Capítulo 2

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Camila

Eu nem sabia direito como tinha conseguido chegar em casa. Só o ato de colocar o meu próprio endereço correto no app do UBER já era um feito e tanto para alguém com uma ressaca tão avassaladora como a minha. Tudo ao meu redor parecia girar continuamente, ao mesmo tempo em que minha própria mente dava voltas ao redor de si mesma para tentar conectar os últimos acontecimentos, e sempre encerrava na mesma frase.

Eu tinha acordado nua, na cama de um quarto de hotel, ao lado do meu chefe.

Quantos questionamentos diferentes poderiam girar em torno dessa informação? Eu sequer sabia o que deveria fazer depois daquilo.

Bem, a lógica me mandava apenas seguir vivendo a minha vida, já que nada do que eu fizesse a partir daquele momento teria o poder de mudar o passado.

Olhando pelo lado bom: meu chefe não era de maiores interações com seus funcionários. Nós mal o víamos, para falar a verdade. Seria bem simples retornar para o trabalho como se nada tivesse acontecido, porque eu fatalmente nem voltaria a vê-lo. E, se me visse, as chances de ele sequer me reconhecer eram enormes.

Ele não me reconheceu nem mesmo ao acordar ao meu lado, aliás. O que mais eu poderia esperar?

Além do mais, virgindade era algo meio superestimado. E daí que eu nem fosse capaz de me lembrar da minha primeira vez? Construiria boas lembranças a partir da segunda.

Algum dia... Sei lá quando... Eu não tinha pressa, porque estava focada em coisas mais importantes na minha vida.

— Tão focada que enchi a cara e dei pro meu chefe... — resmunguei, enquanto enfiava a chave na fechadura da porta do meu apartamento.

Ao entrar na sala, fui recepcionada pelo Tapioca, meu gato branco. Como de costume, ele veio esfregar seu corpo nas minhas pernas e soltou um miado.

— Shiu, Tapioca! — pedi, sussurrando. Abaixei-me no chão, pegando-o no colo e voltando a me levantar. — Vovó ainda deve estar dormindo.

Não por muito tempo, eu sabia. Eram quase oito da manhã e ela logo estaria de pé para abrir sua livraria às nove.

Enchi o potinho de comida do Tapioca e corri para o meu quarto, apressando-me em pegar roupas limpas e ir para o banheiro tomar um banho. Depois da bebedeira – o cheiro de álcool parecia escapar por todos os poros do meu corpo – e do que eu tinha feito na noite passada, eu precisava demais daquele banho.

O que eu tinha feito...

Que droga, tudo no meu corpo parecia estar do mesmo jeito do dia anterior. Eu não sentia qualquer diferença. Nada estava doendo – além da minha cabeça, claro. Mais uma coisa que servia para anular completamente aquela 'primeira vez' da minha vida.

Saí do banheiro e fui para a cozinha, indo direto até a geladeira pegar um copo de água, que virei goela abaixo como se tivesse acabado de retornar de um tour pelo deserto. Fazia o mesmo com o segundo copo, mas sobressaltei e quase me engasguei com a voz que chegou de súbito aos meus ouvidos.

— Acordou cedo em um sábado, Mila.

Olhei para a minha avó que entrava na cozinha naquele momento, e me senti como uma fugitiva da polícia.

— Ah... é que... eu perdi o sono. — Sono era o que eu mais sentia naquele momento.

— Mas você voltou tão tarde da festa. Acabei dormindo e nem vi que horas você voltou, aliás.

— Ah... Nem era tão tarde assim. A festa estava bem chata. Como toda festa de empresa, não é?

— Ah, mas essa não foi tão chata assim, porque anunciaram nela a sua promoção, não foi? Me conta, meu amor, como foi?

Acordei Noiva do meu Chefe [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora