Prólogo

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Camila

Você alguma vez já parou em algum momento de sua vida e se perguntou: "Como é que eu vim parar aqui"?

Eu tinha sentido isso três vezes no decorrer das últimas horas. A primeira, foi quando eu cheguei naquela noite em uma das festas da empresa.

Eu simplesmente não compreendia a necessidade de obrigar pessoas que, em sua maioria, não tinham qualquer afinidade umas com as outras, a participarem de um evento como aquele.

Se já é algo desagradável em empresas pequenas, nas grandes se torna insuportável. Aquele monte de gente desconhecida, música chata, comida ruim e chefes de setores fazendo seus discursos já bêbados e completamente descartáveis.

Porém, eu sabia bem o que eu estava fazendo ali. Daquela vez, era mais do que uma simples obrigação para manter o meu emprego. Haveria o anúncio de algumas promoções, e eu tive a ilusão de que meu nome estaria naquela lista.

Mal cheguei ali e descobri que estava completamente enganada.

O segundo questionamento tinha vindo com relação à minha própria vida profissional. Eu era uma arquiteta formada, com pós-graduação e mestrado, tinha sido uma das melhores alunas da minha turma e sabia bem o quanto era boa no que fazia. Quando entrei naquela empresa para assumir um cargo de assistente, achei que seria apenas o primeiro degrau da minha escalada rumo ao sucesso.

Dois anos e sete meses depois... eu ainda me mantinha na mesmíssima posição. Enquanto isso, meu superior direto, Antônio, havia sido recém-promovido a um cargo mais alto usando para isso os meus projetos. Levando o crédito pelo meu trabalho.

Aquela festa, aliás, era também para comemorar isso.

E eu tinha comprado o vestido mais bonito que meu salário poderia pagar, acreditando que fosse eu a levar aquela promoção. Foram o gasto e a ilusão mais odiosos da minha vida.

Quando o ouvi junto a um grupo de executivos se gabando de sua nova posição foi que eu peguei a primeira taça de champanhe de um garçom que passava por mim na hora. Foi a primeira e ainda tímida dose de álcool da noite.

A festa acontecia no saguão de um hotel mega luxuoso, com uma decoração tropical. Além de uma pista de dança, mesas e do bar, o espaço era preenchido com estandes semelhantes a quiosques de praia, vendendo coisas tipo água de coco, espetinhos de camarão e todo o tipo de artesanato.

Eu é que não pretendia gastar um mísero centavo ali. Já tinha gastado demais com aquele vestido, e agora queria apenas aproveitar o bufê liberado e o open bar para tentar recuperar um pouco do prejuízo e afogar as mágoas.

O bufê era de altíssima qualidade, o que me fazia pensar na afronta que era todo aquele gasto com algo tão inútil quanto uma festa de empresa. Eu só pretendia ficar por ali por meia hora, só o tempo de ser vista por todos, e então eu iria embora, para a minha casa, onde o meu gato me esperava para passar a noite juntinho comigo.

Nota: meu gato de verdade. Nada de homens na minha vida. Eles eram sinônimo de problema. E de problemas já me bastavam os que aquela empresa dos infernos me proporcionavam.

Eu já estava me preparando para ir embora, quando o babaca do Antônio chamou para si a atenção de todos, iniciando um discurso sobre sua promoção. E daí, uma parte muito masoquista de mim decidiu ficar para se torturar com aquilo, enquanto eu pensava em de quantas formas eu poderia matar aquele idiota.

Foi então que eu decidi que o champanhe já não me bastava e que eu precisava de algo mais forte. Fui para o bar e iniciei realmente a minha noite de grandes equívocos.

Acordei Noiva do meu Chefe [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora