O jantar está Servido

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03/08/2007, Guanambi, BA— Isso que você fez é crime! — Acusou o vizinho —— E daí? — Disse Osvaldo —— Isso não vai ficar assim! — Disse no vizinho —— VOCÊ VAI FAZER O QUE? — Desafiou Osvaldo —Osvaldo era o típico valentão do bairro, falava alto, xingava e às vezes até agredia fisicamente. Ele se achava o dono do pedaço, abusando da covardia dos vizinhos que não tinham coragem para enfrentá-lo. Certa vez, ele matou o cachorro de João afirmando que esse estaria entrando em seu quintal, João ameaçou prestar queixa, mas Osvaldo não pareceu se importar e ainda debochou. No final das contas, João acabou desistindo de fazer a denúncia porque sua mulher temia uma possível vingança por parte de Osvaldo. Em outra ocasião, Osvaldo agrediu seu vizinho Sebastião com socos, afirmando que esse estaria espionando sua esposa através da cerca que separava o quintal de sua casa e a rua. Sebastião jurou que não estava espionando nada, apenas estava passando pela estrada próximo à cerca da casa de Osvaldo quando a correia de sua sandália se soltou, então Sebastião parou para encaixar a correia novamente. O medo que as pessoas tinham de Osvaldo aumentou depois que surgiram boatos de que ele teria cumprido nove anos na penitenciária Lemos de Brito por ter matado um homem em Riacho de Santana. Eu nunca gostei desse sujeito, não pelo que ele fazia com os vizinhos, isso não me importava, eu não ia com a cara dele por ele ser muito espaçoso. Ele estacionava o carro quase no meio da rua atrapalhando a passagem, quando precisava de terra para fazer alguma obra em sua casa, ele escavava a rua deixando buracos, isso sem falar na sua pose de poderoso chefão, sentado em um banquinho na frente de sua casa com os braços cruzados sobre a pança, olhando com o nariz empinado para todos que passassem. Num final de tarde de sábado, eu estava sem ter o que fazer, então peguei minha bicicleta e fui dar umas voltas. Quando passei perto de um campinho de terra onde alguns rapazes jogavam futebol, parei a bicicleta próxima da linha branca que delimitava o campo e me encostei em uma árvore próxima para assistir. Eu não aprecio futebol, mas como naquele dia eu estava muito entediado, acabei indo parar naquele ambiente onde eu não entendia qual era o propósito daquele jogo, normalmente jogos são criados para divertir e dar prazer aos jogadores, mas o futebol não parece cumprir seu papel, pois os jogadores pareciam estar sempre com raiva e ficavam xingando uns aos outros. Talvez a culpa não seja do jogo, mas sim dos jogadores. Eu estava quase indo embora, quando escutei Osvaldo esbravejando furioso porque um dos caras do time dele não fez o passe e arriscou de longe um chute direto para o gol. O goleiro fez uma ótima defesa e a bola veio rolando até parar junto à roda traseira da minha bicicleta. Osvaldo veio caminhando pesadamente na direção da bola, ele estava tão suado que os pelos de seu tórax estavam escorridos, dando-lhe uma aparência ainda mais grotesca. Ele olhou para mim com um olhar de predador, como se desejasse o meu sangue. Eu continuei encostado na árvore de braços cruzados enquanto ele se aproximava como um touro enfurecido. Usando o pé direito, ele afastou a bola da roda da minha bicicleta, depois me encarou, sem tirar os olhos de mim, ele chutou minha bicicleta, derrubando-a próxima aos meus pés — AQUI NÃO É LUGAR DE DEIXAR BICICLETAS! — Disse ele —— Me desculpe, senhor, eu não percebi que estava atrapalhando. — Falei —Ergui minha bicicleta do chão e fui embora ouvindo algumas risadas dos jogadores, "Osvaldo acabara de assinar sua sentença de morte". Nos dias que se seguiram, eu discretamente observei a rotina de Osvaldo, de segunda à sexta, ele saía de casa às 06:30 da manhã para trabalhar e retornava por volta das 05:30 da tarde. Nos fins de semana ele gostava de cavalgar pelas estradas que davam acesso à