Capitolo tredici. DI SATANA E VENDETTA

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ROTEIRO CINCO | PARTE TRÊS
CAPÍTULO TREZE
POR SATÃ E À VINGANÇA

AMBROSIA da VINCI

Até então, eu ainda não havia entendido se aquilo era uma festa, reunião, ou o quê. Talvez tivesse sido um erro eu ter me afastado das questões familiares dos Medici — principlamente em momentos como aqueles em que eu não entendia nem porquê tinha que estar ali.

    Levei a taça de vinho aos lábios, dando um longo gole enquanto saboreava a bebida doce.

    — Você viu Francesco? — sussurrou Lorenzo a mim, certa urgência em seus olhos.

    — Eu deveria ter visto? — retruquei. — Novella disse que ele chegaria em breve, pelo o que ouvi. Por quê? Ele é seu convidado de honra?

    E no mesmo instante em que falei isso, as pessoas ali começaram a aplaudir a chegada do próprio Francesco. Revirei os olhos, dando outro gole no vinho que já estava acabando.

    Sorrindo desconfortável pela atenção recebida, Francesco caminhou até nós rapidamente.

    — Desculpem o atraso, eu estava no banco — pediu ele, logo virando para me cumprimentar. — Ambrosia.

    — Francesco — devolvi. — Será que finalmente podemos comer, então?

    Não esperei por uma resposta, simplesmente me dirigi para sentar na mesa. Percebendo que eu não o ouviria, Lorenzo gesticulou para que os convidados fizessem o mesmo. Logo, pratos deliciosos de comidas das mais variadas foram postos na nossa frente.

    — Maestro — chamou Vespucci a Sandro. — Já faz mais de um ano que começou esta comissão, certamente? Quando terei meu quadro?

    Sandro congelou, um sorriso duro em seus lábios.

    — O preço não varia a depender do tempo que você leva, Sandro? — perguntou Giuliano à ele.

    — Sim — afirmou, estranhando.

    — Então quanto maior a demora, maior é a barganha — disse para Vespucci. — Afinal, esse homem é um gênio.

    — Não tenho tanta certeza disso — disfarçou Sandro, a taça grudada em sua boca.

    Segurei o riso, quase falhando.

    — Pressa para ter seu quadro? — perguntei à Vespucci, um sorriso zombeiro em meus lábios.

    — Não tem ideia, senhora Medici — concordou. — Principalmente desde que descobri que seria você a inspiração.

    Tive certeza de que ouvi Lorenzo rugir ao meu lado. Mas no final, quem me mandara posar para aquele quadro infernal fora ele.

    Levantei a taça quando propuseram um brinde.

À vingança.


・❉・



— Quer segurá-lo?

— Deixe essa criaturinha há, pelo menos, três metros de mim.

— É meu filho, Ambrosia — exclamou Lorenzo. — Nosso filho.

— Ao inferno que ele é alguma coisa minha.

A lareira crepitante estalava no quarto. Enquanto eu estava sentada no sofá em frente ao fogo, Lorenzo colocara Piero em seu berço, há exatos três metros de mim, por sorte.

— Bebês são inocentes — disse ele. — Não tem culpa de nada.

— Tem culpa de querem existir — resmunguei.

— Está com ódio por não ser a mãe dele? — supôs, me fazendo franzir o rosto em uma careta. — Deveríamos dar um irmão ou irmã à ele, nesse caso.

— No dia em que o Inferno congelar, Lorenzo.

— Você gosta tanto do Inferno, Ambrosia — sibilou ele. — Cada vez mais me faz acreditar que veio de lá.

— Pode ficar quieto? — pedi. — Estou tentando ler está carta que chegou para você há uma hora.

Lorenzo deixou o lado de Piero, caminhando em passos apresados até mim e tirando a carta das minhas mãos.

— Sixtus está pedindo um empréstimo para comprar Imola — resumi o conteúdo. — Tem o selo do Papa.

— Só me disse isso agora? — reclamou ele, a voz se elevando.

— Você parecia ocupado demais bancando o papai todo preocupado com seu filhinho — fingi lamentação. — Não queria atrapalhar.

— Salviati já foi despachado para receber o dinheiro — ele me ignorou. — Sforza concordou então.

— Mas ele não tinha dado a palavra que Florença a teria? — questionei, mal me importando de verdade. — Vá para Milão. Fale com ele pessoalmente.

Ele negou frenéticamente.

— Já é tarde demais.

Lorenzo me deixou para trás, abrindo as portas e saíndo em disparada para as escadas.

— Espere — gritei, correndo até a porta. — O que diabos eu faço com a criaturinha?

— Seja uma mãe, Ambrosia — respondeu, querendo sair logo. — Ou finja, pelo menos.

Ah, por Satã! Eu era uma bruxa, não uma mãe.


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29.03.21

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

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𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Deuses, eu sei que demorei muito para atualizar, mas ando correndo com as outras obras também.

Por favor, não desistam de mim e de Renaissance. Prometo que logo voltarei com mais.

Agora, agradeçam a Bianca por toda semana vir me perturbar sobre o capítulo que eu não escrevia logo.

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RENAISSANCE 𖠷 𝐋𝐨𝐫𝐞𝐧𝐳𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐝𝐢𝐜𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora