Capítulo 6

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Logo que terminou os atendimentos, o paramédico resolveu tomar um banho, já que o horário da refeição se aproximava. Passou pelo pátio olhando as crianças brincarem, mas não encontrou sua nova melhor amiga.

Josh estava grato pela vida da pequena Liz. A simpática e falante menina foi um bálsamo para seu dia. Descobriu que a coreana era filha de missionários, que residiam mais próximos à fronteira, uma zona altamente perigosa e carente.

Após terminar seu banho, Toby avisou a Josh, que Joe queria vê-lo no escritório, sem demora o rapaz se dirigiu para lá.

Enquanto se aproximava da porta, o rapaz, de óculos e cabelos rebeldes, quase foi atropelado pela loira de olhos azuis. Cecília saia de lá totalmente arrumada. A moça estava com roupas sociais e salto alto. Isso surpreendeu o paramédico, mas este preferiu apenas sair do caminho da moça. Ela por sua vez continuou sem desviar o olhar de seu destino.

Josh acompanhou a loira com o olhar, ele realmente não conseguia entender o que se passava com ela. Por vezes achava que ela estava em outra órbita, como se o mundo dela fosse muito distante dali, enquanto em outros momentos, foi surpreendido por suas demonstrações de afeto totalmente esfuziantes. Sem conseguir chegar em algum parecer sobre a dona dos olhos azuis, o rapaz deu de ombros e seguiu seu caminho, logo batendo na porta do escritório.

— Oh, Josh! Estava esperando por você — Joe cumprimentou abrindo a porta e dando espaço para o rapaz entrar.

O escritório era um espaço simples, contudo arrumado, contava com uma pequena estante de livros, uma escrivaninha com um ótimo computador, cadeiras e surpreendente um ventilador, regalia pouco comum por ali.

— Fique a vontade — Joe indicou um assento para o rapaz.

— Obrigado, Joe. — O futuro pediatra agradeceu sincero, ele sentia-se confortável na presença do líder da missão.

— Soube que hoje você teve o primeiro contato com as crianças.

— Oh, sim! — O suspiro do rapaz foi audível. — Foi bem intenso!

— Eu te entendo. Porém, para ser sincero, eu agradeço por ainda não ter me acostumado. Na verdade, espero nunca me acostumar.

— Como assim?

— O maior perigo da vida de um ser humano, é se acostumar com o mal e com a dor alheia. Quando o sofrimento ao nosso redor deixar de nos chocar, certamente uma parte de nossa humanidade morreu. Isso sim, me dá medo! — Joe falou de forma profunda, enquanto Josh parou para absorver as verdades contidas naquela sentença.

— Eu concordo com você! Hoje me senti tão pequeno e quebrado. Contudo, agora estou grato por isso. Obrigado Joe!

— Estou sempre a disposição, amigo! — o moreno sorriu dando uma piscadela. — Contudo, te chamei aqui para fazer um pedido.

— Estou a sua disposição, Joe. Vim para esse país a fim de servir — Josh declarou firme, fazendo o sorriso do companheiro se alargar.

— Vejo muito de mim em você — Joe sorriu singelamente. — Sou grato à Deus por sua vida, Josh! Tenha certeza disso — diante dessa afirmação tão convicta, o paramédico se emocionou, sabendo que a admiração era recíproca. — Mas, vamos direto ao ponto. Não sei se você conheceu a pequena Liz hoje...

Os olhos de Josh se iluminaram diante da menção da amiga Liz, ela era como um ponto de luz.

— Eu tive a honra. Foi o bálsamo do meu dia. — O sorriso de Joe se alargou ao ouvir essa resposta.

— Aquela pequena tem o dom de iluminar tudo à sua volta, encanta por onde passa!

— Concordo plenamente.

BRAVE - A marca da sobrevivência ✓ Degustação.Onde histórias criam vida. Descubra agora