zona rural. Num domingo de manhã bem cedo, segui minha presa de bicicleta, enquanto ele andava a cavalo. Ele seguia por uma estreita estrada de terra cercada por mato na parte baixa do bairro e finalizava saindo na parte alta em uma larga estrada com algumas casas próximas. No meio do caminho ele parava, descia do cavalo, abria uma porteira que levava a uma cocheira, lá ele deixava o cavalo bebendo enquanto lavava o rosto em uma torneira próxima, depois deixava o cavalo pastar um pouco enquanto ele descansava sentado embaixo de uma 14Gameleira. Ao redor só havia uma casa velha em ruínas, após estudar o local escondido atrás de uma moita, dei meia-volta e fui para casa dar início aos preparativos. Na segunda-feira, fui ao centro para comprar os materiais necessários: um pedaço de tela de alambrado de 2,5 metros de comprimento por 2 de largura, um balde de plástico de 20 litros, um mine carretel de linha de pesca, uma agulha grossa de 13 centímetros, 20 metros de fio de cobre marrom e por fim, 3 frangos já tratados. Já em casa, enchi o balde com água até a metade, pus os 3 frangos dentro depois fui até a esquina onde o lixo da vizinhança era depositado. Utilizei um graveto para perfurar o fundo de um dos sacos de lixo e deixei que o chorume fosse derramado dentro do balde, repeti esse processo mais três vezes e depois levei o balde para cassa abandonada. Lá, escondi o balde dentro de um velho forno de adobo ao lado da casa, coloquei umas tábuas na boca do forno para evitar que cachorros ou outros animais carniceiros roubassem meus frangos. Duas semanas depois, num domingo, acordei de madrugada, peguei minha mochila com o equipamento e fui aguardar minha vítima no seu lugar predileto. Já no local, peguei o restante do material que estava devidamente escondido no mato, pus minhas luvas isolantes de alta tensão, cortei os fios elétricos que alimentavam a bomba d'água e emendei nos 2 pedaços de fio de cobre de dez metros cada, levei os fios paralelos com o caminho até o seu limite. Desenrolei o pedaço de tela de alambrado sobre o caminho e para deixá-lo rente ao solo, coloquei algumas pedras nas extremidades, depois cortei a tela ao meio deixando um espaço de 5 centímetros entre as partes, cobri cuidadosamente a tela com uma fina camada de areia deixando-a imperceptível, fiz o mesmo com os fios. Por fim, emendei um fio em cada pedaço de tela e fiquei aguardando o cavaleiro, escondido atrás da cocheira. O sol já estava relativamente alto quando ouvi o som dos cascos do cavalo batendo no solo, fiquei em posição estratégica espiando agachado atrás da cocheira. Osvaldo parou diante da porteira, desmontou e a abriu, conduziu o cavalo para o lado de dentro puxando-o pelas rédeas, fechou a porteira e montou novamente, deu uma violenta esporeada no cavalo que disparou pelo caminho... quando os cascos do equino encostaram na tela energizada ele caiu derrubando Osvaldo que rolou para fora do limite da tela. Nesse momento eu já estava a menos de cinco metros de Osvaldo, que ainda estava atordoado e tentava se levantar, quando cheguei perto o suficiente falei:— AQUI NÃO É LUGAR PARA DEIXAR CAVALOS! — Disse eu —Eu o agarrei por trás e pressionei um pano encharcado de clorofórmio contra seu nariz, Osvaldo resistiu! Empurrou meu braço direito retirando-o de seu rosto, me deu uma cotovelada nas costelas, me afastei, ele avançou em minha direção, mas caiu, tentou se erguer, mas tombou novamente devido à quantidade de clorofórmio que havia inalado. Ele tentou mais uma vez ficar de pé, mas eu o empurrei, derrubando-o de costas no chão, rapidamente coloquei o pano eu seu nariz novamente. Ele segurou em meus braços tentando se livrar, mas já não tinha tanta força como antes, fiquei pressionando até ele desfalecer. O cavalo continuava sendo eletrocutado e uma fumaça branca começava a emanar de seu corpo, esperei um pouco e então cortei os fios utilizando um alicate, depois