𖠷 𝐀𝐓𝐓𝐎 𝐔𝐍𝐎 ━━━ DEPRESSÃO

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ATO UM ━━━ DEPRESSÃO

Paradoxo
"Você se sente tão sozinho
mas não fala sobre isso com ninguém
pois as pessoas só iriam aparecer
porque souberam que você está sozinho"
—zmagiezi

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P R Ó L O G O
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Toscana, 1469

Lucrezia de Medici corria para reunir seus filhos para logo voltarem a Florença. Ela não teme coragem de puxar Giuliano da cama, sendo que ele parecia estra acompanhado, o que fez a matriarca revirar os olhos quando ouviu os risos que vinham do quarto. Com Bianca fora mais fácil, visto que essa só terminava de escrever algo e se oferecera para buscar Lorenzo em seus aposentos, mas sua mãe já havia ido lá e nenhum sinal do filho.

            — Os dois estão certos, como também estão errados — disse Lorenzo, sentando-se em cima da mesa ao interromper a discussão de Sandro e Poliziano. — Você deseja retratar a beleza de Deus, Sandro, e você, Poliziano, deseja recriar a sabedoria dos antigos.

            — Exatamente — concordaram os dois jovens.

            — Mas de onde é que vem a sabedoria se não do Senhor?

            A pergunta realizada por Lorenzo fez com que Sandro e Poliziano, sentado à mesa de jantar, refletissem por alguns segundos. Foi tempo o suficiente para Lorenzo despejar vinho nos copos a sua frente, tomando um deles para si.

            — Agora bebam — mandou — antes que minha mãe venha me chamar.

            — Não a mamãe, mas eu — disse Bianca, andando em passos apressados até os rapazes. — Agora, por favor, me diga que não passou a noite bebendo — pediu, tirando o copo da mão de Poliziano.

            — Sabia que está se tornando como a mamãe mais e mais todos os dias? — perguntou Lorenzo, provocando-a.

            — Nós temos que voltar a Florença até o pôr do sol — declarou, ignorando a frase anterior do irmão. — Papai tem algo a lhe contar, Lorenzo, pelo o que eu ouvi.

            — É mesmo? E o que seria tão importante?

            — Caso eu tenha ouvido corretamente, algo relacionado aos da Vinci — respondeu Biaca, tomando o copo de Poliziano mais uma vez e o repreendendo com o olhar.

            — Da Vinci? — repetiu Sandro, entusiasmado. — Como em Leonardo da Vinci.

            — Ou como Ambrosia da Vinci? — completou Poliziano, interessado no rumo que a conversa estava levando. — Há muitos rumores envolvendo a irmã de Leonardo.

            — Quais, por exemplo? — perguntou Sandro, Lorenzo e Bianca querendo saber o mesmo.

            — Dizem que ela enlouqueceu — começou. — Uma noite, Ambrosia da Vinci teve um ataque de pânico e dizem que ela pintou uma obra tão macabra que teve que ser trancafiada no porão da Igreja, já que não conseguiram queimar a tela.

            — Por que não conseguiram? — questionou Lorenzo, enchendo o copo novamente. — O que ela pintou?

            — A tela não pegou fogo, simplesmente. Dizem que a queimaram durante sete dias, e em nenhum momento ela foi dizimada — respondeu Poliziano. — As pessoas que viram foram proibidas de falar sobre a obra, ninguém sabe ao certo o que era.

RENAISSANCE 𖠷 𝐋𝐨𝐫𝐞𝐧𝐳𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐝𝐢𝐜𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora