treino polida, como se fosse nova, colocada em um manequim de madeira onde treinava algumas vezes utilizando uma espada curta. Por isso o boneco estava cheio de marcas de corte e remendos para manter a estrutura de pé. Ele desfez o nó de fitas de couro nas laterais que segurava a armadura e colocou-a em seu peitoral, calçou as luvas acolchoadas que não tinham as pontas dos dedos, pegou sua maça, escudo, olhou pelo espelho e viu seu reflexo, era de altura baixa-média, com o rosto muito branco, cabelos e olhos negros, conseguia ver os olhos puxados de seu pai e a boca de sua mãe. Enquanto saía, deu um "soquinho" de costas com sua luva acolchoada em uma luva de metal que era da antiga armadura de aço branco com detalhes em dourado, esta era a luva que um dia usaria em sua própria armadura, inspirado em seu irmão, falecido enquanto lutava bravamente na guerra dos anciãos.