religuei os fios na bomba d'água, recolhi os pedaços de tela e fios e levei para a casa velha. Arrastei Osvaldo pelas penas até o interior da casa, usei os fios de cobre para amarrar suas mãos e pés, em seguida fui para a parte mais difícil! Amarrei uma corda de mais ou menos 3 metros em volta do pescoço do cavalo e amarei a outra ponta em um pedaço de madeira roliça com mais ou menos um metro, experimentei puxar, mas mal consegui fazer o cadáver do quadrúpede se mover. Essa tarefa levou muitas horas, eu tive que conseguir várias estacas roliças, 23 no total, posicionei todas elas no chão, perto do cadáver, cada estaca ficava uns 20 centímetros uma da outra. Comecei a puxar, essa parte foi dura, tive de forçar a carcaça para cima das primeiras estacas, eu fazia muita força e obtinha quase nada de resultado, mas não havia outro jeito. Após bastante tempo, eu finalmente consegui colocar aquele peso morto sobre a esteira de estacas, nesse ponto as coisas ficaram um pouco mais fáceis, continuei puxando, cada vez que a esteira chegava ao fim, eu recolhia as estacas que ficavam para trás e posicionava-as na frente. Durante o percurso eu precisava parar para reposicionar as estacas, pois não havia como eu puxar o cavalo em linha reta, até mesmo porque eu não podia ficar sobre as estacas para puxar.Depois de muito suor derramado, consegui arrastar o cavalo até à porta da casa velha, tive mais trabalho ainda para passar com o cavalo pela porta que era muito estreita. Finalmente, com os dois animais dentro da casa, pude começar os trabalhos, fechei a porta, tirei algumas velas da mochila e acendi, virei de cabeça para baixo deixando que um pouco de parafina liquida escorresse e pingasse em uma tábua velha, acendi 3 velas que foram suficientes para iluminar o lugar. Costurei a boca de Osvaldo com a linha de pesca, retirei meu facão da bainha e abri a barriga do cavalo, uma grande quantidade de sangue escorreu pelo piso da sala. Tive que quebrar algumas costelas para aumentar o espaço, arranquei as vísceras, o estomago e demais órgãos deixando o interior do animal oco. Retirei as roupas de Osvaldo e fiz vários cortes superficiais em todo o seu corpo. Como eu tinha esquecido de pegar o balde no forno, abri a porta com cuidado espiei para ver se não havia ninguém por perto, fui até o forno, retirei as tábuas que fechavam a entrada e senti o maravilhoso aroma de putrefação. De volta ao interior da casa, perfurei o ânus do cavalo para aumentar o espaço, despejei a mistura pútrida e cheia de larvas dentro da barriga do cavalo, enfiei a pernas de Osvaldo por dentro do cavalo de forma que elas saíssem pelo ânus, coloquei o resto do corpo de Osvaldo para dentro do cavalo deixando suas mãos amarradas para trás, passei a corda ao redor do cavalo fazendo um laço, puxei com bastante força pare que as partes da barriga do animal se fechassem em torno de Osvaldo, amarrei com um nó bem apertado e comecei a costurar a barriga do cavalo até deixar apenas a cabeça de Osvaldo de fora. Fiz alguns furos no corpo do cavalo e despejei o restante do conteúdo do balde em cima, depois recolhi todos os meus utensílios e saí discretamente da casa. Segui para uma área de mato, troquei de roupa e de calçados, juntei tudo com mato seco e botei fogo. Três dias depois, fui até o local checar meu trabalho... quando entrei pela porta uma nuvem de moscas levantou voo na sala, aproximei-me da escultura viva. As larvas estavam comendo a carne do corpo através dos cortes nas partes que estavam do lado de fora, os olhos tinham sido completamente comidos por larvas, formigas e insetos. Empurrei a cabeça com o pé e ele se mexeu e começou a gemer, fiquei agachado ao lado do monumento observando as larvas fazerem seu belo trabalho enquanto as moscas emitiam seu som característico. Depois de observar por um longo tempo, saí pela porta e a fechei.

Diário de um PsicopataOnde histórias criam vida. Descubra agora